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Pablo Marçal é alvo de operação da PF sob suspeita de crimes eleitorais

Corporação investiga se ele cometeu também crimes de falsidade ideológica, lavagem e apropriação indébita

O coach Pablo Marçal é alvo de uma operação da Polícia Federal nesta quarta-feira (5) sob suspeita de crimes eleitorais. A corporação investiga se ele cometeu também os crimes de falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e apropriação indébita nas eleições de 2022. A operação da PF que mira o coach cumpre sete mandados de busca e apreensão em Barueri e Santana de Parnaíba, na região metropolitana de São Paulo. Via Folha de S. Paulo*

Marçal foi pré-candidato à Presidência da República pelo PROS no ano passado, mas teve seu nome barrado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Após a decisão, ele se lançou candidato a deputado federal, mas também teve o registro indeferido pela corte eleitoral.

Segundo as apurações feitas pela PF, Marçal e um sócio dele fizeram doações à campanha do coach à Presidência e à Câmara, e parte desses valores foram remetidos às próprias empresas das quais são sócios.

Após a operação, o coach disse que é alvo de “perseguição política”. Para Marçal, a investigação se deve ao apoio dele ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022.

“Claramente existe uma tentativa de silenciar as vozes daqueles que defendem a liberdade nessa nação. Coloco tudo a disposição e acredito que a Justiça Eleitoral usará da firmeza da lei para cessar essa revolta instaurada sobre mim”, escreveu ele, nas redes sociais.

O passado do coach

Pablo Marçal foi condenado em 2010 por participar de uma quadrilha que desviou dinheiro de bancos, liderou uma expedição frustrada a uma área montanhosa de SP em 2022 e teve seu nome associado à morte de um prestador de serviço durante uma corrida organizada por seus funcionários em 2023.

A PF investiga agora se ele cometeu também os crimes de falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e apropriação indébita nas eleições de 2022. Após a operação, o coach disse nas redes sociais que é alvo de “perseguição política”.

Conheça, a seguir, a trajetória de Pablo Marçal, que é formado em direito e se apresenta nas redes sociais como investidor e escritor.

CONDENAÇÃO POR QUADRILHA

Em 2010, Marçal foi condenado por participar de uma quadrilha que desviou dinheiro de bancos em meados de 2005, quando tinha 18 anos.

O grupo criava sites falsos de instituições financeiras como a Caixa e o Banco do Brasil, disparava e-mails acusando vítimas falsamente de inadimplência e roubava informações infectando computadores com programas conhecidos como cavalos de Troia.

De acordo com o Ministério Público Federal, Marçal capturava e-mails de vítimas para um dos líderes da organização, o pastor Danilo de Oliveira, além de consertar os computadores dos criminosos.

Marçal admite que colaborou com o grupo, mas diz que não tinha conhecimento dos atos ilícitos. Sua pena foi extinta em 2018 por prescrição retroativa.

EXPEDIÇÃO RESGATADA POR BOMBEIROS

Marçal se notabilizou em janeiro de 2022 por ter liderado uma expedição por uma área montanhosa em São Paulo, a 2.420 metros acima do mar, como parte de seu programa de coaching motivacional.

Ignorando regras de segurança e advertências de guias especializados, ele colocou em perigo a vida de um grupo de pessoas inexperientes em montanhismo no Pico dos Marins, na serra da Mantiqueira.

Depois de enfrentarem chuvas e ventos fortes, sob risco de morte por hipotermia, elas tiveram que ser resgatadas pelo Corpo de Bombeiros.

Do grupo original, 32 pessoas foram salvas pelos bombeiros e 28 conseguiram desistir da empreitada a tempo.

CANDIDATURA À PRESIDÊNCIA

Em maio de 2022, Marçal se lançou pré-candidato à Presidência da República pelo Pros, bancado pela antiga direção do partido que, como mostrou a Folha em reportagens, é suspeita de ter tentado comprar decisões judiciais favoráveis.

Em um dos áudios obtidos pela Folha, o então presidente do Pros, Marcus Holanda, diz que Pablo lhe havia prometido R$ 200 milhões vindos de uma “vacona” de R$ 100 ou R$ 200 que iria realizar com alunos de cursos motivacionais e com seus então mais de 2 milhões de seguidores no Instagram. Pablo nega.

Ao ver inviabilizada sua candidatura à Presidência, o coach passou a apoiar Jair Bolsonaro (PL) e se lançou a deputado federal, tendo obtido 243 mil votos. A direção do partido acabou sendo afastada e o Pros, sob novo comando, aderiu formalmente à campanha de Lula (PT).

Em 30 de outubro de 2022, o então ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Ricardo Lewandowski indeferiu o registro de candidatura do coach para a Câmara dos Deputados. Com a decisão, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), que foi considerado eleito e depois perdeu a cadeira para Marçal por causa da retotalização dos votos, foi reeleito.

Em palestra no Christ Summit, conferência para empreendedores cristãos, em 2 de junho deste ano, o coach afirmou não ter desistido do Palácio do Planalto. Ele se disse alvo de perseguição pela aspiração eleitoral: “Não bastava os crentes, agora a política. Estão revirando minha vida porque sabem que uma hora vou ser presidente do Brasil”.

MORTE DE PRESTADOR DE SERVIÇOS

Em 5 de junho, um prestador de serviços de uma das empresas ligadas a Pablo Marçal, Bruno da Silva Teixeira, 26, morreu durante uma corrida de rua realizada em Alphaville, em Barueri (SP).

Bruno corria com um grupo de funcionários da XGrow, empresa criada por Pablo Marçal que hoje é comandada por seu sócio, quando teve um mal súbito e caiu. Sofreu uma parada cardíaca e foi levado de carro até o hospital, onde os médicos tentaram reanimá-lo, mas foi declarado morto.

A corrida, segundo familiares, foi organizada por funcionários do coach. A escalada fazia parte do programa “O Pior Ano da Sua Vida”, uma das muitas mentorias em que Marçal orienta funcionários e alunos a vivenciar situações extremas para superar limites, aprender a tomar decisões difíceis e enriquecer.

Proibido de voltar ao Pico dos Marins desde o episódio do resgate, Marçal tinha mudado o foco dos desafios e havia passado a estimular funcionários e seguidores a romper seus limites em corridas de longas distâncias.

Segundo os irmãos de Bruno Teixeira, o grupo saiu do prédio da Plataforma Internacional, que pertence a Pablo Marçal, com o desafio de correr, de última hora, 42 quilômetros, o equivalente a uma maratona. Marçal não estava no grupo. Entretanto, dias antes, o influenciador afirmou ter completado essa mesma distância num desafio que chamou de “Pior Corrida da Sua Vida”.

“Minha mãe não é mãe de fraco. Meu pai não é pai de otário. Minha vó não é vó de trouxa”, chega a dizer o influencer numa postagem em que se gaba de completar a maratona.

Amigos de Marçal dizem que ele nunca foi praticante de maratona e duvidam que ele tenha de fato terminado o percurso.

Em 26 de junho, o coach disse ter homenageado Bruno escrevendo o nome dele em seu “melhor tênis” de corrida.

Matéria transcrita do site da Folha de S. Paulo

Foto: Facbook

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