Reputação de Maranhão e Nilvan despenca no fundo do poço
O senador José Maranhão, pela sua trajetória de lisura, não merecia encerrar sua vida pública de forma tão degradante, cercado de tanta suspeita e de gente tão rasteira. No crepúsculo de vida tão exemplar, quando e onde conseguiu se manter a margem de tantos escândalos, jamais citado ou envolvido em episódios nebulosos, para orgulho dos paraibanos, encerra sua carreira pisando na lama da corrupção.
Mesmo ocupando cargos, os mais relevantes da vida pública estadual e nacional, desde sua estreia como um jovem deputado, Maranhão soube manter a postura de dignidade que o recomendava a confiança do eleitor. Em razão disso, causa estranheza, agora, iniciando sua despedida da ribalta, apresentar-se como Jesus Cristo se apresentou na cruz – entre malfeitores.
A operação policial que trouxe a tona supostas irregularidades no Departamento Nacional de Obras Contra a Seca despeja no poço sem fundo da corrupção a reputação ilibada do ex-governador paraibano ao revelar os sombrios caminhos da corrupção até então nunca trilhados pelo impoluto líder de Araruna, e que agora expõe familiares como irmã e sobrinho respectivamente Vilma Maranhão e Benjamin Maranhão, além de Alberto Gomes, coordenador de campanha do seu afilhado político, Nilvan Ferreira, cuja trajetória nebulosa já seria suficiente para qualquer homem de bem como Maranhão manter distância.
Ao ser despejado nesse poço sem fundo que revela a Operação deflagrada nesta quarta-feira pela Polícia Federal, Maranhão desce do panteão onde a opinião pública o reverenciava por tanto tempo e extingue o discurso moralista do ex-senador Cassio Cunha Lima, que acusava o ex-amigo e companheiro de jornadas politicas, Cícero Lucena, de ter-se bandeado para o lado da organização criminosa, comandada pelo ex-governador Ricardo Coutinho, alijado da disputa eleitoral pelo repúdio popular.
Expõe também com o envolvimento de pessoas tão intimamente ligadas a ele (Maranhão), a hipocrisia cretina de seu candidato a prefeito em João Pessoa, Nilvan Ferreira, célebre pelas ações de chantagem e extorsão a supostos envolvidos em bandalheiras com o dinheiro público, recorrendo a força do espaço radiofônico que comandava e de onde partiu para a aventura de ser prefeito da capital.
Na reta final de campanha, o escândalo destrói definitivamente a reputação do ilibado Maranhão e leva junto para o fundo do poço do descrédito a candidatura rasteira de um aventureiro que se embuçou na demagogia para trocar a cabine de rádio pela cadeira de prefeito.
Não há como não lamentar o crepúsculo público de José Targino Maranhão que, do alto de sua experiência não soube enxergar tanta devastação moral ao seu redor e não hesitou em emprestar sua vida honrada para alavancar as nulidades que hoje estão mergulhadas de ponta cabeça no poço fundo do descrédito.
Podia ter ido para casa envergando o pijama da probidade.
Veja abaixo os detalhes da operação que desmoronou a reputação do senador e de seu candidato a prefeito:
Dois dos alvos da Operação Poço sem Fundo, deflagrada na manhã desta quarta-feira (25) para apurar o desvio de recursos públicos destinados à perfuração de poços e implantação de sistemas abastecimento de água na Paraíba, foi o ex-deputado federal, Benjamim Maranhão, sobrinho do ex-senador José Maranhão, e Dona Wilma Maranhão, mãe de Benjamin, irmã de Maranhão e ex-prefeita de Araruna.
Além de Benjamim, a PF também mira na operação o presidente do Diretório Municipal do MDB em João Pessoa e Coordenador Estadual do DNOCS na Paraíba, Alberto Gomes, conhecido como “Esquerdinha”. Esquerdinha é coordenador da campanha do comunicador Nilvan Ferreira em João Pessoa.
Entenda o caso
A investigação teve início a partir de inquérito instaurado pela Polícia Federal para apurar contratações indevidas promovidas pela Superintendência Regional do INCRA/PB, culminando na realização de fiscalização por parte da CGU, sendo constatada vinculação familiar, financeira e empresarial entre as empresas investigadas, com indícios de direcionamento de contratos firmados, sobreposição dos serviços contratados pelo INCRA/PB com os serviços contratados por outros órgãos, como DNOCS/PB e a Prefeitura de Araruna/PB, já que, em período contemporâneo, as empresas investigadas realizaram serviços similares para os três órgãos, via contratações diretas, por meio de dispensas de licitação.
As dispensas de licitação e os contratos investigados totalizam o montante aproximado de R$ 75 milhões. A investigação aponta, também, para a prática de superfaturamento dos contratos, atos de corrupção passiva e ativa, e de lavagem de dinheiro, mediante utilização de contas bancárias de empresas interpostas, para dissimular a movimentação financeira.
Com a realização da fase ostensiva da Operação, além da reversão ao erário dos valores pagos indevidamente, busca-se responsabilizar os servidores envolvidos nas irregularidades e a punição de todos os envolvidos nas situações investigadas.
Redação com portais