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Medicamentos para tratar doenças respiratórias seguem em falta em farmácias da PB

Por Ana Flávia Nóbrega, do jornal A União

(matéria transcrita da edição de hoje, 26)

Tratar pacientes em momentos de alta nos casos de síndromes respiratórias e gripais, doenças sazonais já esperadas pelas entidades médicas, tem se tornado uma tarefa difícil para médicos, pais e responsáveis. Isto porque, as medicações para tratar as doenças estão em falta nas farmácias da Paraíba. A falta ou baixa oferta é motivada pela grande procura dos medicamentos e a falta de matéria-prima para produção dos fármacos.

De acordo com Cila Estrela Queiroga, presidente do Conselho Regional de Farmácia da Paraíba (CRF-PB), a falta não é recente e nem existe previsão para que o problema seja solucionado.

“Esse problema está acontecendo há alguns meses, não só na Paraíba, mas em todo o país. E é motivado pela falta da matéria-prima para a fabricação, quando a China entrou em lockdown, por conta da Covid-19, muitos remédios ficaram sem produção. E por isso não temos uma previsão de quando voltará ao normal”, afirmou a presidente.

Outro problema é a dificuldade da aquisição da matéria-prima, o aumento do preço, em função dessa falta, e a diminuição da capacidade de produção deles, por causa do aumento do custo da produção desses produtos.

Gláucia Paixão precisou passar por uma verdadeira peregrinação para encontrar medicamentos para o tratamento de sua filha, com quatro anos, que apresentou quadro de gripe. Foram mais 15 farmácias visitadas por ela e seu esposo na busca pela medicação para o tratamento da filha.

“A médica, na hora do receituário, informou que não passaria o remédio azitromicina suspensão porque não estava tendo nas farmácias e muitos pais tinham voltado para que ela fizesse a receita, como a amoxicilina com clavulanato de potássio. Então ela me passou uma terceira opção, o cefadroxila que é um antibiótico em suspensão para crianças. Ela disse que a última vez que tinha trocado os outros dois por essa, as famílias não tinham retornado para trocar a medicação. Saindo de lá fui logo nas farmácias, próximas da Epitácio [Pessoa], não tinha em nenhuma. Depois em todas do meu bairro, nos Bancários, e não consegui em nenhuma delas. E aí fui para Mangabeira, fui em todas da rua principal e não tinha. De noite eu comecei a ligar para as farmácias de Mamanguape, porque eu estava disposta a ir comprar lá, mas não tinha e não sabiam informar onde tinha para comprar”, relatou.

A mãe contou a situação no grupo da escola, onde mais pessoas estavam reclamando do quadro de saúde de mais crianças. Após o relato, Gláucia conseguiu encontrar em uma farmácia no Altiplano, que tinha acabado de receber um novo estoque.

“Nas farmácias onde passei, eles falaram da dificuldade de ter essas medicações porque está em falta nas distribuidoras e eles não estavam mais conseguindo pedir”, comentou Gláucia Paixão.

Angélica Soares, proprietária da Redemais Pharma, no bairro de Paratibe, João Pessoa, informou que a maioria dos medicamentos com baixo estoque neste ano existe desde o início da pandemia, no entanto, o quadro teve um agravo desde dezembro, com surto de Influenza.

“A falta de medicamentos é desde o Covid, porém se acentuou em dezembro com o surto de gripe, falta antigripais, antitussígenos, antibióticos em geral, dor e febre. E não temos previsão de chegar, quando chega algo está limitado a dez [unidades] por CNPJ”, afirmou a empresária.

Para tentar driblar o problema, busca-se a substituição dos remédios indicados. Ainda assim, nem sempre há resolução.

“Alguns medicamentos podem ser substituídos, mas temos poucas opções também devido a grande procura. Tipo, podemos substituir dipirona infantil, por paracetamol. Antibióticos não temos como, devido ser prescrição médica. Mas da classe de expectorante, as substituições são várias, porém falta molécula de muitas opções que nos limita a subscrição”, explicou Angélica Soares.

Existem relatos da falta desses medicamentos também na rede hospitalar. No hospital da Unimed, que concentra um maior número de pacientes, o problema da falta de medicamentos, principalmente antibióticos, é notado, mas como um problema geral, que afeta todo o país.

Através da assessoria de imprensa da Unimed João Pessoa ainda não tem enfrentado este problema. Mas recomenda que as pessoas considerem a situação do país e façam o uso racional não apenas de antibióticos, mas de medicamentos de quaisquer tipos; seguindo sempre o receituário e as orientações médicas

Na rede pública, no entanto, o problema na aquisição de medicamentos ainda não é notado, de acordo com informações da Secretaria de Estado da Saúde (SES).

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