Responsabilidade e controle: o que você não está mudando, você está escolhendo
Às vezes, a gente se sente perdido, como se as coisas estivessem fora de controle. Olhamos para nossa vida e vemos um monte de situações, hábitos ou até relações que não estão do jeito que gostaríamos. E a sensação é de que não temos muito o que fazer, que estamos presos. Mas e se eu te dissesse que, na verdade, tudo o que você não está mudando, você está escolhendo?
Eu sei, a frase pode parecer meio forte, mas faz sentido, não? Toda vez que a gente se acostuma com algo, seja uma situação difícil, um comportamento que não faz bem ou até uma relação que já não funciona como antes, estamos, de alguma forma, escolhendo manter aquilo. Não agir também é uma forma de decisão. E muitas vezes, essa decisão vem disfarçada de falta de opção, de medo ou de uma falsa sensação de conforto. A questão é que, no fundo, essa escolha é nossa.
O problema é que, na maioria das vezes, a gente nem percebe que está escolhendo. Achamos que estamos apenas “deixando as coisas acontecerem”, mas, na verdade, estamos deixando de mudar. Pode ser mais fácil, mais seguro, até mais familiar não mexer no que já está aí. Mas será que é isso que queremos para a nossa vida?
Assumir a responsabilidade por nossas escolhas – até pelas que fazemos de não mudar – é um dos passos mais poderosos que podemos dar. Responsabilidade não é sobre culpar a si ou aos outros, é simplesmente entender que o que acontece na nossa vida tem a ver com as escolhas que fazemos, ou com as que deixamos de fazer. E essa consciência pode mudar tudo.
Porque, se você parar para pensar, não há nada mais libertador do que perceber que você tem o controle. O controle não está no que você não pode mudar, mas no que você decide não mexer. Se você não está mudando algo, é porque, de algum jeito, escolheu que aquilo fosse assim. E talvez você nem saiba o quanto isso te limita. O momento em que você toma consciência disso é o momento em que começa a recuperar o controle. Não sobre o mundo lá fora, mas sobre como você reage a ele.
Claro que mudar não é fácil. Não é confortável. Mudar exige coragem. Mudar significa deixar para trás algo familiar, algo que, de alguma forma, você aprendeu a lidar. Mas mudar é também o único caminho que pode te levar para algo novo. Para um novo jeito de ver o mundo, para novos hábitos, novas relações, novas possibilidades.
É claro que o medo de mudar é legítimo, e todos nós já passamos por isso. Mas se você não está mudando nada agora, está, na prática, escolhendo não mudar. E essa escolha, muitas vezes, é mais dolorosa do que qualquer mudança que possa vir. Porque a dor de ficar estagnado é uma dor silenciosa, que vai corroendo aos poucos.
Então, da próxima vez que você sentir que está sem controle, ou que as coisas estão acontecendo sem que você tenha voz nisso, pergunte a si: “O que estou deixando de mudar? O que estou aceitando sem questionar?” A resposta pode ser a chave para um novo começo, uma nova forma de assumir a responsabilidade e o controle sobre a sua vida.
Não se esqueça: a verdadeira liberdade vem quando entendemos que, mesmo no que não conseguimos mudar, há uma escolha sendo feita. E essa escolha, no final, é tudo o que temos.
Por Pedro Chaves
Foto: freepik