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ColunasGisa Veiga

Perdeu, mané, não amola; ou Brasil, o “bagulho doido”

O ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Roberto Barroso deu a seguinte resposta a um bolsonarista inconveniente (redundância?) que tentava intimidá-lo em Nova York, enquanto caminhava pelas ruas da cidade. “Perdeu, mané, não amola”.

A resposta desconsertou o manifestante. Há quem preferisse uma reação mais elegante do ministro, à altura do cargo. Mas não há nervo que se sustente saudável diante de um cricri bolsonarista, um mané qualquer que não aceita o resultado da eleição e pede a volta da ditadura empunhando faixas com a inscrição “intervenção militar”.

Perdeu, não dá para entender isso? Bolsonaro perdeu, já era ou fica pra próxima (tomara que não haja próxima). Agora, o jeito é engolir o resultado das urnas, a vontade da maioria do povo brasileiro que, em suas casas, abrigada de eventuais chuvas, ri das cenas hilárias protagonizadas pelos insanos manifestantes em vários estados, alguns dos quais acreditando em intervenção alienígena e em algum plano diabólico de Bolsonaro para continuar no poder (dignos da Casa Verde, manicômio criado pelo médico psiquiatra Simão Bacamarte no conto O Alienista, de Machado de Assis).

Enquanto bolsonaristas perdem o juízo e o senso de ridículo e Bolsonaro abandona o barco, o presidente eleito Lula representa o Brasil em evento internacional, discursa, conversa com lideranças estrangeiras e age preenchendo o vazio de governo que ficou após o recolhimento do atual titular.

“Vacatio legis” é uma expressão latina que significa vacância da lei, correspondendo ao período entre a data da publicação de uma lei e o início de sua vigência. No caso do Brasil, há o que se poderia chamar “vacatio administratio”, ou vacância de administração. Lula trabalha como se já fosse o presidente, mas o fato é que o país, de fato, está à deriva.

O Brasil, nos dias atuais, parece o navio à deriva que se chocou com a ponte Rio-Niterói: sem rumo, sem comandante, sem destino.

– Bagulho doido – comentou o motorista que fazia um vídeo ao passar pela ponte no momento do acidente.

É, o Brasil também está “um bagulho doido”. O estrago só não é maior porque Lula aproveita os espaços deixados vagos para mostrar seu plano de governo, tranquilizar investidores e reatar relações com outros países.

Enquanto isso, os manés continuam esperneando sob sol e chuva. Seriam presas fáceis de Simão Bacamarte.

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