Confira os favoritos no rateio dos cargos das novas Mesas da Câmara dos Deputados e Senado, com Hugo Motta e Davi Alcolumbre à frente
Partidos de centro e de direita dominarão maior parte dos 14 cargos das mesas de Câmara e Senado a partir do dia 1º
A escolha de integrantes do PL da ala mais moderada tem por objetivo diminuir a resistência do governo e de outros partidos que, embora sejam de centro e de direita, também integram o ministério de Lula (PT).
Retaliado pelo atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), por ter insistido no bolsonarista Rogério Marinho (PL-RN) para o cargo em 2023, o PL acabou sem cargos na atual Mesa Diretora e passou os dois últimos anos com duas comissões de pouco prestígio.
Para não repetir o erro, Bolsonaro negociou pessoalmente o apoio do partido nas duas Casas —além da anistia a ele próprio em relação às condenações eleitorais que o tornaram inelegíveis— e os espaços.
Alcolumbre se comprometeu a dividir os cargos de acordo com o tamanho de cada um dos partidos, mas não escondeu a preferência por nomes de sua própria confiança, como o de Eduardo Gomes, de quem é amigo.
Favorito para a dobradinha com Alcolumbre na presidência, Gomes buscou rebater a acusação dos colegas de partido de que não era bolsonarista “raiz” em conversas reservadas, alegando ter defendido arduamente o governo Bolsonaro quando foi líder do governo no Congresso Nacional.
Outro aliado de Alcolumbre no PL, o bolsonarista Marcos Rogério (RO) deve assumir a presidência da Comissão de Infraestrutura do Senado, responsável pela sabatina das cobiçadas diretorias em agências reguladoras.
Tanto na Câmara como no Senado, as Mesas Diretoras são formadas por duas vice-presidências e mais quatro secretarias. Além de angariar prestígio político, os ocupantes ficam responsáveis por determinados temas administrativos —como a gestão dos imóveis funcionais ou a emissão de passaportes diplomáticos— e ganham direito a mais cargos e verbas.
Para a segunda-vice-presidência da Câmara, o mais cotado é um deputado de 24 anos, filho de outro deputado federal em atuação.
Lula da Fonte (PP-PE) foi eleito em 2022 aos 21 anos com o apoio do pai, Eduardo da Fonte (PP-PE), que tem 52. A Folha não conseguiu falar com Lula da Fonte. Questionado sobre a candidatura do filho para a vaga, o pai disse apenas: “Estamos trabalhando”.
Já o PT de Lula deve ficar com a primeira-secretaria da Câmara, com Carlos Veras (PE), e com a segunda-vice-presidência no Senado, com Humberto Costa (PT).
Apesar do prestígio da segunda-vice-presidência (que, em tese, assume o comando da Casa na ausência do presidente e do primeiro-vice), um dos cargos mais cobiçados é a primeira-secretaria —conhecida como “prefeitura” da Casa, por cuidar da parte administrativa.
No Senado, o posto foi escolhido justamente pelo dono da maior bancada, o PSD. Com 15 senadores, o partido deve emplacar Daniela Ribeiro (PB) como primeira-secretária e Otto Alencar como presidente da comissão mais importante, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
Os outros cargos da Mesa Diretora do Senado também estão praticamente fechados, de acordo com congressistas envolvidos nas negociações. O senador Confúcio Moura (RO) deve ser indicado pelo MDB para a segunda secretaria. Com a terceira maior bancada (atrás do PSD e do PL), a sigla também deve comandar a segunda principal comissão, a de Assuntos Econômicos, com Renan Calheiros (AL).
O MDB e o PSD também ocuparão algumas das secretarias da Mesa da Câmara, consolidando o domínio de partidos de centro e de direita, que são maioria no Congresso.
Há ainda indefinição sobre os postos a serem ocupados pelo União Brasil na Câmara dos Deputados.
O partido tentou emplacar o líder da bancada, Elmar Nascimento (BA), como candidato a presidente da Câmara, mas ele acabou forçado a desistir, em novembro, depois de o atual comandante da Casa, Arthur Lira (PP-AL), optar por Hugo Motta como seu candidato.
Com isso, Elmar é cotado para presidir a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara ou relatar o Orçamento de 2026 —essa última vaga, porém, foi acertada para o MDB, que ainda não definiu um nome.
O partido pode tentar pleitear também a segunda-vice-presidência, o que embaralharia as cartas.