João precisa ser determinado para afastar o cálice amargo que RC lhe ofertou; não há como unir o presente a um passado de interrogações
O passado às vezes compromete muita gente quando demonstrações de carinho, amizade e respeito, se confrontam com revelações estarrecedoras, que apontam para estreitas ligações afetivas com quem, mesmo depois de morto e sem poder se defender, se ver envolvido em situações sombrias e nebulosas, como as que foram delatadas pelo ex-servidor Leandro Azevedo em seu depoimento ao Gaeco, revelando a participação do coronel Chaves (falecido), Chefe de Gabinete Militar de Ricardo, na missão de oferecer garantias ao transporte de valores, arrecadados como propina pelo colega Ivan Burity, destinado irrigar o propinoduto socialista.
Em seu depoimento, Leandro faz alusão ao coronel Chaves, afirmando que ele fez a segurança do transporte do volume arrecado por Ivan e trazido em voo fretado para o hangar do Governo do Estado no aeroporto Castro Pinto até a casa do também falecido deputado federal Rômulo Gouveia, em praia Formosa, Cabedelo.
O coronel Chaves não tem mais como se defender, mas está mais enterrado no assunto do que na própria cova, e os respingos do seu envolvimento atingem muita gente que o cortejava em vida pelo prestígio que gozava junto ao ex-governador provavelmente em razão dessas missões secretas, que as investigações do Gaeco desnudaram.
Mesmo morto à participação do coronel Chaves aponta para a incrível capilaridade do esquema investigado comprovando o quanto pode estar contaminado o Governo de João Azevedo dessa herança que lhe foi imposta pela política de continuidade idealizada pelo antecessor como fórmula para continuar influente e determinante na máquina estatal já que, quem substituiu o falecido era da sua inteira confianç,a e a Casa Militar do Governo continua intocada e agindo a vontade como revela o jornalista Heron Cid, ao denunciar que a intimidade do Governado estaria sendo espionada por sua segurança oficial tal o grau de infiltração e ousadia que permanece em atuação e fora do controle de João Azevedo.
Toda essa estrutura comprometida pelo vírus da corrupção pode ser desfeita pelo governador João Azevedo caso resolva agir com celeridade para extirpar os tumores deixados por Ricardo Coutinho em processo de metástase no organismo estatal.
Diante do impacto das revelações, não se pode mais dar continuidade a um esquema que se esfacela moralmente e onde até os mortos comprometem os vivos pelo grau de amizade e parentesco e, acima de tudo pelas estreitas ligações de irmandade e cumplicidade, cujos limites ficam difíceis de estabelecer nesta hora de tantas indagações.
Por tudo o que já foi revelado o que de melhor esses remanescentes do Governo passado deviam fazer era pedir exoneração antes que sejam exonerados por outras razões como as que estão sendo apresentadas pelo Gaeco.
Tem muitos sonhos que devem ser interrompidos, caso o governador resolva ser mais determinado na sua faxina, afastando dele, esse cálice amargo que o antecessor lhe serviu.