Mais de 70% das cidades brasileiras têm nível baixo ou muito baixo de desenvolvimento
Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades 2023, composto por 100 indicadores socioeconômicos e ambientais, mostra que todos os municípios brasileiros estão muito longe de atingir os objetivos da Agenda 2030, estabelecida pela ONU em 2015. Apenas 0,8% das 5.570 cidades do país somaram mais de 60 pontos, em escala que varia de 0 a 100
O Instituto Cidades Sustentáveis lança no próximo domingo, 6/8, o Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades 2023 (IDSC-BR), ferramenta que permite avaliar os 5.570 municípios brasileiros por meio de 100 indicadores socioeconômicos e ambientais. O lançamento ocorrerá em Belém, durante o Fórum de Desenvolvimento Sustentável das Cidades, evento que integra a programação dos Diálogos Amazônicos.
O índice mostra a enorme desigualdade entre as diferentes regiões do país e aponta, também, que todos os municípios ainda estão longe de alcançar um nível muito alto de desenvolvimento sustentável. Numa escala de 0 a 100 pontos, nenhuma cidade atingiu pontuação acima de 80; apenas 45 (0,8% dos municípios brasileiros) ficaram acima de 60 pontos e a maior parte (3.346 municípios, ou 40% do total) encontra-se na faixa entre 40 e 49 pontos (veja no mapa abaixo).
Das 10 cidades com a maior pontuação, oito estão no estado de São Paulo, uma em Minas Gerais e uma em Santa Catarina. Dentre as 10 com a menor pontuação, seis estão no Pará, duas no Maranhão e duas na Amazônia.
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Cidades amazônicas
Outros destaques do IDSC mostram que os desafios são ainda maiores para as cidades amazônicas. Dentre os 100 municípios com a menor pontuação, 84 estão Amazônia Legal. A região é formada por 772 cidades de nove estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. Desse total, 753 (97%) têm nível baixo ou muito baixo de desenvolvimento. Apenas 19 municípios da Amazônia Legal alcançaram 50 pontos ou mais. Nenhum ficou acima de 60 pontos.
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Agenda 2030 da ONU
O IDSC permite também uma visão abrangente e integrada das cidades brasileiras nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela ONU em 2015, com metas para os países cumprirem até 2030. Associados e agrupados por ODS, os 100 indicadores do índice apresentam dados municipais sobre fome e pobreza, renda, saúde, educação, saneamento básico, igualdade de cor e gênero, emissões, desflorestamento, violência e infraestrutura urbana, entre outras áreas temáticas.
Desse modo, é possível verificar a evolução, os avanços e as fragilidades de cada cidade no cumprimento da Agenda 2030, da qual o Brasil e outros 192 países são signatários. Há uma pontuação geral para o conjunto dos 17 ODS e outra específica, para cada objetivo. Com o índice, o Brasil se tornou o único país do mundo a monitorar e avaliar todas as suas cidades de acordo com as metas da ONU.
Em 2023, o IDSC incorporou novas ferramentas e funcionalidades, que permitem comparar, por cidade, a variação da pontuação em cada ODS entre 2015 e 2023. As visualizações foram aprimoradas e novos mapas e gráficos facilitam a análise e interpretação dos dados apresentados.
No ODS 3 (Educação de Qualidade), por exemplo, 3.111 cidades (55% do total) apresentaram nível de desenvolvimento baixo ou muito baixo em 2023; 1.797 (32%) atingiram o nível médio e 662 (11%), o nível alto. Nenhum município brasileiro atingiu 80 pontos ou mais (nível muito alto) neste objetivo.
Nível de desenvolvimento sustentável das cidades brasileiras no ODS 3 (Educação)
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