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Congresso celebra centenário da morte de Ruy Barbosa

O Congresso Nacional celebrou em sessão solene nesta quarta-feira (1º) o centenário da morte de Ruy Barbosa, jurista, diplomata, político, tradutor e jornalista, patrono do Senado Federal.

O presidente do Parlamento, Rodrigo Pacheco, propôs a homenagem, considerando a celebração uma forma de honrar “a memória de uma das maiores personalidades da história do nosso país”. Pacheco destacou que Ruy Barbosa foi um dos mais notáveis oradores da história do Brasil, reconhecido por suas contribuições para a abolição da escravidão, garantia dos direitos humanos, causa republicana e democratização do Brasil.

Ruy Barbosa foi um dos membros fundadores do Senado, em 1890, e ocupou o cargo até sua morte, em 1923. O ex-presidente da República, José Sarney, que também foi presidente do Congresso Nacional, disse que essa era uma comemoração da morte de “um dos ídolos do nosso país”.

Os feitos

Nascido no município de Ruy Barbosa, na Bahia, o senador Otto Alencar (PSD-BA) afirmou que o homenageado teve uma história de vida pautada na honra e, acima de tudo, na luta pela liberdade, pela democracia e pela república.

Otto lembrou que Ruy Barbosa, formado em direito, não teve como não participar da vida jurídica. Autor de várias obras do direito político, o homenageado também escreveu sobre e para a imprensa e é autor do artigo O Reino da Mentira, de 1917, que, segundo Otto, “parece que vaticinou o que iria acontecer nesta nova quadra, sobretudo nestes últimos quatro anos da república, a nova fake news”.

Por isso, Otto fez questão de relembrar as palavras de Ruy Barbosa sobre a imprensa: “A imprensa é a vista da nação. Por ela é que a nação acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe sonegam, ou roubam, percebe onde lhe alveja, ou nodoam, mede o que lhe cerceiam, ou destroem, vela pelo que lhe interessa, e se acautela do que a ameaça”.

O senador ressaltou ainda atuação do homenageado em diversas situações, como quando foi ministro da Fazenda no governo de Deodoro da Fonseca, “em um período muito difícil, em que a república teve muita dificuldade”, ou com seu feito internacional, em 1907, de ter se tornado uma celebridade mundial quando defendeu a igualdade entre as nações e a pacificação do mundo — sendo chamado de “Águia de Haia”.

Ao falar em nome da Câmara dos Deputados, o deputado Federal Otto Alencar (PSD-BA), filho do senador Otto Alencar, lembrou que o seu conterrâneo foi um “ilustre jurista conhecido por defender a causa abolicionista”.

— Seu comportamento sempre revelou sólidos princípios éticos e grande independência política. (…) nada mais oportuno que este Parlamento renda suas homenagens.

Ruy Barbosa também é o patrono do Tribunal de Contas da União (TCU) e dos advogados do Brasil — estes últimos foram representados na sessão pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), José Alberto Simonetti.

Simonetti definiu Ruy Barbosa como “um homem a frente de seu tempo”, um vanguardista que deu voz às demandas políticas e sociais de “cidadãos invisíveis”, que não tinham acesso às instituições.

— Ruy Barbosa também vocalizou os interesses da população civil, dos cidadãos negros escravizados e do povo que o elegeu. Cumpriu fielmente o papel de defensor dos interesses do povo. A cultura política criada por ele está mais viva do que nunca — declarou o presidente da OAB.

Livros

Durante a homenagem, também foi feita a distribuição para os componentes da mesa de honra de um box com dois livros intitulado Migalhas de Rui Barbosa. O primeiro volume é prefaciado pelo presidente da OAB, e o segundo, por Pacheco. O livro reúne 1.500 aforismos do escritor Ruy Barbosa.

Editor-chefe do Projeto Migalhas, Miguel Matos lembrou que há exatos cem anos os jornais anunciaram em o falecimento do escritor, em frases como “Apagou-se o sol” e “Partia o maior dos brasileiros”.

Também foi lançada a segunda edição do livro Pensamento e ação de Rui Barbosa, do Conselho Editorial do Senado Federal e da Casa de Rui Barbosa, que contém uma seleção de textos publicada originalmente em 1999 para comemorar os 150 anos de nascimento do jurista.

Segundo o presidente da Casa de Rui Barbosa, Alexandre Santini, essa é uma “fundação guardiã”, que tem como missão salvaguardar o nome e a história do homenageado.

— A defesa das instituições civis, da justiça social, da independência e da harmonia entre os Poderes e da liberdade de expressão são premissas presentes na plataforma de Ruy Barbosa, que permanecem como pautas atuais e contemporâneas do dia de hoje.

Fonte: Agência Senado

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