João tem como provar a lisura do seu Governo revelando teor de dossiê arquivado por Gilberto Carneiro com acusações ao coronel Euller
O coronavírus tem tirado o foco das questões politicas e a prova disso seria o recesso forçado da Assembleia Legislativa palco das grandes discussões e debates acalorados sobre os mais diversos temas que incendeiam a atividade.
Por mais letal que seja o vírus da moda tem dado sobrevida a certas figuras cuja decomposição moral dos últimos tempos encontrou um alívio na pandemia e os envolvidos na Operação Calvário podem agradecer esse refrigério concedido pelo calor das discussões sobre se mata ou não o coronavírus, agora confirmado oficialmente na Paraíba.
Lanfranchini x Euller
Um tema que chama a atenção no meio desse rebuliço de revelações, que o Gaeco promoveu, diz respeito a protocolos relacionados a dossiês que complicariam a vida de personalidades, cujas relações com a organização criminosa chefiada por Ricardo Coutinho sempre foram notórias e publicamente alardeadas, mas que jamais foram investigadas na profundida que requer e merece.
Mas, pelo que se apurou aqui e ali, a quarentena patrocinada pelo vírus não irá interromper as atividades dos procuradores e o Gaeco segue em frente à procura dos elos que faltam para interligar as relações sombrias de muita gente que hoje repete Pedro e nega Jesus.
Acusado de enriquecimento ilícito por órgão do próprio Governo Socialista – a Ouvidoria da Secretaria de Segurança Pública, o comandante geral da Polícia Militar, Euller Chaves, acumula denúncias que faz dele o mais suspeito dos comandantes que já passaram pelo cargo.
Mesmo assim prossegue firme e altaneiro, ignorando todas as acusações, jamais apuradas e cujo teor nunca revelado em razão das blindagens promovidas por velhos companheiros, hoje tornozelados, como Gilberto Carneiro, Waldson de Sousa, Livânia Farias, e o próprio Ricardo Coutinho a quem o coronel costumava fazer juras de lealdade e gratidão nos seus espaços na internet,
Afora as estreitas relações que alimenta junto ao Judiciário com a prestação de favores e privilégios a membros de destaque do Poder, Euller encontrou respaldo e facilidade na gigantesca estrutura da PM para festejar os poderosos, habilidade nata que sempre demonstrou na sua luta incansável para subir a escada do sucesso, manipulando conveniências e interesses, os mais subaltenos.
O famoso dossiê só produziu um resultado – a imediata exoneração da ouvidora sem maiores explicações, impedindo com isso que concedesse uma entrevista coletiva minuciando as denúncias contidas no documento posteriormente arquivado numa salada de contradições, que sinaliza para o absurdo do Governo denunciar o Governo e como resposta a sociedade, o Governo absolver sumariamente o acusado e punir o denunciante, escândalo que só uma atmosfera contaminada como a que imperava a gestão passada podia propiciar.
Algo que só podia ocorrer – e ocorreu – no mundo bizarro do socialismo paraibano agora explicado na sua melhor tradução pelas revelações da Operação Calvário, onde e quando os bandidos voltaram à condição de bandidos como consequência dos fatos expostos ao conhecimento público.
Salvo pela solidariedade cúmplice de quem era Procurador Geral do Estado à época -e que hoje anda de tornozeleira -, homem fortíssimo na organização criminosa, cotado para desembargador atendendo ao projeto de captura do Estado, Gilberto Carneiro salvou o pescoço do coronel mandando arquivar um documento concebido pelo senso de Justiça e compromisso com a verdade que certamente orientava a Ouvidora, Valdênia Lanfrancini.
Porque outro não podia ser o motivo da denúncia, já que tanto ela como os demais, acreditavam no discurso moralista do hoje chefe de quadrilha Ricardo Coutinho, e se alguma dúvida havia sobre as intrincadas relações entre o coronel e o governador, o dossiê arquivado afasta todas.
Ela, indicada para o cargo pelo deputado petista Luiz Couto – num passado distante severo crítico de policiais corruptos também mentor de outro documento avassalador, que subia as calçadas do Comando Geral atribuindo aos seus ocupantes a responsabilidade por torturas e extermínios – acreditou que suas denúncias seriam aprofundadas.
No entanto, a redoma republicana e os ranços de probidade que alimentava o discurso e a postura do esquema – hoje sabidamente criminoso – evitaram que a cabeça de Euller rolasse escada abaixo como devia ter rolado se a blindagem de solidários integrantes da organização criminosa não tivesse preservado sua contestada reputação, arquivando o devastador dossiê, cujo teor até hoje ninguém tomou conhecimento, transformado num dos grandes mistérios ou no maior mistério de toda trajetória do esquema de Ricardo, já que capaz de manter incólume no cargo, o suspeito coronel.
O que causa estarrecimento a opinião pública é como alguém tão envolvido com uma facção criminosa continue exercendo cargo público de tamanha relevância e de tão estratégica posição, já que responsável pela segurança, sem ser questionado pelas autoridades muito menos pelo governador deparado com tamanhas evidências de suas intrincadas relações com notórios membros da quadrilha desbaratada e responsável pelo fabuloso saque de milhões de reais dos cofres públicos, e nada o afaste de uma função para qual se tornou impedido ou pela cumplicidade ou pela omissão ou pela negligência.
Obviamente que diante do que foi revelado pela Operação Calvário o dossiê elaborado pela Ouvidoria da Secretaria da Segurança Pública ganhou relevância e deve ser resgatado para que se conheça seu conteúdo já que sobram dúvidas e suspeitas e nenhuma credibilidade sobre quem mandou arquivar, hoje réu por assalto aos cofres públicos.
Não resta o mínimo de autoridade moral a Gilberto carneiro para absolver alguém acusado de enriquecer ilicitamente como é o caso do coronel supostamente ostentando um padrão de vida que não se explica nem justifica como foi denunciado pelo próprio Governo, através da Ouvidoria.
A Segurança Pública seria um mundo nebuloso e sinistro tão nebuloso e sinistro que assustou o delegado de Policia Federal Claudio Lima – ele recusou o cargo para não ter a companhia do coronel como confidencia a pessoas de sua intimidade.
Os protocolos foram identificados mostrando a existência do documento que Valdênia produziu e que agora ganha outra conotação, porque podem servir de provas contra crimes que, certamente jamais seriam investigados, como não foram, pela quadrilha que o Gaeco desbaratou.
E o que antes salvou o coronel agora pode complicá-lo: é só João mostrar a Paraíba que seu Governo se inspira na sua proverbial honradez, não admitindo mais o que antes era regra.