Acuado pelo TCE, Euler entrega companheiros de farda e sugere a auditores investigar Fundo de Saúde dos Bombeiros
Tem gente que nasce com uma inclinação incrível para a delação e a traição assim que o seu está na reta. O comandante geral da Polícia Militar, Euler Chaves, goza desse conceito junto aos companheiros de farda. Mas toda essa má fama podia ser fruto da inveja e do despeito dos que não conseguiram como ele se projetar na profissão e chegar aos píncaros da carreira vitoriosa coroada agora com a presidência do Conselho Nacional de Comandantes Gerais.
Mas, para fornecer indícios dessa faceta de caráter que tornou famosos personagens históricos como Judas e Calabar, alguns fatos, que pontificam na trajetória do comandante, comprovam que ele não é de segurar a barra de ninguém, notadamente quando se encontra acossado, encurralado pela abundância de provas junto aos tribunais, onde teve parecer desfavorável no processo sobre supostas irregularidades no Fundo de Saúde da corporação.
Ao procurar se defender das acusações, que resultaram no aprofundamento das investigações por parte de auditores do TCE, onde se constatou a procedência das denúncias através da Tomada de Contas Especial do Fundo de Saúde da PM dos últimos 05 anos, Euler se defendeu atirando e dedurando o companheiro de farda e comandante do Corpo de Bombeiros, Marcelo Araújo, que agora também terá o Fundo de Saúde daquela corporação varrido pelos auditores do TCE, como resultado da delação do amigo do peito.
A “trairagem” de Euller – como se fala na caserna -pode atingir também o ex-comandante do Corpo de Bombeiros, Jair Carneiro, caso a denúncia que fez comprove as irregularidades que foram identificadas na sua gestão.
Mas para reforçar ainda mais essa predisposição do coronel para abandonar o navio primeiro que os marinheiros, junto com os ratos, nada como recordar o episódio do hospital Edson Ramalho, onde jogou às feras outro companheiro de farda, a coronel Socorro Cristiane de Oliveira Uchôa, lutando bravamente e desfavoravelmente para escapar das responsabilidades que a sua obediência cega no comandante lhe rendeu junto aos tribunais.
Essas complicações jurídicas, apontadas na gestão do hospital militar, podem atingir em cheio também o atual diretor, coronel Paulo Almeida, estranhamente colocado no cargo por indicação expressa e soberana do coronel Euler preterindo oficiais médicos, com aprimoramento superior em gestão de hospitais, o que torna ainda mais estranha a indicação quando se tem alternativas especializadas.
Seria bom o coronel Paulo Almeida botar as barbas de molho porque pode também ser atirado as feras para fazer companhia a coronel Socorro hoje envolvida nas teias de astúcias que o coronel Euler parece gostar de fiar.
Essa característica do coronel Euler tem-lhe rendido fama e também repúdio de muitos colegas principalmente aqueles que tiveram o infortúnio de conviver e trabalhar com ele.
Essa vocação seria responsável também pela sua permanência no cargo diante do volume de informações que teria reunido todo esse tempo à frente da corporação suspeito de comandar um esquema de escuta telefônica ilegal como ficou evidenciado no episódio do P2 flagrado espionando o secretário de Segurança, Jean Nunes, cujos inquéritos e sindicâncias para apurar o fato jamais tiveram desfecho, o que evidencia o poder sobrenatural do comandante junto a todos os poderes da terra.
No relatório fornecido pelo Gaeco há páginas sobre essa arapongagem e ela estaria supostamente instalada ao lado do gabinete do comandante geral fazendo uso de aparelhos de escutas, tipo AIKO, cedidos pelo MP, em confiança, e que depois se apurou estavam espionando procuradores, o que comprovaria também a maneira insidiosa, ardilosa e pouco confiável dos subordinados e do comandante.
Já se firmou a convicção que se Euler cair cairá muita gente e ele fará com o Governo o que está fazendo agora com os colegas dos Bombeiros; e o mesmo que já fez com a ex-diretora do Edson Ramalho, coronel Socorro Uchôa, e que pode fazer com o coronel Paulo Almeida: jogar no mar sem salva-vidas.
Ninguém conquista fama à toa e essa predisposição para beijar na face não se restringiu nem morreu com Judas.