Política

Cobrança de prefeitos eleva pressão sobre Congresso e governo para destravar emendas

Hugo Motta promete aos prefeitos que dará andamento à PEC que institui limite para pagar precatórios e abre novo prazo de parcelamento especial de débitos das cidades com seus regimes próprios de previdência social

A chegada de prefeitos a Brasília nesta semana para participar de evento organizado pelo governo Lula (PT) deve aumentar a pressão para que Congresso e Executivo busquem uma solução para o impasse das emendas parlamentares, na avaliação de deputados e senadores, diz matéria postada no site da Folha de S. Paulo.

Parlamentares dizem que já existe uma cobrança pelos recursos desde o ano passado, com decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que bloqueou esses repasses até que o Congresso apresentasse regras que garantissem mais transparência e rastreabilidade, em novo capítulo de embate entre os dois Poderes.

Mas afirmam que isso ganha novos contornos com a presença física dos prefeitos em Brasília e a falta de clareza sobre como esse impasse será sanado.

O Congresso Nacional visto do Palácio do Planalto, em Brasília
O Congresso Nacional visto do Palácio do Planalto, em Brasília – Leonardo Sá/Agência Senado

O governo Lula, por sua vez, busca uma aproximação com esses gestores num momento de baixa popularidade, com integrantes do governo defendendo maior diálogo, pensando também nas eleições de 2026.

Deputados e senadores dizem que ainda não há clareza sobre quando as emendas parlamentares serão liberadas nem quais critérios terão de ser adotados, já que o imbróglio se arrasta desde agosto. Além disso, há também indefinições sobre o próprio Orçamento deste ano, que ainda não foi votado pelo Congresso.

Com esse cenário, afirmam que serão cobrados pelos prefeitos, com pedidos para atender suas bases, e não terão como sinalizar o que poderá ser feito. Na Câmara, há queixas sobretudo no baixo clero (grupo sem expressão nacional). Além disso, a maioria da Casa se declara “municipalista” e, ao longo dos mandatos, busca atender aos pedidos de aliados nos estados.

Um integrante do centrão critica o timing da realização do encontro, afirmando que isso expõe os parlamentares e cria embaraços com os prefeitos aliados, num momento em que deputados e senadores se aproximam de suas bases pensando em suas respectivas reeleições em 2026.

Deputados e senadores afirmam que há pressa de buscar uma solução também por parte dos novos presidentes da Câmara e do SenadoHugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), respectivamente, diante da pressão que eles receberão dos congressistas com a retomada do ano legislativo.

Sem promessas de emendas, Motta fez uma sinalização aos prefeitos ao prometer que dará andamento à PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que institui limite para o pagamento de precatórios por parte dos municípios e abre novo prazo de parcelamento especial de débitos das cidades com seus regimes próprios de previdência social.

“É evidente que, como qualquer outro recurso público, as emendas devem estar submetidas ao controle dos órgãos responsáveis, seja no próprio legislativo, no Executivo ou no Judiciário, e também devem ser inseridas no contexto do equilíbrio das contas públicas e da responsabilidade fiscal.”

Como a Folha mostrou, a nova cúpula do Congresso deverá procurar o ministro Flávio Dino, do STF, para tentar destravar os recursos. Há uma avaliação de que houve um tensionamento demasiado acerca do tema no ano passado e que Motta e Alcolumbre buscarão um caminho para resolver esse impasse.

Aliados de Motta esperam que um encontro entre o parlamentar e Dino possa ocorrer ainda nesta semana, para dar início as tratativas. Eles dizem que é preciso chegar à audiência de conciliação convocada pelo magistrado, prevista para 27 de fevereiro e com a participação dos três Poderes, com uma sinalização do que poderá ser feito e já com convergência das ideias.

Segundo um parlamentar que acompanha as tratativas, a ideia é buscar uma “solução jurídica e política” para o tema, com um meio-termo que atenda às demandas do Supremo, sem avançar sobre as prerrogativas do Parlamento. Ele afirma ainda que tanto Motta quanto Alcolumbre têm disposição para estabelecer um diálogo direto com Dino, algo que não ocorreu no ano passado.

Transcrito do site da Folha de S. Paulo
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

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