Debate da Correio revela o despreparo dos candidatos a prefeito da capital
O último debate promovido pelo Sistema Correio de Comunicação com os candidatos a prefeito de João Pessoa não traz nada de novo e os temas e propostas recaíram na mesmice de sempre com velhas promessas para Educação, Segurança, Saúde e Desenvolvimento mostrando a pouca profundidade de conhecimentos dos debatedores.
Nenhuma ideia nova muito menos revolucionária para uma cidade que cresce, vertiginosamente e verticalmente, apresentado novos e complicados problemas, até agora sem solução e sem qualquer projeto de planejamento para corrigir essas distorções, gravíssimas, que se avolumam sem controle e sem solução a curto prazo.
Nenhuma alusão ao trânsito caótico, de congestionamentos gigantescos na hora do rush, nada sobre alternativas para transportes coletivos, que atendam a demanda da população; quase nada sobre a conservação do extraordinário patrimônio histórico e ambiental apenas referências a falésia do Cabo Branco, que se desmancha soterrada pelo volume de promessas e ações até agora incapazes de mantê-la viva.
João Pessoa há muito deixou de ser uma cidade horizontal por onde a brisa do mar corria solta até se encontrar com as virações dos rios que a margeiam no poente, como também deixou de ser uma cidade mais vegetal do que urbana – na definição de Zé Américo – perdendo aquela condição de cidade cuja cobertura verde a colocava entre as mais vegetais do planeta.
Nada nenhum projeto nenhuma ação para recuperar essa condição de cidade vegetal, onde a cultura do verde estava na alma de qualquer morador sempre preocupado em plantar uma muda em seu quintal.
Não se sabe de projetos que estimulem a retomada dessa cultura que tanto distinguiu a João Pessoa das acácias, dos flamboyant amarelos, roxos e vermelhos, das suas mangueiras e jambeiros, que enfeitavam suas ruas.
Nada desse passado vegetal, que o progresso vem engolindo com voracidade, encontra ressonância nas propostas vazias e demagogas dos candidatos.
Eles não conhecem a alma dos moradores, não conhecem a importância do verde para uma cidade que sempre foi verde e nem mesmo a candidata do Partido Verde valoriza essa tradição do pessoense, o que fica bem claro na falta de ações do prefeito Luciano Cartaxo: ele em oito anos, nunca desenvolveu uma politica de preservação e expansão do verde na capital.
João Pessoa cresceu nesses últimos 50 anos sem essa noção de sua melhor tradição: o verde como cobertura, como característica de um povo que amava plantar no seu quintal antes mesmo de construir.
Nada disso se ouviu no debate de ontem e a cidade continuará crescendo e perdendo o interesse pelo seu rico e incomparável patrimônio histórico e ambiental.
Uma das primeiras cidades do Brasil, João Pessoa tem no seu centro o registro de um passado rico na arquitetura e em fatos, onde seus heróis foram executados como vingança da Coroa contra suas posições nacionalistas.
Sequer um marco muito menos uma placa registra essas execuções sumárias e cruéis, onde o espirito nacionalista foi garroteado.
Muito menos a preocupação em preservá-los faz parte das propostas de candidatos, despreparados e ignorantes sobre a importância dessa história tão dignificante.
O ambicioso projeto de restauração do Porto do Capim não engrossou o debate e o que podia ser a redenção da história inicial dessa cidade de mais de 400 anos sequer abordado mesmo que superficialmente pelos embrutecidos candidatos.
Resumindo: um debate estúpido e enjoativo onde o despreparo e a demagogia deram a tônica.