IBGE aponta que, em 2021, índice de pobreza na PB foi o maior da série histórica
Na Paraíba, cerca de 629,7 mil pessoas viviam em situação de extrema pobreza em 2021. O número corresponde a 15,6% do total da população paraibana, segundo a Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Essa é a proporção mais alta da série histórica, que teve início em 2012, e indica um aumento em relação ao observado em 2020, quando 8,9% da população do estado vivia em situação de extrema pobreza. Apesar de ter ficado acima da média nacional, que é de 8,4%, a Paraíba aparece abaixo da média do Nordeste, que é de 16,5%.
A Síntese também apontou que metade da população do estado (47,4%) estava abaixo da linha da pobreza estabelecida pelo Banco Mundial — de US$5,5, equivalentes a R$486 mensais — com rendimento domiciliar abaixo de R$489. O percentual também é superior à média do Brasil, de 29,4%, e inferior à do Nordeste, que é 48,7%.
Em um cenário hipotético pensado pela SIS, “sem o pagamento de benefícios e programas sociais governamentais, a proporção de pessoas que estariam em situação de extrema pobreza na Paraíba passaria a abarcar um quarto da população (24,3%). Já a daquelas situadas abaixo da linha da pobreza seria de 53%.”
Em 2021, a Paraíba aparecia como a 7ª unidade da federação mais desigual do país, com Índice de Gini — criado para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo e apontar a diferença entre os mais pobres e mais ricos — equivalente a 0,562. Esse valor é superior às médias nacionais (0,544) e regionais (0,556) do período. O indicador varia de zero, que representa a perfeita igualdade, até um, que aponta desigualdade máxima. De volta ao cenário hipotético sem benefícios sociais, o Índice paraibano subiria para 0, 621, e seria o 3º maior do Brasil, atrás apenas de Pernambuco (0,627) e Rio Grande do Norte (0,621).
Quanto às classes de rendimento mensal domiciliar per capita, definida pela soma de todos os rendimentos dos residentes de uma unidade domiciliar, dividido pelo número de habitantes do domicílio, a Síntese aponta que cerca de 80% da população do estado tinha rendimento domiciliar de até um salário mínimo. Assim, 2,4% não tinham rendimentos; 24,2% tinham mais de zero até um quarto de salário mínimo, e 27,4% tinham mais de um meio até um salário mínimo. Já 13,2% tinham um rendimento de um a dois salários mínimos; 2,7% tinham de dois a três; 2,1% de três a cinco e 1,5% de mais de cinco salários mínimos.
Segundo release divulgado pela Agência de Notícias IBGE, “em 2021, a proporção de crianças de 14 anos de idade abaixo da linha de pobreza chegou a 46,2%”, e “a proporção de pretos e pardos abaixo da linha de pobreza (37,7%) é praticamente o dobro da proporção de brancos (18,6%).” Ainda, “cerca de 62,8% das pessoas que vivem em domicílios chefiados por mulheres sem cônjuge e com filhos menores de 14 anos estavam abaixo da linha da pobreza.”
ESTUDO E TRABALHO
A Síntese de Indicadores Sociais 2022 alertou, ainda, para o percentual de jovens fora da escola e do mercado de trabalho em 2021. Na Paraíba, entre os jovens de 15 a 29 anos de idade, aproximadamente 35,1% não estudavam, nem trabalhavam. Essa é a 4ª proporção mais alta do país, atrás apenas do Maranhão (37,7%), Alagoas (36,6%) e Acre (35,5%). A proporção é, também, maior que a registrada pelas médias do Brasil, que é de 25,8%, e do Nordeste, que é de 33%.
O módulo anual de educação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, não foi a campo em 2020 e 2021. Para obter as proporções, em virtude da disponibilidade de dados para esta edição da SIS, a pesquisa do IBGE considerou apenas a frequência à escola, sem incluir os jovens que participavam de cursos pré-vestibulares, técnicos e de nível médio, magistério e a qualificação profissional. Nesse caso, a análise se restringe aos jovens que não possuíam uma ocupação e não estudavam. Conforme a Síntese, 339 mil jovens estavam nessa condição. Destes, cerca de 25,9% estavam na busca por trabalho, mas seguiam sem uma ocupação.
Segundo a analista do IBGE, Betina Fresneda, “no primeiro ano de pandemia houve queda no grupo de jovens que estavam ocupados e essa queda não foi compensada pelo aumento no percentual dos jovens que só estudavam, Portanto, houve um aumento no número de jovens que não estudam e nem estão ocupados.” Ela acrescenta que, “apesar da leve recuperação observada em 2021, essa condição continua afetando mais de um quarto dos jovens de 15 a 29 anos.”
Em 2021, houve uma alta no nível de ocupação na Paraíba, que passou de 40,3% em 2020 para 41,5%. Ainda assim, este foi o 2º menor valor da série histórica, iniciada em 2012. O ponto mais alto foi observado em 2014, quando o nível de ocupação no estado estava em 53%.
Aproximadamente, 1,3 milhões de pessoas estavam ocupadas no ano passado. Destas, 25,9% tinham carteira de trabalho assinada, e 26,6% tinham um emprego, mas sem carteira assinada. Ainda, 11% possuíam ocupação militar ou eram funcionários públicos estatutários, 30,8% trabalhavam por conta própria e 3,1% eram empregadores.
A taxa paraibana foi a 6ª maior do país, atrás das registradas no Maranhão (46,6% ), no Piauí (45,7%), em Sergipe (44,9%), na Bahia (44,5%) e em Alagoas (44,2%). O percentual também ficou acima das médias do Brasil (28,5%) e do Nordeste (41,9%).
Por Nalim Tavares