Oficial da intimidade do comandante Euller, apadrinhado por Tatiana Domiciano, vê fantasia e delírio nas denúncias sobre espionagem
O Comandante geral da Polícia Militar, coronel Euller, saiu do constrangedor silêncio em que havia se metido desde quando o espião lotado no seu gabinete, surpreendido em missão especial nas proximidades do secretário Jean Francisco, provavelmente operando um aparelho de escuta, foi preso na última quinta-feira.
De forma arredia, em afetada indiferença sobre a aproximação do caso com seu gabinete, mostrando-se disposto averiguar o que um policial militar de folga estaria fazendo nas proximidades do gabinete do seu superior hierárquico, o coronel anuncia com certa relutância que vai instaurar um inquérito para saber o que o policial estava fazendo durante a folga nas imediações do gabinete de Jean Francisco.
Ao tempo em que alardeia providências, o coronel estimula oficiais de sua confiança e de sua estima tratar como fantasiosas as denúncias do secretário pelas redes sociais, nos grupos de militares e também em entrevistas, numa demonstração do quanto é ousado o esquema do comandante e o tamanho da desfaçatez que orienta esse pessoal.
Oficiais da extremada confiança do comandante já se manifestam taxando de fantasiosas e delirantes as denúncias do secretário, mesmo que respaldadas pela prisão do espião feita por sua guarda de confiança, depois que o militar disparou pelas ruas para evitar o flagrante.
Um deles, o tenente coronel Tibério, pessoa da mais intima ligação com a senhora Tatiana Dominicano, a mesma que vem sendo investigada e questionada pelo Tribunal de Contas, e cuja passagem pela Cinep tem um rastro de suspeição e relação com a turma da Operação Calvário; ela teria conseguido as promoções do tenente-coronel junto ao comandante Euler.
Fica mais turvo ainda o episódio depois que o tenente-coronel Tibério taxou de fantasiosas as declarações do secretário numa demonstração de que, a turma da espionagem está em movimento e disposta ao confronto já que não há uma intervenção clara e decisiva do governador até o momento, o que estaria alimentando a ousadia dos espiões do comandante, enfatizando o quanto está repleta de representantes do esquema do coronel a pasta de Jean Francisco, cercado de suspeitíssimos auxiliares a começar pelo executivo cuja pressa para soltar o militar preso pode ter evitado outras revelações tais como o instrumento provavelmente utilizado na espionagem, o velho e desaparecido AIKO.
Palpites como o do tenente coronel Tibério revelam o grau de infiltração dentro do governo e da secretaria e de ousadia onde um subalterno sai a publico para desqualificar uma denúncia gravíssima como a que foi feita pelo secretário, chamado de fantasioso, mesmo diante de tantos fatos e tantas evidências apontando para a rede de espionagem, montada dentro do Governo e supostamente manipulada a partir do gabinete do comandante geral.
Então não foi apenas a intervenção do secretário executivo coronel Lamarck que aliviou a barra do espião: teve também a participação do tenente-coronel Tibério que encaminhou o preso ao comando e depois confessou que, o que mais tem dentro da segurança é agente, numa candura que faz todo mundo de imbecil, inclusive, o secretário visto por ele como fantasioso e delirante.
Não seria apenas a prisão do suspeitíssimo P2 a confirmar a rede de espionagem com evidências de ser organizada e patrocinada pelo Comando Geral da Polícia Militar. Isso estaria contido em relatórios apresentados ao secretário bem antes da prisão do espião P2, e que ficou constatado nessa quinta-feira passada, mas que o tenente-coronel Tibério desconhece provavelmente por não merecer a confiança do secretário.
A intervenção do tenente-coronel Tibério torna ainda mais tenebrosos todos os fatos trazendo para dentro do mundo da espionagem tentáculos da ramificação da organização criminosa, que vem sendo investigada pelo Gaeco, na pessoa de Tatiana Domiciano, a quem ele deveria suas meteóricas promoções e com quem mantém estreitos laços de amizade expondo toda capilaridade da nebulosa carga que João Azevedo herdou.
Tatiana, alvo de investigações que lhe aproxima do esquema onde pontificava entre outros, Ivan Burity, sendo madrinha do oficial que vem desconstruindo abertamente as denúncias do secretário, amplia o leque de suspeitas sobre a extensão do esquema revelado pelo secretário Jean Francisco, já sendo taxado de delirante e fantasioso pelos arautos do comandante, já que ligaria as operações de espionagem ao núcleo socialista investigado pela Operação Calvário, ela uma das mais ardorosas amazonas de Ricardo Coutinho.
Tibério também é carne e unha com o Chefe da casa Militar, tenente-coronel Anderson, pernambucano como ele, e também apontado pelo relatório do serviço de inteligência orgânica da Secretaria como um dos agentes que integrariam a rede de espionagem encarregado de monitorar o governador e sua família.
Anderson seria cria do coronel Chaves morto em acidente e delatado pelo servidor Leandro Azevedo como responsável pela escolta do dinheiro proveniente das propinas todos estreitamente ligados ao ex-governador Ricardo Coutinho mantidos na gestão de João por imposição do ex-governador.