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Anjos e demônios da IA

A Inteligência Artificial generativa está aí e não há caminho de volta. Isso é bom ou ruim?

Os dois. Bom porque, em determinadas atividades – como as de escritórios e tarefas administrativas, por exemplo – a produtividade é maior, sem dúvida. E usar a IA, nesses casos, é uma questão de inteligência – a humana.

Ruim porque, em variadíssimos aspectos de diversas outras áreas, a IA freia a criatividade e padroniza resultados. Resta à humanidade ser capaz de fazer bom uso dela e, principalmente, saber quando abrir mão dela, também.

Quem conseguir essa façanha, será capaz de se distinguir dos demais, oferecendo resultados únicos e criativos. São os talentos que não deverão ser desperdiçados, diferenciais que se destacarão em meio a uma padronização tipo escala industrial, seja na educação, na produção de cultura, da comunicação ou na produção científica, de modo geral.

Para Luciano Sathler, PhD em administração pela USP e membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais, há a necessidade de se investir na formação de pessoas que sejam capazes de usar a IA generativa de forma crítica, criativa e que gerem resultados humanamente enriquecidos. “Para não se tornarem vítimas das mudanças que sobrevirão no mundo do trabalho”, diz.

E elas virão, com certeza. Começam a chegar, mas se tornarão bem mais visíveis em breve. E é preciso ficar atento a essas mudanças para não se perder no caminho.

Na educação, bons resultados entregues com a ajuda da IA não significam que os alunos estejam aprendendo mais, muito menos aprendendo a serem criativos. Há, inclusive, um movimento em escolas de alguns países e, mesmo, no Brasil, que aponta para um caminho inverso à maciça utilização de ferramentas tecnológicas dentro de salas aula. Os livros físicos, que praticamente perderam o protagonismo, voltam a ser mais manuseados. Alvíssaras!

A tecnologia, desde os tempos da Revolução Industrial, apresenta os dois lados típicos da modernidade – o bem e o mal. As redes sociais aproximam pessoas, mas também as afastam; gera comunicação, mas também muita desinformação; os celulares nas mãos de crianças e adolescentes podem ser uma tranquilidade para os pais, quando facilitam sua localização, ou podem ser fonte de preocupação diante do vício e até por questões de saúde, haja vista problemas na coluna devido a pescoços curvados por longo tempo. É saber dosar, o que parece uma tarefa difícil nos últimos tempos. Dosar, ponderar, equilibrar.

Como algo irreversível – assim como várias outras ferramentas tecnológicas sem as quais parece que vivemos pela metade -, a Inteligência Artificial também tem seus lados anjo e demônio. Saber conviver com ela, usá-la prudente e inteligentemente, utilizar os freios adequados, é um desafio para a humanidade.

Mas tudo começa com uma boa educação dentro de casa.

 

Gisa Veiga

Artigo publicado originalmente no Jornal A União

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