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Acampamento Canudos do MST é invadido e tem barracos incendiados por homens encapuzados

Por volta das 20h30 do último sábado (08), quatro homens armados e encapuzados invadiram o Acampamento Canudos, em Riacho de Santo Antônio, e surpreenderam as famílias que vivem no local: amarraram os moradores e atearam fogo em alguns barracos.

O primeiro barraco abordado pelos homens foi o de Gerlane Alves (24), que estava com seus dois filhos (crianças de 5 e 2 anos), e seu companheiro. De acordo com a vítima, os homens gritavam alto, diziam que eram policiais e que estavam ali para fazer o bem. O marido de Gerlane, Wilian Alexandre (26), teve as mãos amarradas com abraçadeiras de plástico. Depois de empurrar a família para fora do barraco, os invasores derramaram um produto inflamável e queimaram o barraco.

“Deixaram a gente assistir tudo nosso pegar fogo. Sensação horrível. Perdi tudo, né. E ainda ver minha filha desesperada chorando e eles dizendo que iam nos matar. Dá uma revolta muito grande. Minha força foi Deus. Mal eu tinha conseguido e eles destruíram tudo”, disse Gerlane.

Foto: Acampamento Canudos/Reprodução

A ação durou cerca de 1h e, no fim, os moradores relatam que os encapuzados gritaram para que todos fossem embora, e não voltassem mais. A Polícia Militar foi acionada e prestou assistência ao todos que foram atacados. Fizeram diligencias, mas os criminosos não foram encontrados.

De acordo com algumas famílias, no último dia 30 do mês anterior, representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária na Paraíba (INCRA-PB) e da coordenação estadual do MST realizaram o cadastro para identificação das famílias no acampamento. Na mesma semana, o proprietário da fazenda esteve no local, acompanhado de um possível comprador do imóvel.

Os moradores do acampamento contam que, há dois anos, vêm sofrendo duras ameaças de um funcionário da fazenda, conhecido como Erivadro. Segundo os relatos, ele já havia dito que iria botar fogo no acampamento e expulsar todos.

O acampamento é uma ocupação realizada pelo MST há 10 anos, e abriga 56 famílias que reivindicam a desapropriação da fazenda Canudos, com uma área de cerca de 3 mil hectares, que se encontra abandonada e improdutiva, não cumprindo sua função social. Durante todos esses anos, as famílias tem produzido palma, milho, feijão, jerimum, melancia e batata doce, além da criação de gado, caprinos, porcos e galinhas.

O crime está sendo acompanhado pela Comissão Estadual de Prevenção à Violência no Campo, defensoria pública e pela delegacia de Polícia Civil da cidade de Queimadas.

Foto: Carla Batista
Foto: Carla Batista

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