Planos de saúde querem reajuste de 12% e impacta mais de 126 mil usuários paraibanos
Os valores das mensalidades dos planos de saúde individuais e familiares vão pesar mais no bolso dos consumidores. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) está calculando o índice de reajuste vigente para o período de maio de 2023 a abril de 2024. Com a aprovação pela diretoria colegiada da ANS, haverá o envio para apreciação do Ministério da Fazenda. Contudo, não há uma data definida. A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) estima um aumento de 10% a 12%. Na Paraíba, o reajuste vai impactar 126.433 beneficiários, conforme a ANS. (via A União)
O reajuste é anual e determina o índice máximo que as operadoras podem aplicar. No ano passado, os planos tiveram o maior reajuste em 22 anos, de 15,5%. O aumento só poderá ser aplicado no mês de aniversário do contrato. Enquanto o percentual não é definido, as operadoras não podem elevar os valores das mensalidades. De acordo com a ANS, após a definição, as operadoras devem iniciar a cobrança em, no máximo, dois meses após o aniversário do contrato, retroagindo até o mês de aniversário, se for o caso.
A servidora pública Carolina Queiroz já está se preparando para arcar com mais esse aumento de custos no orçamento mensal. Ela paga uma mensalidade de R$ 700, em um plano sem coparticipação e que inclui realização de cirurgia com pós-operatório em apartamento e com cobertura nacional. Mas só consegue arcar com a despesa porque usa os valores que recebe da pensão do marido falecido.
“Só com meu salário, eu não teria como pagar. Eu vou organizar minhas contas e rever os gastos para encaixar esse reajuste na minha renda. Na verdade, eu já venho fazendo isso há um tempo, economizando na conta de energia e na gasolina. De repente, agora é o momento de reduzir algum tipo de lazer, no final de semana”, explica ela.
Conforme a ANS, o índice de reajuste dos planos individuais e familiares segue uma metodologia de cálculo implementada desde 2018, que combina a variação das despesas assistenciais com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) descontado o subitem Plano de Saúde. O cálculo é baseado na variação das despesas assistenciais por beneficiário de um ano para o outro, descontada de um fator de eficiência e dos reajustes por faixa etária. Após ser calculado, o índice aprovado em reunião de Diretoria Colegiada é apreciado pelo Ministério da Fazenda e, posteriormente, é divulgado.
Pandemia
A ANS aponta que a pandemia de Covid-19 ainda causa impacto às operadoras de planos de saúde. De acordo com a Agência, tanto o índice de reajuste de 2021, quanto o de 2022 foram afetados. “O índice de reajuste dos planos individuais reflete o comportamento das despesas assistenciais no ano anterior. Logo, em 2020, com a redução da frequência de utilização, a ANS definiu um reajuste negativo inédito, de -8,19%. Em 2021, com a retomada gradativa da utilização dos serviços de saúde e o aumento dos custos no setor, o índice autorizado retratou esse aumento de despesa. Ressalta-se ainda que os custos sofreram a influência do maior período inflacionário desde 2003”, informa a ANS, em nota.
Mais beneficiários
De acordo com a Agência, em 2022, houve uma deterioração nos resultados operacionais, que consideram apenas as principais despesas das operadoras (assistenciais, administrativas e de comercialização). Por outro lado, tem havido um aumento constante no número de beneficiários em planos médico-hospitalares, que passou de 47 milhões em dezembro de 2019 para 50,2 milhões em março de 2023, no país. Com relação aos planos individuais ou familiares, são 8,9 milhões de beneficiários, no Brasil. A Agência indica aumento de custos e queda ou estagnação das receitas das operadoras.
Matéria assinada por Thadeu Rodrigues em A União
Foto: Los Muertos Crew/Pexels