Hoje é o dia mundial do chocolate; saiba o porquê
por Nalim Tavares
Especial para A União
Comida, às vezes, tem gosto de afeto, e chocolate é uma das comidas mais carinhosas do mundo. Do mais doce ao mais amargo, o alimento, tradicionalmente produzido a partir das sementes do cacau, tem um jeito especial de cativar a afeição — e os paladares — ao redor do globo. Remete à infância, proporciona conforto, e traz consigo uma mensagem implícita de amor. Por isso, no dia 7 de julho, o Dia Mundial do Chocolate é celebrado.
Para a tradutora Coralina Batista, presentear alguém com chocolate é um gesto especial. “Por mais simples que seja o presente, mesmo que seja um único bombom, é uma forma de adoçar o dia de alguém. Até tem gente que não gosta, mas é difícil errar com chocolate. Acho que é um jeito de dizer que pensou em alguém, ou falar sem palavras que uma pessoa é querida para você.”
A estudante de artes visuais, Amélia Rodriguez, tem uma ideia parecida. O chocolate mexe com a memória afetiva e, para ela, faz pensar em casa e em pessoas da família. “O brigadeiro da minha mãe, o bolo de chocolate da minha avó, e todas as vezes que preparamos nossos doces favoritos juntas. Pode ser uma receita mais simples ou mais complicada, chocolate, para mim, é nostálgico e querido.”
Além de tudo, chocolate faz bem à saúde. De acordo com a nutricionista Ana Carla, o doce contém vitaminas, antioxidantes, fosfolipídios e outras características que agregam ao bem-estar da mente e do corpo. “Consumido, é claro, com moderação, o chocolate pode ser bastante benéfico. Ele pode reduzir o estresse, contribuir para a saúde do cérebro, fornecer energia e, ainda, melhorar o fluxo arterial.”
Segundo Ana, cada tipo de chocolate traz consigo algumas propriedades particulares. “O branco, por exemplo, é mais calórico, mas fornece mais energia. Os mais amargos são ricos em antioxidantes, ajudam a melhorar a circulação sanguínea e podem até contribuir para aumentar o metabolismo. Com comedimento, eu diria até que o chocolate é um aliado nutricional.”
A paraibana Maria das Graças é uma chocolate maker, e trabalha fabricando chocolates a partir do próprio cacau, sem glúten, sem conservantes e sem aromatizantes. Criadora da marca Chocolates Tupã, ela conta que, o que hoje é um negócio, nasceu da vontade de presentear a família. “No início, a ideia era produzir um chocolate de qualidade, gostoso e saudável, para presentear minha família, que é muito grande”, ela diz. “Fui fazendo receitas ao leite, com gengibre, com raspas de laranja, flor de sal, pimenta…e elas foram caindo no gosto. As pessoas começaram a querer comprar e, o que eu achava que era apenas um mimo, virou um negócio.”
Hoje, dona Graça, como Maria é conhecida, participa de eventos como o Salão do Artesanato Paraibano e a Multifeira Brasil Mostra Brasil, que abre hoje no Centro de Convenções de João Pessoa, e segue até o dia 16 de julho, das 16h às 21h. Para dona Graça, “o chocolate sempre desperta uma emoção nas pessoas. Acredito que o nosso chocolate, que é um chocolate mais intenso, mais amargo, vem ganhando mais espaço, caindo mais no gosto das pessoas. Mas quando estou participando de um evento e as pessoas vêem a degustação, os olhos brilham. Chocolate realmente desperta um carinho.”
E, para a própria dona Graça, o chocolate é uma arte. “É impressionante! Todos os dias, trabalho derretendo, moldando, embalando o chocolate. E é sempre uma emoção. Para mim, mexe mesmo com o afeto. É arte mesmo!”.
E QUEM NÃO GOSTA DE CHOCOLATE?
Quem não gosta de chocolate encontra outros prazeres alimentícios, mas não nega que o doce é querido no mundo. O estudante de engenharia elétrica, Alexandre Carvalho, é uma dessas pessoas, e fala que, “apesar de não ser fã, é fato que muita gente gosta. Meu paladar não é muito chegado em doces, mas chocolate, especialmente os mais amargos, é um presente que dou com frequência. Justamente por ser uma coisa que tanta gente gosta, acho que é um presente seguro. E, como os mais amargos costumam ser mais saudáveis, aposto neles para não ter erro.”
O pai de Alexandre é diabético mas, cuidando da doença e seguindo os conselhos do nutricionista que o acompanha, consegue manter o consumo de chocolates. “Eu gosto muito, principalmente com café depois do almoço. Fico controlando a taxa de açúcar, e sou bem rigoroso com o que o nutricionista diz, e com o tanto de porções que posso comer sem colocar minha saúde em risco. Escolho um chocolate mais amargo, pesquiso os mais saudáveis, e como com toda a moderação”, fala ele.
PORQUE NO DIA 7?
No Brasil, as sementes de cacau começaram a se popularizar por volta de 1746. Entretanto, a iguaria é muito mais antiga, e já soma mais de 4000 anos de história. Acredita-se que, por volta do século XV, a introdução das amêndoas do cacaueiro na Europa, a partir de onde o chocolate se popularizou como um símbolo de status, aconteceu em um dia 7 de julho. Antes disso, o produto era conhecido pelos povos Olmecas, que bebiam o chocolate como um líquido mais amargo.
A partir do século XVIII, com a Revolução Industrial, o chocolate se tornou um alimento popular e, cada vez mais, tem conquistado as pessoas. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), no país, a produção de chocolate apresentou um crescimento no primeiro trimestre de 2023, se comparado ao mesmo período do ano anterior. De janeiro a março, 219 mil toneladas da iguaria foram produzidas no Brasil, enquanto, no ano passado, o volume de chocolate mil.
Foto de Lisa Fotios/Pexels https://www.pexels.com/pt-br/foto/chocolates-e-framboesas-918327/