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Proposta para cirurgia plástica leva a novo embate entre odontologistas e médicos

Há seis anos o Conselho Federal de Odontologia( CFO) recebeu autorização para realizar harmonização orofacial em consultórios. Atualmente, está em discussão a possibilidade de habilitar odontologistas para realizar alguns procedimentos de cirurgia plástica no rosto. A decisão reacendeu uma polêmica entre autoridades médicas que defendem a exclusividade dos profissionais de medicina para os procedimentos.

Não é de hoje que o Conselho Federal de Odontologia , assim como outros profissionais da saúde, tentam invadir os procedimentos médicos exclusivos. Na avaliação do presidente do Conselho Regional de Medicina na Paraíba, Bruno Leandro de Souza, é pertinente que os dentistas atuem de acordo com suas habilidades e competências. “Em primeiro lugar, gostaria de expressar o meu respeito a todos os odontólogos da Paraíba. Mas não é possível que a gente considere normal um odontólogo fazer uma cirurgia na orelha (otoplastia) ou na pálpebra (blefaroplastia)”.

Os profissionais que estão habilitados a realizar cirurgia plástica no rosto são: cirurgião plástico, otorrinolaringologista, oftalmologista. Somando essas três especialidades, somam mais de 300 médicos cadastrados no CRM. Para ele, quando o profissional de saúde atua fora de outra área desvaloriza a própria profissão. “O odontólogo desempenha uma função primordial que é cuidar da saúde bucal. Mas quando o odontólogo e outros profissionais de saúde entram na nossa área, desvalorizam a própria profissão”.

O presidente Bruno Leandro de Souza também alerta sobre os riscos envolvidos de fazer procedimentos estéticos por odontólogos. “ O odontólogo mexe com uma região específica, então como ele vai fazer uma cirurgia para afinar o nariz? Ou então na região dos olhos? O procedimento ele pode até aprender a fazer, mas seria interessante que ele aprendesse a corrigir quando ocorressem as falhas. Quando dá problema, ele procura o médico, mas muitas vezes não há muito o que fazer”.

O médico pontua ainda que os profissionais de saúde só querem adentrar na medicina para realizar procedimentos estéticos. Para ser um cirurgião plástico, por exemplo, o médico precisa fazer seis anos de universidade, fora os cinco anos de residência (entre cirurgia-geral e plástica), fora os cursos de aperfeiçoamento até chegar numa habilidade comprovada. “Para cuidar de feridas, reabilitar pacientes e outras doenças ninguém quer. Acredito que vai aumentar o número de cirurgias para corrigir deformidades”, analisou.

Odontologia

O Conselho Regional de Odontologia da Paraíba, Leandro Marconi, informou que o CFO ainda não emitiu nenhuma resolução federal, portanto, não irá se pronunciar a respeito. “Tem ocorrido discussões em nível nacional, mas não posso me pronunciar a respeito porque não tem nada de concreto, senão estaria sendo irresponsável”. 

Providências 

Caso a resolução federal seja emitida, o presidente do CRM  informou que o Conselho tomará providências juridicamente. Existe um projeto de lei no Congresso Federal que tenta barrar essas resoluções de Conselhos de outras áreas, quando adentram na área da medicina. “É a única forma que temos de frear resoluções aberrantes fora do papel. Semana passada, o Conselho de Farmácia  autorizou que eles possam prescrever medicamentos de tarja preta como clonazepam, o Rivotril. Logo, isso é uma conduta muito irresponsável”. Além disso, o CRM está divulgando informações à população para conscientizá-las sobre os riscos.

 

Texto de Sara Gomes para o Jornal A União

Foto de Cottonbro Studio/Pexels

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