Política

Bolsonaro exalta e aliados de Lula criticam Hugo Motta por posição sobre o 8 de Janeiro

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enviou mensagem a seus aliados neste sábado (8) em que defende a anistia para os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro como uma questão humanitária e exalta o novo presidente da Câmara dos DeputadosHugo Motta (Republicanos-PB), que disse na sexta-feira (7) que os ataques não podem ser classificados como uma tentativa de golpe de Estado.

“Que Deus continue iluminando o nosso presidente Hugo Motta, bem como pais e mães voltem a abraçar seus filhos brevemente. Essa anistia não é política, é humanitária”, escreveu o ex-presidente. Agora preocupado com a questão humanitária, Bolsonaro já deu várias declarações em ataque aos direitos humanos.

Em uma dessas situações, em novembro de 2017, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente, publicou uma foto em que Bolsonaro segura uma camiseta que diz “direitos humanos: esterco da vagabundagem”.

O ex-presidente e seus seguidores sempre associaram a pauta dos direitos humanos à esquerda e à impunidade, ao mesmo tempo em que apoiam punições severas. Em contraposição, eles defendem o oferecimento de condições básicas de sobrevivência aos detentos do 8 de janeiro.

Em entrevista a uma rádio da Paraíba, Motta afirmou que os atos do 8 de janeiro foram uma “agressão inimaginável” às instituições, mas não podem ser classificados como uma tentativa de golpe.

“O que aconteceu não pode ser admitido que aconteça novamente. Foi uma agressão às instituições, uma agressão inimaginável, ninguém imaginava que aquilo pudesse acontecer”, disse. “Agora querer dizer que foi um golpe… Golpe tem que ter um líder, tem que ter pessoa estimulando, apoio de outras instituições interessadas, como as Forças Armadas, e não teve isso.”

CRÍTICAS

Aliados do presidente Lula (PT) criticaram o posicionamento de Motta, que antes de ser eleito à presidência da Câmara no último dia 1º, com 444 votos dentre 513 integrantes da Casa, evitou conceder entrevistas à imprensa e se comprometer com o projeto de lei da anistia, para não gerar ruídos com o PT e o PL, as duas maiores bancadas da Casa.

Na sexta-feira, houve uma série de críticas às palavras de Motta na Paraíba.

Líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ) disse à Folha que rejeitar que o ataque às sedes dos três Poderes foi uma tentativa de golpe é uma “leitura equivocada sobre os fatos”. “O 8 de janeiro faz parte de uma tentativa de golpe de Estado violenta”, afirmou.

A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), também se manifestou sobre o tema, ao publicar em uma rede social comentários a respeito de um editorial do jornal O Globo.

A petista afirmou que é “descabido” votar a anistia aos condenados do 8 de janeiro na Câmara. “Não se trata de atender o objetivo político deste ou daquele partido, mas de defender a democracia, respeitar e cumprir a decisão da Justiça sobre os ataques aos três Poderes. É sem anistia!”, disse.

Vice-líder do governo Lula na Câmara, o deputado Rogério Correia (PT-MG) foi outro a rebater as declarações do presidente da Casa. “Dizer que o bolsonarismo não tentou um golpe contra a democracia é de um negacionismo inaceitável”, afirmou o parlamentar também em uma rede social. Ele integrou a CPI do 8 de Janeiro.

“Não vale um relatório de mil páginas aprovado no Congresso via CPMI? Não valem os múltiplos indiciamentos pela PF após provas e delações? Não valem as minutas golpistas na sede do PL? Não valem as bombas colocadas no aeroporto de Brasília e os planos de assassinato de Lula, Alckmin e Moraes? Os Kids Pretos? A quebradeira dos três Poderes? Os inúmeros financiadores da barbárie? E os vários discursos golpistas do inelegível? Não vale nada do que assistimos?”

Fonte: Folha de S. Paulo

Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

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