A vacina, João, Bolsonaro e a Velhinha de Taubaté
O primeiro lote da vacina contra o coronavírus provocou um sopro de esperança na população paraibana, apesar do número irrisório destinado ao estado onde apenas 114.846 doses serão aplicadas prioritariamente em quem trabalha na linha de frente de combate a pandemia.
Indígenas e pessoas idosas também serão contemplados, mas o numero de vacinados é muito pequeno, quase irrisório diante da população paraibana estimada em 4 milhões de pessoas, o que significa que seriam necessários 8 milhões de doses para proteger os paraibanos do coronavírus.
Uma diferença gritante entre a necessidade e a realidade cruel que a insensibilidade do Governo Federal produziu ao se entreter em menosprezar a vacina chinesa e deixar de adquirir um volume que se aproximasse do ideal quando se sabe da disparidade entre o adquirido e o necessário – 6 milhões de doses para uma população de 210 milhões de indivíduos sabendo-se que, cada um terá que tomar duas doses, o que dá um total de 420 milhões de doses.
Mesmo diante de escassez tão escandalosa, que aponta para um desleixo criminoso, o fato de a vacina ter chegado em solo paraibano nos reporta a um personagem celebre do humor nacional que fez furor na época da ditadura – a Velhinha de Taubaté, uma criação literária do inspirado Fernando Veríssimo.
Num cenário de contradições, onde o desempenho de governantes se choca, quando devia compartilhar, acreditar se torna coisa imperiosa para que o combate a pandemia não fuja ao controle.
E ninguém acreditou mais do que a Velhinha de Taubaté; ela que nunca duvidou de nenhum Governo mesmo os mais ilegítimos.
E acreditar é o que tem feito e demonstrado o governador paraibano, João Azevedo, desde que decidiu priorizar a vida, enfrentando as dificuldades sem medo de críticas e do arreganhar de dentes manifestados pelos setores mais recalcitrantes, localizados no entorno do presidente.
Sem abrir mão das medidas restritivas, consideradas indispensáveis no combate a pandemia, João se posicionou com firmeza diante do alarido produzido pelos incrédulos na capacidade de contaminação da doença e não declinou das providencias sanitárias que as autoridades de saúde de todo mundo impuseram.
João tem revelado a prudência que faltou ao colega amazonense e recusou a temeridade que tem guiado os passos de Bolsonaro mantendo o pulso firme nos quesitos precaução e cautela acreditando que não se pode dispensar a prevenção no combate ao vírus.
Como consequência dessa postura do governador expressiva parcela da população paraibana acredita e aplaude suas ações, depois de testemunhar a tragédia de Manaus, onde o desleixo e a demagogia produziram o caos na saúde do Amazonas numa parceria em função da incompetência.
Enquanto isso, a Paraíba mantém sob estrito controle a doença e vê os indicadores recuando a cada dia comprovando que foram acertadas as medidas restritivas implantadas por João Azevedo.
E mesmo diante da insuficiência de doses destinadas ao estado – afora pequenos núcleos de oportunistas sempre disposto tirar proveito do infortúnio alheio -, o paraibano revelou maturidade para compreender que não cabe ao governador a responsabilidade pela escassez das doses.
Nesse cenário de confiança acreditar é preciso criticar não é preciso e assim vem à lembrança a Velhinha de Taubaté, que nunca deixou de acreditar mesmo em governos cuja insensibilidade colocava em risco a vida humana.
Ela foi o símbolo da confiança dos brasileiros num dos momentos mais tenebrosos da história nacional e nunca deixou de acreditar mesmo quando o irmão do Henfil não estava aqui.
Se viva fosse, pois morreu em 2005, por decisão de seu criador, a Velhinha de Taubaté estaria esperando e acreditando que Bolsonaro deixaria de lado suas divergências ideológicas com os chineses e definiria Dia e Hora para completar os lotes de vacina que estão faltando.
Junto com ela, João Azevedo, que nunca cessou de acreditar que a vida é prioridade de qualquer Governo.