Boulos pede prisão e cassação de Marçal depois de divulgação de laudo falso sobre drogas
O candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) pediu a prisão preventiva de Pablo Marçal (PRTB). Ele fez uma live em suas redes sociais na noite de sexta (4) em que detalha a medida.
Os advogados do psolista apresentaram na madrugada de sábado (5) uma notícia-crime à Polícia Federal em que pedem também a cassação do autointitulado ex-coach por falsificação de atestado médico, uso de documento falso, disseminação de notícia inverídica em período eleitoral, calúnia, difamação e injúria e associação criminosa.
Marçal divulgou em sua página no Instagram um laudo falso em que consta que o candidato do PSOL teria testado positivo para cocaína.
O laudo falso é assinado pelo médico Jose Roberto de Souza. Uma consulta ao Conselho Federal de Medicina (CFM) mostra que o médico, que era ortopedista, já morreu. O RG de Boulos que aparece no prontuário é incorreto, com um número a mais. A assinatura atribuída ao médico difere da que aparece em um documento judicial. O dono da clínica, Luiz Teixeira da Silva Junior, já foi condenado por falsificar diploma de medicina, como revelou a coluna.
A notícia-crime apresentada por Boulos afirma que Marçal fez “uso de documento falso que atestaria uma internação jamais ocorrida, numa clínica pertencente a Luiz, sendo esse um local em que o peticionário [Boulos] jamais esteve. Mais grave ainda é que o documento teria sido subscrito por um médico já falecido”. Em outro trecho, diz que “não existe nenhuma possibilidade desse documento ser fidedigno e o representado [Marçal] sabe disso, mas pouco importa, já que o estrago é imponderável e a replicação por seus seguidores e contratados seguiu pela internet como rastro de pólvora”.
Boulos pede também que a PF prenda o dono da clínica que emitiu o documento falsificado, além de fazer busca e apreensão em face de seu proprietário e também de Marçal. Solicita ainda “a quebra de sigilos telefônico e telemático dos investigados”.
“Oriundo dos esgotos daquilo que existe de mais sórdido na internet, Pablo Henrique da Costa Marçal trouxe para o processo eleitoral paulista a materialização das práticas irresponsáveis e delituosas que são a marca de sua vida privada”, diz a notícia-crime de Boulos.
A Folha enviou mensagem a Marçal e procurou a sua assessoria, mas ele não retornou. A postagem de Marçal com um suposto prontuário médico foi removida das redes sociais do candidato na noite desta sexta-feira (4). Ele mesmo anunciou que o bloqueio foi feito pelo Instagram.
Boulos fez uma live na noite de sexta (4) dizendo que no dia em que o laudo falso afirma que buscou auxílio médico, ele estava na favela do Vietnã, em São Paulo, distribuindo cesta básica.
O candidato do PSOL afirmou que assim que Marçal fez a publicação, sua equipe levantou fatos que comprovariam que se trata de uma mentira. “Primeiro, o dono da clínica do documento que ele publica [Luiz Teixeira da Silva Junior] tem um vídeo com o Pablo Marçal, é apoiador dele”, diz Boulos.
“O parceiro dele [de Marçal] falsificou o documento, usando o CRM de um médico que faleceu há dois anos, para que ninguém possa ser responsabilizado como médico. Ele usa o CRM de um médico que está inativo desde 2022, porque o médico faleceu. Olha o nível que o cidadão chegou, falsificação de documento”, segue Boulos.
“Simples assim. O cidadão não tem limite. A um dia da eleição, ele inventa essa fake news. Agora, gente, chegou num limite para ele. Estamos entrando agora a noite com um pedido de prisão contra ele, na Justiça Criminal. Dele e do dono da clínica. Dele e do dono da clínica”, afirmou ainda o psolista na live.
Após a live, o candidato do PSOL compartilhou um post (veja abaixo) com as evidências que contestam a veracidade do suposto laudo. A publicação reúne uma fotografia do sócio da clínica Mais Consultas, Luiz Teixeira da Silva Junior, com Marçal. Há também um vídeo dos dois.
Na notícia-crime apresentada à PF, os advogados relembram que “desde o início do processo eleitoral o representado [Marçal] vem disseminando informações falsas de que Guilherme Boulos seria usuário de drogas, mais especificamente de cocaína”.
Eles relembram que a “informação falsa foi rapidamente desmascarada em reportagem da Folha de S. Paulo que demonstrou que o representado [Marçal] pretendia usar um processo de um homônimo [que tem o mesmo nome do candidato e foi identificado pelo jornal]”.
“Mas o representado [Marçal] não se deu por satisfeito e, em meio a um dos debates eleitorais, tentou induzir os eleitores em erro confundindo uma internação médica de Guilherme no hospital do servidor para tratamento de depressão, como se fosse por suposto uso compulsivo de substâncias entorpecentes. Essa afirmação falsa foi prontamente repelida e esclarecida por Guilherme”, diz o documento apresentado à PF.
A investida final, seguem, teria sido a divulgação de um laudo falso.
Leia a nota da campanha de Boulos:
“O documento publicado por Pablo Marçal é falso e criminoso e ele responderá e arcará com as consequências em todas as instâncias da Justiça – eleitoral, cível e criminal. Uma atitude inaceitável de quem prova não ter limites em sua capacidade de mentir.
Marçal mostra mais uma vez ser um criminoso recorrente, que usa de mentiras absurdas para atacar a honra e a reputação e tentar promover uma manipulação sem precedentes no processo eleitoral.
Não podemos normalizar esse tipo de método que já colocou em xeque a nossa democracia no passado recente e que, agora, ameaça a normalidade destas eleições.
Marçal pagará pelos seus crimes.”