Anderson Leonardo, do Molejo, morre de câncer inguinal
O cantor Anderson Leonardo, 51, do grupo de pagode Molejo, morreu na tarde desta sexta-feira (26) após lutar contra um câncer inguinal. Ele estava internado na UTI do hospital Unimed-Rio, no Rio de Janeiro.
Anderson recebeu o diagnóstico do câncer em outubro de 2022 e chegou a receber a notícia da cura três meses depois. Em maio do ano passado, porém, a doença voltou e, desta vez, atingiu também os testículos. O músico manteve a agenda de shows, mas estava em tratamento desde então.
Em setembro de 2023, ele teve uma embolia pulmonar e foi internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI), com alta 11 dias depois do episódio. No final de fevereiro, Anderson passou mal após um show e voltou ao hospital com dores fortes.
Entenda o que é o câncer inguinal
O câncer inguinal pode ter origens diversas e se refere à presença de neoplasia em uma região, como a da axila ou da virilha, não especificamente em um órgão do corpo. Segundo o médico uro-oncologista Bruno Benigno, diretor da Clínica Uro Onco do Hospital Oswaldo Cruz, existem vários componentes anatômicos nessas regiões que podem ser o foco da doença.
Na virilha masculina, como foi o caso de Anderson, podem ser afetados músculos, gânglios linfáticos ou o cordão espermático, cuja função é nutrir material e neurologicamente os testículos por meio de vasos sanguíneos. Os gânglios (ou linfonodos) atuam como filtros e, popularmente, são mais conhecidos pelo nome de ínguas, aqueles caroços sob a pele que surgem sempre que o sistema imunológico do corpo trava alguma batalha.
“Qualquer um desses componentes pode originar um foco de um câncer. Entretanto, na maioria das vezes, em 95% dos casos, o câncer da região inguinal é na verdade um reflexo, uma área de metástase de um câncer que se originou em um outro órgão”, diz Benigno.
O problema nessa parte do corpo, em geral, pode ser desencadeado por neoplasias na pele, em região interna da pelve, útero, ovário, próstata, testículo ou pênis. “Todos esses cânceres podem dar metástase para a região da virilha. A origem, na maioria das vezes, está fora da região propriamente dita, mas a virilha é um foco de recebimento de células metastáticas”, reforça o médico.
Como é o tratamento
Para tratar um câncer inguinal na virilha é preciso primeiro estabelecer o local e o tipo de câncer que surgiu no organismo. “O tratamento está intimamente ligado ao órgão de origem do câncer. Se ele se originou na pele do membro inferior, por exemplo, como um melanoma, o tratamento vai ser a retirada do foco da doença e a cirurgia para fazer um esvaziamento, a retirada desses gânglios doentes”, diz Benigno.
Eventualmente, também pode ser feita a retirada dos gânglios, seguida ou não de quimioterapia. A investigação precisa analisar, portanto, se houve previamente sarcomas na região da virilha, tumores genitais ou na bolsa escrotal.
“Os tumores de testículo, geralmente, não dão metástases para a região da virilha, mas para região mais interna do abdômen”, explica o uro-oncologista.
Como prevenir a doença
Para prevenir esses desdobramentos de tumores, a recomendação médica é ficar atento aos primeiros sinais do tumor de origem, fazendo anualmente os exames de rotina de saúde.
“Uma mulher que teve um câncer de mama pode manifestar gânglios na axila, mas não vamos dizer que é um tumor de axila. Vamos dizer que é um tumor de mama mesmo que deu metástase para axila. Ou um tumor de virilha que na verdade é de uretra. Então o tratamento, a prevenção e todo o raciocínio médico vai ser desenvolvido sempre baseado no órgão de origem do câncer”, reforça Benigno.
Na situação do músico Anderson, o médico considera que não fica clara a origem da neoplasia que o vitimou. “A gente só sabe que existiam células cancerígenas alojadas na bexiga”, diz.
Folha/UOL
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