A vaidade nas redes sociais e suas mazelas
A febre das redes sociais, quando o vício já é uma patologia, é algo assustador e precisa de muita atenção da parte de psicólogos. Um dia talvez isso se torne pauta da saúde pública, dada a extensão dos estragos que a exposição de supostas vidas perfeitas provoca.
Foi essa febre que levou o dono da Braiscompany, Antônio Neto, a atirar no próprio pé. Vaidoso ao extremo, caiu na armadilha da carência de admiração nas redes sociais.
Até que vivia tranquilamente, como foragido, na Argentina, ostentando riqueza – com dinheiro alheio -, até que, com o nome falso que adotou, decidiu criar perfil no Instagram, facilitando sua captura.
Outro recorte dessa realidade paralela: Lembrem da foto que viralizou já no dia 1º de janeiro: milhares de pessoas, em Paris, com celular em punho, gravando vídeos do espetáculo da virada do ano. Ninguém parece ser mais capaz de curtir, ao vivo e a cores, belas paisagens, festas, grandes espetáculos. Pela tela parece mais interessante?
São pessoas assim que parecem viver num mundo fantasioso, deixando a realidade como segunda alternativa. Praticamente ninguém expõe suas mazelas nas redes sociais. Muito raro isso acontecer. Ninguém quer mostrar sua vida de desempregado, suas dores extremas, um dia a dia tumultuado, filhos problemáticos, dívidas etc. Natural que seja assim. O que não é natural é as pessoas acreditarem nas vidas “perfeitas” que passam em sua timeline e se sentirem inferiores. A ponto de lotarem clínicas de psicologia e psiquiátricas para se tratar desse complexo.
A dependência – tanto de quem se expõe como de quem consome as postagens – é grande e envolve vários fatores. Muitos, como eu, dependem das redes para completar seu trabalho profissional. Outros, para vender seus produtos. E outros apenas para contar seu dia a dia, expor suas opiniões. Nada fora do normal. O anormal é não conseguir se desligar disso nunca, sem um dia sequer de folga. É como se a pessoa se sentisse à margem do mundo.
As horas gastas nisso tem prejudicado a leitura de livros, jornais. Sem filtro, as pessoas engolem fake news aos quilos, esquecem tarefas, priorizam o superficial.
Mas, voltemos à vaidade de quem se expõe. Cuidado! Alimentar inveja pode ser muito perigoso. Alimentar sua carência de atenção, também. Antônio Neto é um exemplo perfeito dessa patologia. Ele se deixou prender.