João paga o preço da relutância: projeto de continuidade levanta suspeita no STJ, que determina investigação específica para o governador
O que mais se alertou e se cobrou do governador João Azevedo se concretiza agora na ação que corre em segredo de Justiça para apurar se a quadrilha de Ricardo teve continuidade na atual gestão.
Suspeita gerada pela permanência do núcleo duro do esquema criminoso, que se estendeu após a saída de Ricardo sob o argumento de continuidade de um projeto cuja essência seria a criminalidade grosseira copiada aos gangsteres de maior reputação do crime organizado desde que o decano Al Capone celebrizou Chicago.
Não foram poucas as vezes que João foi alertado bem antes que o primeiro integrante da quadrilha, Daniel Gomes, fosse preso e a delação dele revelasse a profundidade do esquema montado pelo ex-governador para saquear o estado.
Logo após, a prisão de Leandro Azevedo, que seguiu à risca a receita prescrita por Livânia de que, “cairemos todos juntos”, e o que entregou aos investigadores ampliou o horizonte das ações criminosas levando a secretária para as grades e posteriormente o colega de equipe Ivan Burity.
Mesmo assim, a sequência de prisões não encorajou João exonerar tudo aquilo que fosse relacionado a Ricardo e refugiou-se numa pendenga política que por muito tempo encobriu os verdadeiros motivos do rompimento, que seria o desmantelo produzido pela rapinagem disfarçada de contratos sociais, que assustou João, mas, não o estimulou agir.
Mesmo com a prisão de Ricardo, João manteve na equipe figuras suspeitas de integrar o núcleo criminoso haja vista o que foi encaminhado para os tribunais superiores, solicitando investigação específica, porque se desconfia que, as ligações ainda persistem e meliantes vinculados ao ex-governador ainda em ação em cargos de confiança na atual gestão.
A subprocuradora da PGR, Claudia Sampaio Marques, recomenda a manutenção da prisão de Coriolano Coutinho e diz textualmente que o STJ está investigando o governador João Azevedo pelos indícios de continuidade da organização criminosa no Estado.
Os documentos incorporados ao processo revelam que o estado teria sido capturado por essa organização e que a essência do seu poder deletério estaria alicerçada na chantagem, na extorsão e na espionagem de autoridades particularmente, para impedir qualquer reação ou obstáculo aos seus projetos.
Recentemente, um desses agentes da área mais escura desse esquema praticamente ainda intocada, apesar de comprovada sua atividade por fatos irrefutáveis, foi preso espionando nada mais nada menos do que o secretário de segurança do estado episódio que vem sendo apurado pelas raposas que rondam o galinheiro.
Afora essa escandalosa prisão de alguém tão próximo e subordinado ao Comandante Geral da Polícia Militar – suspeito e nunca investigado de comandar essa rede criminosa montada para levantar informações e para pressionar e apavorar dissidentes -, delatores reafirmaram em reiterados depoimentos que o dinheiro da propina era escoltado por integrantes da corporação a frente oficial de alta patente.
Nada disso abalou ou comoveu muito menos convenceu João Azevedo de que, sua gestão ainda continuava e continua abrigando figuras, as mais nefastas do esquema criminoso, operando com a maior desfaçatez, recorrendo aos mesmos métodos, ditando ordens, promovendo e agindo na sombra de outros poderes, já contaminados ou amedrontados por soturnos dossiês.
Por conta de sua relutância, João agora paga o preço da suspeita e pode ser responsabilizado pelas ações criminosas que essas figuras acostumaram-se praticar nesses longos anos, e cuja permanência sempre comprometeu a lisura e a idoneidade do seu Governo.