Juliete não tem igual e deve ser nomeada embaixatriz do turismo paraibano
Um palpite aparentemente infeliz do deputado estadual Ricardo Barbosa mexeu com uma caixa de maribondos dependurada num setor do Estado cujo desempenho em prol da divulgação do nosso potencial turístico sempre suscitou polêmicas, envolvendo empresariado, jornalistas e tudo mais que se relacione com a atividade, que em muitos locais do mundo é responsável pela grandeza e apogeu da economia.
O estado já teve momentos de expectativa de crescimento no turismo desde quando projetos arrojados, verdadeiramente redentores, como o Costa do Sol, idealizado na década de 80, nos governos de Wilson Braga e Tarcísio Burity, traria em tese para a capital paraibana, as mais importantes redes hoteleiras do mundo.
40 anos depois, o projeto continua apenas projeto e o que foi implantado de infraestrutura ao relento ou então desviado para outras plagas, sem que um só tijolo tenha sido colocado na sapata dos tão pretendidos hotéis, cujas redes evadiram-se para terrenos mais promissores, onde a ação de governos não se manifestasse como empecilho ou entrave ao turismo na escandalosa defesa de interesses nebulosos, que redundaram em conflitos e disputas judiciais.
Toda essa política de tornar privado o que é construído com dinheiro público afetou consideravelmente a capacidade de competir da Paraíba com os demais estados nordestinos, e ela foi ficando para trás e seu potencial entregue às moscas e também à perpetuação em cargos públicos como se ainda vivêssemos no tempo das capitanias hereditárias.
Não há como esconder esse atraso, porque a realidade mostra que não somos competitivos em termo de turismo, apesar do enorme potencial ainda adormecido desperdiçado pela indolência de quem se acha insubstituível e de quem se cerca de adoradores para se manter no altar das igrejinhas, eternizando-se em cargos, que deviam ser renovados com o resultado das urnas e arejados para que outras ideias fossem testadas e um novo ânimo impulsionasse setores como o turismo realmente estagnados pela perpetuação inexplicável e injustificada.
Somos realmente uma passagem e só a beleza natural que nos enriquece e faz de orlas como as do litoral sul um atrativo imperioso, ou então a bucólica paisagem de uma capital como João Pessoa, com todos os aromas de uma província misturados à fragrância das metrópoles para atrair o turista curioso e passageiro, que muitas vezes resolve voltar para morar definitivamente nesse paraíso de luzes e cores, seduzido pela vida contemplativa que a capital paraibana oferece, ou então pelo dinamismo que cidades como Campina Grande podem ofertar.
Não temos nem nunca tivemos uma politica de turismo no Estado: nada além de campanhas pontuais e esporádicas para alimentar certos setores da igrejinha e agitar suavemente um celeiro de oportunidades que exige mais vigor e mais visão para espantar o mofo que a perpetuação reveste e espalha sobre tudo que não tem movimento e agilidade.
Temos muito mais viagens a recreio de um trade ocioso e festivo, que vive ao redor e a aplaudir quem devia acionar as turbinas para diminuir a distancia entre os demais destinos da região e do país.
Temos uma diversidade de atrações que vão de eventos da magnitude de um São João ao nosso patrimônio rupestre com destaque para as Itacoatiaras, escritas que até agora não foram decifradas e que atraem a atenção de estudiosos do mundo, passando pelo vale dos Dinossauros, onde pisadas desses monstros pré-históricos deixaram registros em nosso solo sertanejo, mas nada disso nos distingue no cenário turístico, o que revela que alguma coisa está errada na condução desse setor.
Temos poesia, temos literatura, temos músicas e músicos célebres, temos vultos que fizeram história desde os tempos da colonização aos rompantes de independência e liberdade e nada disso contribui para sermos um destino cobiçado.
Temos o destino turístico mais conhecido do Brasil e um dos mais procurados do mundo – a praia de Tambaba, entregue ao abandono e ao descaso, servindo apenas de objeto de tramoias de gente sem pudor cujos tornozelos estão enfeitados e que estiveram a frente do turismo por muito tempo, tratando de interesses pessoais, que passavam pela privatização da praia.
Mesmo totalmente abandonada sem qualquer infraestrutura deixada ao relento de propósito para ser entregue à cobiça de espertalhões, já devidamente recolhidos ao xadrez por efeito de uma investigação sem relação com o turismo, mas que pode ter salvo a joia da coroa.
Mesmo debaixo de tanta agressão, palco da luxúria desenfreada por falta de fiscalização e controle do Poder Público, Tambaba sobrevive pela força do seu poder místico como berço de religiões indígenas, que devem estar se manifestando para salvá-la da maldade de alguns homens brancos e da incúria de certas criaturas, cujas proeminências adormeceram nas cadeiras do poder.
Por tudo isso e mais do que isso, as declarações do deputado não são afrontosas nem injustas: alguma coisa está errado e deve mudar mesmo que provoque histeria em muita gente acostumada as mordomias do poder que não se renova e que faz de Juliete a grande embaixatriz do turismo paraibano, mesmo que emergindo dos pântanos do BB.
Viva Juliete!