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Excluídas da política

O Jornal A União publicou manchete, na edição do dia 8/9, sobre o crescimento do número de mulheres eleitas para as prefeituras e para as Câmaras Municipais de vários municípios paraibanos. Sim, os números são animadores. Foram eleitas mais prefeitas do que na eleição anterior, de 2020.

Segundo a matéria, o número de prefeitas eleitas no estado cresceu 45,9% em relação às eleições de 2020, e o de vereadoras, 25%. É um avanço, sem dúvida, embora seja difícil entender como João Pessoa, a capital do estado, elege apenas duas vereadoras. É falta de mulheres candidatas ou excesso de preconceito?

Campina Grande deu um grande exemplo para toda a Paraíba, elegendo oito dos 20 membros do Legislativo municipal.

Somos a maioria do eleitorado, mas não conseguimos, ainda, uma boa representatividade política no estado e no país. Por onde começar a mudar essa história?

Em primeiro lugar, combatendo a violência política de gênero, tão antiga quanto comum nos dias atuais. Todas as mulheres candidatas, eleitas ou não, têm alguma historinha para contar nesse sentido. A intenção é clara: excluir a mulher do espaço político.

Esse tipo de violência chamou a atenção, inclusive, do Ministério Público Federal (MPF), que defende a necessidade de um esforço conjunto de todos os atores do processo eleitoral – partidos, órgãos públicos, candidatos e sociedade – no combate a essa prática, considerada crime pelo Código Eleitoral. E, segundo o MPF, essa violência afasta as mulheres da política e compromete a representatividade feminina nos postos de poder.

O desprezo pela condição de mulher é, sim, um fator determinante para que muitas desistam da política. Num ambiente hostil, elas recuam, não encontram amparo suficiente para continuar ou ingressar na política, inclusive por parte da própria família. É um grande desestímulo. Uma covardia social que precisa ser combatida com rigor.

Apesar da tipificação de crime eleitoral, há tímidos movimentos no sentido de brecar essas práticas discriminatórias. Um vereador do município de Russas, no Ceará, foi condenado por utilizar palavras e expressões misóginas contra mulheres parlamentares em redes sociais. No Rio de Janeiro, o TRE condenou um deputado estadual por menosprezar e discriminar uma vereadora trans.

Talvez haja outros processos em andamento, mas ainda são poucos. Tão poucos, que quase nada sabemos a respeito.

 

Artigo publicado originalmente no Jornal A União desta quarta-feira, 9/10

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