Nova doação de múltiplos órgãos na Paraíba transforma vida de seis pessoas
“Esse domingo de Dia das Mães vai ser triste porque perdi meu filho, mas ao mesmo tempo fico feliz por saber que seis vidas vão ser transformadas graças a ele, que era tão jovem. Apesar da dor, eu me coloco no lugar das outras mães, que vão receber ou que têm filhos recebendo esses órgãos.” O depoimento é de Giberlane Silva, de 36 anos. Ela é a mãe do adolescente de 16 anos, doador de múltiplos órgãos, que morreu vítima de um Trauma Cranioencefálico (TCE) grave na tarde dessa sexta-feira (12). O rapaz estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Trauma de João Pessoa.
Por meio da adoção do protocolo de confirmação de morte encefálica, foi identificada a irreversão do quadro, e assim a equipe da Central de Transplantes realizou a entrevista familiar. A autorização de Gilberlane, que também é mãe de uma menina de sete anos, veio de imediato.
O gesto tirou da fila de espera pela doação de um órgão três paraibanos e um pernambucano, de 30 anos, que recebeu o coração – o 4º doado este ano na Paraíba. O órgão foi o primeiro a ser captado e foi levado para Recife (PE) no helicóptero da Polícia Rodoviária Federal. O fígado foi recebido por uma mulher de 64 anos, e os rins, por dois homens, de 18 e 57 anos, respectivamente. As córneas também foram doadas, mas primeiro são encaminhadas para o Banco de Olhos.
“Essa doação de hoje mostra que o amor de uma mãe não tem limites. Antes de pensar na própria dor, essa mãe que disse ‘sim’ também pensou em outras mães, que esperavam aflitas a doação de um órgão. Doar órgãos é dar continuidade à vida. E é isso que move a nossa equipe diariamente”, comenta a diretora da Central Estadual de Transplantes, Rafaela Dias.
A Central Estadual de Transplantes já registrou, em 2023, a realização de 89 transplantes. De janeiro até agora, foram realizados 65 transplantes de córneas, três de coração, 13 de rim, seis de fígado e dois de medula óssea. Ainda aguardam na fila 447 pessoas.