Promessas (ou possibilidades) para 2025
Gisa Veiga
Nunca levei a sério o “que tudo se realize no ano que vai nascer”, como diz uma canção natalina. Não por ser pessimista, jamais. Mas porque os planos mudam ao sabor do tempo, até para melhor, inclusive.
Listinha de metas? Não caio nessa. Então, será tudo na base da tentativa. Não gosto de prometer o que não sei se poderei cumprir. Nunca enumero projetos para o ano novo. No máximo, listo algumas vontades. É que não suporto me decepcionar. Em qualquer situação. Não gosto de errar, quando sei que poderia fazer o certo. Melhor deixar as coisas no plano das ideias, não das promessas, que dão peso aos sonhos. Assim, não corro o risco de alguma grande frustração.
Há alguns anos, reduzi a preocupação com o planejamento dos anos seguintes. Se tenho algum projeto em mente, prefiro tratá-lo como uma possibilidade, não como uma obrigação. No fim de cada ano, prefiro fazer um balanço da minha vida, dos erros que cometi, dos acertos que me alegraram, das boas surpresas, das decepções… Meditar sobre o passado recente talvez seja uma boa forma de ajustar um futuro.
Também reduzi a marcha da vida. Eu tinha mania de andar meio que correndo pelos corredores das empresas por onde passei. Tinha pressa não sei de quê. No trânsito, me irritava com quem dirigia em marcha lenta. Ainda acontece, mas procuro sempre lembrar da terapia, que me ajudou um pouco a ajustar o meu ritmo a uma velocidade aceitável, digamos assim.
Quando vou apressando o passo, lembro de diminuí-lo. É bom para a minha saúde mental sentir a vida num ritmo um pouco mais lento, menos agoniado. Ando devagar — ou tento — porque já tive pressa. Porque não suportava ver uma moça realizando, em câmera lenta, o embrulho de um presente de Natal, por exemplo. Tá, ainda tenho essas aflições, mas melhorei muito.
Em 2025, prometo tentar não me inquietar tanto com conversas cheias de parênteses e de detalhes inúteis que me fazem perder a concentração no assunto. Prometo me esforçar para não perder a paciência com quem tenta me convencer de que uma notícia falsa é verdadeira — será um grande esforço.
Prometo tentar não esquecer onde deixei meus óculos, minhas chaves, meu celular, e de perturbar todos à minha volta para localizá-los.
Prometo tentar encontrar mais tempo para as amigas, para um cafezinho no fim da tarde ou um almocinho, sem que seja preciso data especial para isso. Amigas fazem bem à alma, à saúde, talvez até à pele.
Sério: procurarei “momentos sabáticos” sem celular, horas seguidas no modo silencioso ou mesmo mantendo-o longe de mim. Sim, podemos ser felizes assim. Eu já fui feliz sem essa tecnologia quando era jovem e mesmo adulta. Feliz e não sabia.
Gostaria de, como jornalista, dar menos notícias sobre feminicídios, guerras e outras mazelas. O ano de 2024 terminou com outra tentativa de balbúrdia em Brasília. Mais um maluco preso, que planejava atentado na capital federal e dizia estar cumprindo uma “missão confiada por Deus”. E 2025 começa com novas tentativas de feminicídios, zero aceno para a paz no Oriente Médio e na Ucrânia, um insano Trump querendo tomar o Canadá e a Groenlândia “no tapa”…
No próximo ano, eu prometo tentar não me sabotar, tentar ser menos cautelosa nos meus planos para 2026, sorrir mais, curtir o tempo de “não fazer nada”, mas também curtir produzir muito. Tudo na base do equilíbrio.
Em 2025, desejo mais leveza do ser e menos ansiedade; mais leitura e diversão, menos discussões e queixas; mais tempo para os netos, menos contas a pagar; desejo menos cansaço e mais saúde; menos conflito e mais sorriso; menos dores e mais Deus. Muito mais Deus!
Belíssimo texto para reflexão minha amiga Gisa. Conceitos que nos ajudam a repensar o modo de viver. Grato pelo texto, me serve também.
👏👏👏👏👏👏👏👏👏
Excelente texto.
Eu,na condição de aposentado, fiz apenas uma promessa para 2025: que não irei prometer coisa alguma.