Apatia do Ministério Público para aprofundar investigações causa estranheza aos paraibanos
Repercute um clamor intenso em setores da Imprensa, mais dedicada ao jornalismo investigativo, sobre uma aparente inércia do Gaeco nos últimos tempos, o que estaria gerando receios e indagações, que se aproximam da suspeita provocada pelo imobilismo e pela falta de iniciativa do órgão, cuja finalidade seria combater a corrupção crônica, que se alastra pelo estado e por todo país.
São meses sem nenhuma operação, e o mais grave sem os desdobramentos naturais sobre o que já foi investigado e revelado: uma interrupção que causa estranheza e alimenta os boatos que circulam pelos bastidores sobre influências poderosas, e até ameaças razão dessa imobilidade inexplicável.
Para muitos jornalistas a expectativa provocada pelas investigações iniciais vem se transformando em decepção diante do marasmo em que mergulhou operações como a Calvário cujos desdobramentos apontavam para figurões da política, mas que, pelo visto foram brecados por estranhas forças ocultas.
E o que torna mais inadmissível o silêncio é que ao arredor da Paraíba, operações similares estão desvendando os porões do Poder e governadores e auxiliares presos e revelados à sociedade os conchavos criminosos que surrupiaram milhões dos cofres públicos.
Alagoas, Piauí, Tocantins, Rio de Janeiro, são estados da federação onde os órgãos de combate à corrupção estão agindo com celeridade e prendendo os marginais de colarinho branco numa sucessão de operações que recebem a aprovação e o aplauso da sociedade.
No Piauí, entre os criminosos revelados pelas investigações policiais, um coronel da PM se destacava como operador do esquema criminoso que desviou 50 milhões de reais do transporte escolar.
Em Alagoas, o MP estadual denunciou o governador Renan Filho suspeito de alimentar um esquema de arapongagem destinado vasculhar a intimidade alheia.
Aqui, as denuncias parecem cair no vazio e já se consolida a convicção de que, o que foi revelado foi revelado por instigação do Ministério Público do Rio de Janeiro e se não tivesse havido essa interferência tudo estaria como dantes no quartel de Abrantes.
São muitas as denúncias que requerem a intervenção do Gaeco estranhamente adormecido para elas, apesar da gravidade das mesmas, que apontam para atividades no mínimo suspeitas como a aquisição de equipamentos de escuta pela Polícia Militar, cuja finalidade constitucional não lhe dá essa atribuição, reservada a Polícia Federal e a Polícia Judiciária, argumentos jurídicos arrolados pelo Ministério alagoano par denunciar Renan Filho.
São áudios que circulam pela internet de oficiais da PM reclamando dessa invasão de privacidade. Seria o desaparecimento de um equipamento de escuta obsoleto como o Aiko desativado e que teria de ser entregue ao Ministério Público, mas que está vagando na clandestinidade provavelmente colhendo informações de forma criminosa, atendendo interesses criminosos, mas sem que o Ministério Público se manifeste para saber seu paradeiro atual.
Denúncias que circulam na Imprensa todos os dias sobre essa atividade criminosa, que estaria espionando o próprio governador, exposto a essa arapongagem, atuando dentro do próprio Palácio, oculta no Gabinete Militar, já que a denúncia do reputado Heron Cid coloca em suspeição a guarda pessoal do governador feita pela Casa Militar, e ninguém age nem reage a essas forças ocultas, tão poderosas, que paralisa e amedronta todo mundo.
Essa atividade, que parece assustar e imobilizar o Ministério Público paraibano, não encontra ressonância nos estados citados acima, onde a atuação deles se mostra eficiente e autônoma ao ponto de invadir Palácios e ir buscar no interior deles, os bandidos de colarinho branco, como foi feito no Piauí, onde um coronel de Polícia foi preso.
Essa autonomia e coragem deviam inspirar colegas paraibanos, cuja credibilidade está arranhada e comprometida pela ausência de resultados como os apresentados pelos estados do Piauí, Tocantins, e Alagoas, e também pelos comentários maldosos, que começam tomar contornos de veracidade ao ponto de se acreditar que esposas estariam sendo contempladas com cargos comissionados no serviço público.
Os paraibanos precisam de respostas para os muitos escândalos revelados, e só o Ministério Público pode atender e satisfazer essa expectativa de Justiça.