Sistema Prisional da Paraíba realiza casamento coletivo religioso com efeito civil para reeducandos
Na tarde de ontem (19 de dezembro de 2024), foi realizada mais uma edição do casamento coletivo de reeducandos do Sistema Prisional da Paraíba, encerrando o ano com união e bênçãos. Esta edição foi marcada por um evento histórico, sendo a primeira vez que o casamento foi realizado com caráter religioso e efeito civil, uma importante conquista para os participantes e suas famílias.
A organização do evento foi uma iniciativa conjunta da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap-PB), Vara de Execução Penal (VEP), Conselho da Comunidade e Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg), com o apoio do 12º Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais. O evento contou com financiamento do Fundo de Assistência ao Reeducando (Farpen), apoio logístico da Secretaria de Estado da Saúde e a colaboração da Igreja Universal do Reino de Deus.
A cerimônia foi realizada na sede da Igreja Universal, localizada na Avenida Epitácio Pessoa, e abençoou 23 casais de reeducandos, oferecendo a oportunidade de formalizar suas uniões tanto no civil quanto no religioso. Cada noivo teve o direito de levar até dois convidados, enquanto as testemunhas oficiais foram representadas por membros da Igreja Universal e do Conselho da Comunidade.
A emoção tomou conta do evento, como expressou a noiva Claudenice Mendes, que após 30 anos de união finalmente recebeu a bênção religiosa. “Hoje estou selando meu matrimônio com o amor da minha vida”, disse emocionada. Outra noiva, Maria Angelina, descreveu o momento como um “sonho lindo”. “Casar na igreja era tudo o que eu mais queria”, declarou, também visivelmente emocionada.
Estiveram presentes na solenidade diversas autoridades, incluindo o secretário João Alves de Albuquerque (Seap-PB), o secretário executivo João Paulo Barros, a juíza da Vara de Execução Penal, Andréa Arcoverde, o bispo José de Holanda (líder estadual da Igreja Universal na Paraíba), o bispo Miguel Soares (vice-presidente do Conselho da Comunidade), o presidente da Anoreg, Carlos Ulysses Neto, e vários outros representantes do Governo do Estado, instituições parceiras e segurança pública.
Mais de 50 policiais penais participaram da operação logística e de segurança do evento, incluindo membros de grupos especializados como GPOE, FTPEN, GPOC, Gesipe e outros, que garantiram a tranquilidade e segurança da cerimônia com a elaboração de protocolos específicos.
Em seu discurso, o secretário João Alves (Seap-PB) destacou a importância do evento para a reintegração dos reeducandos. “Celebramos o casamento de 23 reeducandos que oficializaram a sua situação matrimonial com suas esposas, objetivando uma convivência mais pacífica e demonstrando para elas que, mesmo estando reclusos, estão esperando por elas fora das unidades prisionais”, afirmou.
A juíza Andréa Arcoverde também ressaltou o caráter histórico do evento. “Estamos vivendo um momento de grande alegria e de fortalecimento dos vínculos familiares. A realização do primeiro casamento religioso no sistema penitenciário da Paraíba é um marco para todos nós”, declarou.
O bispo Miguel Soares também se mostrou satisfeito com o sucesso do evento, destacando que a ação traz dignidade aos participantes. “É a primeira vez que estamos realizando este casamento coletivo com efeito civil e religioso, e é um grande passo para a inclusão e reintegração dessas pessoas”, afirmou.
O secretário executivo João Paulo Ferreira Barros reforçou o significado social da ação, destacando que é um importante passo para a política de reintegração social do Governo do Estado. “Estamos muito felizes com este marco, que celebra a vida e a esperança dessas pessoas. O casamento é um passo essencial para que elas possam, ao deixar o sistema prisional, retornar à sociedade de forma mais integrada e com menores riscos de reincidência”, explicou.
Impacto Social e Continuidade
O projeto do casamento coletivo teve início com um pedido das mulheres casadas com detentos da Penitenciária Geraldo Beltrão, durante uma ação de emissão de documentos. Desde então, a ideia cresceu e se transformou em um programa social voltado para oficializar uniões de longa duração, promovendo impactos positivos tanto para as famílias quanto para o sistema penitenciário e a sociedade em geral.
A coordenadora do projeto, Cizia Romeu, celebrou os avanços, destacando a importância da integração social. O presidente do Conselho da Comunidade de João Pessoa, Thiago Robson, também enfatizou o impacto positivo da ação para as famílias dos reeducandos e a importância de fortalecer os vínculos familiares.
Próximas Edições
O projeto de casamento coletivo terá continuidade em 2025, com novas edições planejadas, incluindo uma cerimônia religiosa católica com efeito civil para casais que se identificam com a fé católica. A continuidade da iniciativa reafirma o compromisso das instituições envolvidas em promover ações inclusivas e humanitárias no sistema prisional, contribuindo para a reintegração social e a redução de estigmas.