Lula se despede de Fernández e manda recado a Milei
“Mesmo quando disputavam quem tinha maior amizade com os EUA, relação Brasil-Argentina sempre foi boa”, diz presidente
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se despediu nesta quinta-feira (7) de seu homólogo argentino, Alberto Fernández, em um discurso carregado de adjetivos e lamentações durante a abertura do encontro de chefes de Estado do Mercosul. O peronista deixa o cargo no próximo domingo (10),
O chefe do Executivo brasileiro abriu seu discurso exaltando a amizade com o presidente argentino e lembrou que Brasil e Argentina sempre tiveram uma boa relação, mesmo quando disputavam quem tinha maior proximidade com os Estados Unidos.
“Mesmo quando o [Carlos] Menem era presidente, e ele e o Fernando Henrique [Cardoso] disputavam entre si quem tinha maior amizade com os EUA, a relação do Brasil sempre foi boa com a Argentina”, disse Lula.
A fala é um recado indireto ao presidente eleito da Argentina, Javier Milei, não citado nominalmente no discurso, que toma posse neste domingo (10). Ao longo da campanha à Casa Rosada, o novo chefe do Executivo argentino, que se define como um anarcocapitalista, fez críticas ao brasileiro, classificando-o como corrupto e comunista. Lula, por sua vez, também falou que a democracia na Argentina estava em risco.
No discurso que fez aos demais presidentes do Mercosul, Lula afirmou estar triste com a despedida de Fernández, a quem classificou de “homem de bem, honesto e digno”.
“Temos uma relação de amizade muito importante. Nunca esqueço o gesto do companheiro Alberto Fernández indo me visitar na sede da Polícia Federal em 2018 [a visita do argentino, então candidato à Presidência, ocorreu, na verdade, em 2019]. Esse gesto eu nunca vou esquecer e guardarei pelo resto das nossas vidas”, disse o brasileiro.
O petista lamentou também a crise econômica na Argentina, que foi crucial para a derrota do candidato governista, o ministro da Economia, Sergio Massa, na disputa contra Milei.
“Lamentavelmente, acho que você [Fernández] merecia melhor sorte. A economia poderia ter tido melhor sorte. Mas, infelizmente, aconteceu o infortúnio da pandemia e da seca, que muita gente aqui foi prejudicada”.
Folha/UOL