Lula chama Bolsonaro de genocida, enaltece PT e agradece a Dirceu em festa do partido
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou a comemoração do aniversário de seu partido para atacar o seu antecessor Jair Bolsonaro (PL), dizendo se tratar de um genocida eleito na base da mentira. (via Folha de S. Paulo)
“Vou lutar pelo nosso partido e vamos lutar pelo povo brasileiro, para que nunca mais um genocida ganhe eleições com base na mentira e na indústria da mentira”, disse Lula, na noite desta segunda-feira (13), em Brasília.
O evento contou com a presença também de outras lideranças do partido, como a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e teve como um dos principais protagonistas o ex-ministro José Dirceu.
Mencionado nos discursos do mandatário e da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, Dirceu, principal auxiliar de Lula em sua primeira vitória presidencial, em 2002, foi um dos mais aplaudidos no ato que comemorou os 43 anos do partido.
Ele circulou com desenvoltura no evento, e militantes fizeram fila para cumprimentá-lo e para fazer foto com o ministro mais poderoso da primeira gestão de Lula, em 2003.
A força de Dirceu dentro do PT ficou clara em diversos momentos neste ano, após a posse de Lula. Seu filho e herdeiro político, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), por exemplo, foi indicado para para ser o líder da bancada petista na Câmara.
Na noite de Réveillon oferecida pelo criminalista Antônio Carlos de Almeida de Castro, conhecido como Kakay, no dia 31 de dezembro, também foram dadas várias demonstrações da influência de Dirceu no PT.
A comemoração reuniu integrantes da equipe do terceiro governo Lula, inclusive ministros. Ao discursar minutos antes da virada do ano, o anfitrião descreveu Dirceu como o maior político da história do Brasil.
Ao discursar no aniversário do PT nesta segunda-feira, Lula fez menção a Dirceu.
“Companheiros e companheiras, eu quero agradecer cada um de vocês, mulheres e homens. Companheiro José Dirceu, agradecer a você porque eu sei o quanto você foi solidário ao que eu passei. Quero agradecer a todos os presidentes do partido e aqui estou vendo a Gleisi e o Rui Falcão, José Dirceu e eu mesmo já fui presidente [do partido]”, disse.
“Tudo o que fizemos no governo do PT foi destruído em seis anos, depois do golpe e depois do mandato de quatro anos do genocida que precisa de ser julgado
Dilma, por sua vez, foi aplaudida de pé e teve seu nome gritado pelos presentes ao ser citada em um vídeo sobre a história política do partido.
A ex-presidente também atacou Bolsonaro, ao comparar o seu comportamento com o de Lula. Disse que o atual mandatário é um “grande líder”.
“Aquele líder que caminhou de cabeça erguida. Não fugiu, não correu, não se esquivou, não saiu do Brasil. Ficou aqui e enfrentou os 580 dias de prisão”, afirmou Dilma, em referência ao fato de Bolsonaro estar atualmente na Flórida. Estiveram presentes no ato algumas figuras históricas do partido, mas que estavam afastadas das atividades políticas e inclusive do atual governo Lula, após terem sido alvos de denúncias de corrupção.
O ex-presidente do partido José Genoino, também condenado no caso do mensalão, gravou um vídeo que foi veiculado no ato, no qual afirmou que a legenda precisa “atualizar a sua linha política” e que o governo Lula 3 “não pode errar”.
“Vale a pena esse grande projeto ser fortalecido. Temos que atualizar a nossa linha política e mudar os métodos de organização para que o PT se coloque à altura de construir um polo à esquerda nesse momento que vai ser preciso a gente não errar no atendimento à população mais pobre, excluída, as mulheres, os indígenas, LGBTQIA+, a nova classe trabalhadora, a luta contra o racismo e pela soberania nacional”, afirmou.
O também ex-presidente do PT Ricardo Berzoini afirmou que o atual governo vai enfrentar dificuldades, por contar com uma base de apoio muito “heterogênea”.
“Que nós tenhamos essa consciência de que esse governo vai ser um governo difícil, com a base muito heterogênea. Então o PT precisa construir o seu caminho, junto com o governo, mas o seu caminho próprio dentro desse processo, para preparar o futuro”, afirmou.
O clima na comemoração do primeiro aniversário do PT após a volta do partido ao poder era de festa.
Depois de um período de baixa popularidade devido à crise econômica desencadeada no governo Dilma e pelo impeachment da ex-presidente, o partido voltou ao Palácio do Planalto neste ano com a vitória de Lula no pleito de 2022.
O petista ficou inelegível pela condenação na Lava Jato, mas foi reabilitado politicamente pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e pôde concorrer à presidência ano passado.
Camisetas e outros objetos com referência ao mandatário também foram comercializados e, no momento em que Lula subiu no palco, a militância entoou gritos de campanha.
Diversos ministros e parlamentares estavam no palco em que Lula discursou.
No centro do espaço, porém, foram reservados lugares para apenas quatro pessoas: Lula, Dilma, Gleisi, e Paulo Okamotto, novo presidente da Fundação Perseu Abramo.
Durante sua fala, Gleisi também pediu o julgamento dos autores dos ataques de 8 de janeiro. Nesse momento, cantou o slogan que vem sendo repetido em praticamente todos os eventos do governo, na qual pede que não haja anistia para os golpistas.
“Os que atentaram contra a democracia, contra o povo e o país, desde antes do infame dia 8 de janeiro, hão de responder por seus crimes, para que não voltem a repeti-los. É sem anistia”, completou.
Dessa vez, Lula não usou o seu discurso para atacar o Banco Central, como vem fazendo nas últimas semanas. No entanto, coube a Gleisi atacar a instituição, que estaria repetindo o coro dos mais privilegiados da sociedade, “corroborando mentira”.
“Está na hora de enfrentarmos esse discurso mercadocrata dos ricos desse país, que temos risco fiscal. Qual risco? De não pagar a dívida? Mentira. Nossa dívida é toda em reais, numa proporção razoável do PIB. Ainda temos as reservas internacionais, deixadas pelo PT”, afirmou.
“Eles mentem, e o Banco Central, uma autarquia do Estado brasileiro corrobora com a mentira, impondo um arrocho de juros elevados ao Brasil. Isso tem que mudar. Temos um mercado antiquado, atrasado que não percebeu ainda as mudanças internacionais. E nós temos de parar de ter medo de debater política econômica, seja ela monetária, fiscal ou cambial e tentar nos acomodar ao que eles querem ou pensam”, completou.
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