Defesa da filha de Leila Diniz diz que Regina Duarte desrespeitou decisão: “Não fez retratação”
Após Regina Duarte publicar uma mensagem com referências à sua condenação judicial no que seria uma retratação, a defesa de Janaína Diniz, filha da atriz Leila Diniz (1945-1972) e autora da ação de indenização, considerou que a artista não cumpriu o estabelecido e desrespeitou a decisão do juiz com o seu post.
Regina foi condenada a pagar R$ 30 mil em indenização para a filha da atriz e a se retratar pelo uso indevido de uma foto, incluída em um vídeo feito por ela, em apoio à ditadura militar. O registro traz Leila Diniz ao lado das atrizes Eva Todor, Tônia Carrero, Eva Wilma, Odete Lara e Norma Bengell, que protestavam contra —e não a favor de— a censura imposta pelo AI-5.
Segundo a advogada Maria Isabel Tancredo, que representa a diretora e roteirista na ação, Regina contrariou a decisão e não fez retratação alguma na postagem, e sim “uma tentativa de justificar o injustificável”. Ela afirma que a ação seguirá enquanto ela não cumprir o que foi determinado pela Justiça.
De mãos dadas, em fevereiro de 1968, as atrizes Eva Todor, Tônia Carreiro, Eva Wilma, Leila Diniz, Odete Lara, Cacilda Becker e Norma Bengell, marcharam contra a censura do governo em plena ditadura militar, caminhavam à frente da multidão pelo Centro do Rio. O cordão de mulheres marcou a história quando artistas fizeram uma greve contra a censura –
“É evidente que [Regina] não cumpre com a obrigação de explicitar aos seguidores da atriz que Leila Diniz nunca apoiou a Ditadura Militar e que a fotografia utilizada no conteúdo infringente foi, na verdade, feita em um contexto de oposição ao regime e à censura”, diz a advogada sobre o posicionamento da atriz condenada.
“Lembre-se que o vídeo postado era um material em defesa do golpe, às vésperas do 8 de janeiro, com a voz de Jair Bolsonaro defendendo o golpe e a ditadura empresarial-militar, e a foto de Leila Diniz aparecia exatamente no momento em que se dizia que as mulheres foram às ruas para pedir o golpe. Não é uma confusão interpretativa, era uma peça de desinformação. As decisões judiciais não existem para serem burladas, mas para serem respeitadas”, conclui.
Procurada pelo F5, Regina Duarte não se manifestou até a publicação deste texto.