Congresso dos EUA cassa mandato de George Santos; “que esse lugar vá para o inferno”, reage o político filho de brasileiros
O Congresso dos Estados Unidos decidiu nesta sexta-feira (1º) cassar o mandato do deputado George Santos, o filho de imigrantes brasileiros que é acusado na Justiça de uma série de crimes e irregularidades, desde mentir sobre seu currículo a uso ilegal de dinheiro de campanha. Ele nega as acusações.
Santos, que responde a 23 acusações na Justiça dos Estados Unidos, se tornou assim o sexto deputado na história dos EUA a ser expulso da Câmara. Antes de George Santos, o último deputado que teve o mandato cassado foi James Traficant, de Ohio, em 2002. Depois da cassação, um jornalista perguntou a Santos se ele tem planos para visitar a Câmara como ex-congressista, e ele respondeu: “Por que eu iria querer ficar aqui? Que este lugar vá para o inferno”.
Santos afirmou que ao tomar a decisão, o Congresso estabeleceu parâmetros perigosos para eles mesmos.
Em sessão para decidir sobre sua cassação, 311 deputados votaram a favor de expulsar o republicano – 24 a mais do número mínimo necessário – e 114 contra. Um fator determinante para a expulsão de Santos foi a quantidade de votos de deputados do próprio partido de Santos favoráveis à sua expulsão.
Parte dos republicanos que o apoiavam mudaram de posição após a divulgação de um relatório que apontou diversas irregularidades e crimes financeiros nos quais ele está envolvido.
Na terça-feira (28), já pressionado, Santos disse que não iria renunciar: “Se eu renunciar, facilitarei as coisas para este lugar. Este lugar é administrado com base na hipocrisia. Cansei de desempenhar um papel no circo. Se quiserem que eu deixe o Congresso, terão que fazer uma votação difícil”.
Entre outras coisas, ele é acusado de utilizar dinheiro de doações em cirurgias com técnicas de botox e como usuário do site pornográfico Onlyfans, fraude com cartões de crédito e roubo de identidade. Também é acusado de receber seguro-desemprego ao qual não tinha direito durante a pandemia do coronavírus, antes de sua eleição.
Antes da decisão desta sexta, a Câmara havia feito duas tentativas anteriores de expulsar o deputado, mas as votações fracassaram.
Desta vez, no entanto, a proposta de expulsão ganhou o apoio de muitos correligionários de Santos.
Há duas semanas, um relatório dos legisladores republicanos e democratas membros do Comitê de Ética da Câmara encontrou “enormes evidências” de má conduta por parte de Santos e alegou que ele havia “tentado explorar de maneira fraudulenta todos os aspectos de sua candidatura à Câmara para seu próprio benefício financeiro”.
Recentemente, Santos declarou-se inocente de acusações federais como a de ter fraudado doações de campanha, assim como de lavagem de dinheiro e fraude eletrônica.
O legislador chegou ao Congresso em 2022, ajudando os republicanos a conseguir uma maioria mínima na Câmara.
No entanto, pouco tempo depois, revelou-se que havia mentido sobre quase tudo o que constava em seu currículo aparentemente extraordinário.