Polícia Militar tem um batalhão a serviço de outros Poderes; dos 338 militares espalhados qualquer um pode ser um espião, já que integram as forças policiais denunciadas pelo Gaeco
A Paraíba vive a expectativa do julgamento dos recursos do ex-governador Ricardo Coutinho no STJ marcado para a próxima terça-feira (18) quando o retorno à prisão do suposto chefe da organização criminosa identificada pelo Gaeco pode ser determinado pela Justiça.
Mas enquanto isso não acontece continua repercutindo e intrigando setores da mídia a relutância em se denominar quem comandaria as forças policiais tão enfatizadas no bojo do volumoso e ruidoso processo, que culminou com o desbaratamento da quadrilha que saqueou os cofres públicos.
Até o momento sabe-se apenas que o Coriolano Coutinho, irmão do ex-governador, manipulava essas forças, mas, com certeza, não comandava de direito.
Essa generalização de forças policiais utilizada pelos investigadores e pelo desembargador relator da Operação Calvário, Ricardo Vital, joga um manto de suspeita e dúvidas sobre todo aparelho policial já que as policiais que integram esse sistema de segurança, Civil e Militar, passam ser alvo da desconfiança geral da sociedade por não se separar o joio do trigo, por não se retirar do balaio as laranjas podres.
Quem seriam essas forças tão perigosas a serviço do mais perigoso da quadrilha como foi apontado Coriolano Coutinho por delatores do quilate de um Daniel Gomes.
Quem comporia essas forças policiais, que espionavam ou continuam espionando, que forjavam dossiês ou continuam forjando, que ameaçavam e chantageavam e suspeita-se também executavam.
Esses agentes continuam não identificados dentro dessas forças policiais e dentro do aparelho de segurança a se movimentar com desenvoltura e ousadia ao ponto de intimidar autoridades e jornalistas, e tudo aquilo que, de certa forma se oponham a elas; e ninguém nem mesmo o Gaeco e o desembargador relator Ricardo Vital revelaram disposição e coragem para nominá-las mesmo os rastros de sua atuação apontando para certos gabinetes.
O que se sabe e se reconhece é que essas forças policiais são as forças policiais que integram o aparelho policial do estado e são representadas pelas polícias, Civil e Militar, extensivas a Casa Militar do Governador.
No mundo da espionagem nada é mais suspeito do que as embaixadas porque elas abrigam aqueles agentes secretos designados para levantar informações sigilosas e que ficam ao abrigo das imunidades diplomáticas.
Num universo mais restrito, servidores da segurança pública, cedidos a outros poderes, diante de uma situação de suspeição geral levantada pela Operação Calvário, que identificou um Estado capturado por organização criminosa, deviam retornar aos seus postos e serviços constitucionais até que a normalidade fosse restabelecida e os espiões e seus chefes identificados e responsabilizados.
Principalmente por se saber que a gestão atual não mudou absolutamente nada em termos de comando dessas forças policiais, e elas continuam submetidas a dirigentes que se notabilizaram pela cumplicidade, pela fidelidade e pela lealdade a organização criminosa desbaratada.
Para reflexão das autoridades e da sociedade existe um exercito de servidores militares distribuído nos Poderes, totalizando 338 policiais, comparado ao efetivo de um batalhão, o que faz falta a uma instituição carente de efetivo nas ruas, sendo obrigado recorrer à inexperiência de alunos para compor o policiamento de eventos como o carnaval.
O que esse efetivo faz de prático nesses poderes chega ser ridículo porque homens e mulheres, que deviam estar servindo a sociedade, são empregados como estafetas, motoristas e seguranças, desfalcando as ruas e comprometendo a segurança da população.
Agora e mais grave – numa situação de anormalidade, onde a espionagem passou ser a tônica de um governo empenhado em vasculhar a privacidade de pessoas e autoridades, como foi identificado pelas investigações, esse efetivo gigantesco gentilmente cedido passa ser alvo de desconfianças e suspeitas fundamentadas.
No meio desses 338 – que para alguns informantes da corporação são 412 – quem estaria contribuindo para colher informações e quem não estaria, é a pergunta que não quer calar.
Ao não se nominar essas forças policiais todo e qualquer integrante se faz suspeito e pode ser um agente infiltrado a produzir dossiês e a promover ameaças como denunciado pelas investigações.
Sabe-se de militares a disposição de desembargadores, trabalhando em tribunais, em prefeituras, e em gabinetes de deputados, espalhados por todos os setores da máquina pública de um estado que, segundo o Gaeco foi capturado por uma organização criminosa que usava a chantagem e a ameaça para conseguir seus objetivos.
Essa estrutura continua intacta sequer apontada mostrando o quanto é poderosa e ameaçadora a parcela que integra essas forças policiais e que instituíram o terror e a violência velados para conquistar e preservar o Poder.
O silêncio sobre quem participa e comanda essas forças policiais coloca em risco toda sociedade paraibana, que pode estar sendo controlada por asseclas do ex-governador ainda em postos de destaque e de influência no atual Governo.
É preciso dar nome aos bois.