Ao violentar a verdade, Márcia prega a pedagogia do crime às crianças de Conde distorcendo a situação que a levou ao cárcere
O cinismo dessa gente é uma arte. Depois de ser presa com uma fartura de provas que dá para rechear as sacolas de presentes que o papai Noel costuma dar às criancinhas que ainda acreditam nele; a presidiária Márcia Lucena, reproduzindo e competindo com seu guru Ricardo Coutinho numa olimpíada de cinismo que estarrece, ocupou as redes sociais com uma pedagogia que pinta de cores o mundo sombrio da corrupção, para enganar criancinhas.
O pequeno e elogiado Mateus, indignado com as ações criminosas da prefeita, recebeu sua visita para ouvir explicações sobre o que Márcia resumiu como “situação” obviamente que das mais constrangedoras já que esse tipo de ocorrência policial dificilmente oferece explicações decentes para o que resultou na sua prisão. Pelo visto, por um tempo, Márcia preencheu os sonhos infantis de Mateus, embalado por ideais sobre o que seria uma sociedade justa aos moldes do que inspirou a Atlântida de Platão.
Márcia não revela o que disse ao Mateus limitando-se aos elogios a Criança e nem o que teria dito Mateus a mãe para forçar o encontro que serviu de moldura para a prefeita tentar explicar as gerações futuras, o que há de decente na conduta de um gestor público que termina preso pelas autoridades por afrontar as regras legais.
Não sabemos que exercício de retórica fez Márcia para desqualificar aquilo do que é acusada e quais argumentos usou para persuadir o Mateus ser tudo fruto de injustiças e perseguições políticas vis, aos que, como ela assaltaram descaradamente os cofres públicos como provaram as investigações da Operação Calvário.
Seria interessante ter conhecimento da hermenêutica que Márcia aplicou para negar a Mateus o conteúdo das acusações, inserido nos devastadores relatórios produzidos pelos investigadores sobre como ela e a quadrilha da qual é acusada de integrar assaltaram os cofres públicos.
É extremamente mortificante a sociedade acompanhar um noticiário, em tom de apresentação circense, que cairia bem caso o Conde fosse Sucupira ou Macondo, onde a realidade conseguia ser mais fantástica do que a ficção.
A exibição patética de Márcia Lucena é um insulto a formação da juventude porque assistimos nela a pedagogia do crime sendo aplicada a uma criança da forma mais descarada e, pior, sendo difundida sem a menor responsabilidade social e com requintes de cinismo como se tudo o que fora apresentado pelas investigações, não correspondesse a verdade professada pela Justiça e que devia servir de parâmetro para crianças como Mateus violentada na sua inocência confundida a sua crença no que é justo e decente pela lábia asquerosa de uma presidiária solta pela cumplicidade com tudo aquilo que o cidadão Mateus deve aprender a repudiar.
Para tudo tem limites, inclusive o cinismo e para que as argumentações cavilosas de uma delinquente não causem danos a inocência e a tenra cidadania de Mateus torna-se urgente que a Justiça devolva Márcia para o lugar onde já devia estar – a cadeia, já que comprovadamente representa um perigo para a sociedade ao corromper a consciência de um inocente e ao dar publicidade a esse ato infame.
Ao contrário de Sócrates, acusado de corromper a juventude de sua época, Márcia devia experimentar a cicuta.