Baixaria: Marçal é expulso de debate, e assessor de influenciador agride marqueteiro de Nunes; veja vídeos
No momento seguinte ao anúncio da exclusão do influenciador, Nahuel Medina, assessor que grava vídeos para Marçal, deu um soco em Duda Lima, marqueteiro de Nunes, que deixou o local sangrando.
O agressor saiu dos bastidores e entrou no estúdio, o que levou à interrupção do programa. Ele foi detido para averiguação pela polícia e levado à delegacia no começo da madrugada. Ao fim do debate, Marçal disse que seu assessor reagiu após ter sido agredido antes.
O fim do evento foi anunciado pelo jornalista Carlos Tramontina, que fez a função de mediador. “Eu tive que paralisar o debate para excluir o candidato Pablo Marçal, que reiteradamente desrespeitava as regras, e, na saída dele, houve uma confusão”, justificou.
Marçal foi excluído após levar três advertências por agressões verbais durante as suas considerações finais. Ele afirmou que Nunes seria preso pela Polícia Federal por envolvimento na chamada máfia das creches.
“Para mim não tem problema ser expulso de um lugar em que eu não posso falar”, afirmou.
Marçal postou em rede social um vídeo que mostra uma reação de Duda Lima, que coloca a mão sobre o celular que o está gravando. Não fica claro em que momento isso aconteceu. Segundo o influenciador, seria o início da confusão no estúdio.
Após prestar depoimento para a polícia, Nahuel afirmou que foi provocado. Ele disse que o assessor de Nunes xingava o autodenominado ex-coach e tentava “passar um código” para o prefeito durante o evento no Flow.
O agressor alega que tentou filmar o momento em que o assessor de Nunes se comunicava com o candidato do MDB. Ele diz que queria mostrar como “marqueteiros agem pelas costas e como eles criam toda essa narrativa e manipulam tudo”. Nesse momento, Duda teria pegado seu celular e se afastado.
“O que eu fiz foi só me defender. Eu tô aqui [na delegacia] agora, mas talvez eu estivesse em casa se tivesse usado uma cadeira igual aconteceu com o [José Luiz] Datena [que jogou uma cadeira em Marçal no debate promovido pela TV Cultura].”
Após o incidente no estúdio, Duda Lima foi levado ao Hospital Israelita Albert Einstein, no Morumbi (zona oeste), acompanhado de Nunes. Ele deixou o local por volta das 2h45 desta terça-feira (24) e passou na delegacia.
Segundo a assessoria da campanha do prefeito, os médicos deram pontos no rosto do marqueteiro, que também foi submetido a uma tomografia e passa bem. Duda e Nunes saíram do hospital sem falar com a imprensa que esperava na porta.
Por volta das 3h, o marqueteiro chegou à delegacia para prestar depoimento. Ele, novamente, preferiu não falar com a imprensa.
Após o debate, Tabata Amaral (PSB), Marina Helena (Novo) e Guilherme Boulos (PSOL) lamentaram a agressão ao marqueteiro de Nunes. Tabata afirmou que Marçal incitou violência mais uma vez, e que faz isso por não ter nada a dizer sobre a cidade.
“Fica claro que quando Marçal não tá dando espetáculo, showzinho de merda dele, para aparecer e ganhar dinheiro, ele não tem nada a dizer. […]”, afirmou a deputada federal. “Pablo Marçal incita a violência desde o dia 0.”
“A gente vê o assessor do Nunes saindo daqui ensanguentado. A pessoa de maior bom senso aqui foi um cidadão comum que deu voz de prisão ao agressor, o que, aliás, deveria ter acontecido na situação da cadeira no outro debate”, disse Marina Helena.
Antes da confusão, o debate teve Nunes como alvo dos rivais e Marçal defendendo Jair Bolsonaro (PL) pela atuação na pandemia da Covid-19.
Em um formato sem perguntas entre os concorrentes e promovido pelo Flow em parceria com o Nexo Governamental XI de Agosto, projeto da Faculdade de Direito da USP, o evento foi o primeiro do tipo realizado por um podcast.
O atual prefeito foi o mais citado pelos adversários. Ao responder sobre segurança, Boulos afirmou ser preciso “desfazer fake news de candidatos que não conseguem diferenciar o tratamento para traficante e usuário”. Nunes tem relacionado o candidato do PSOL ao consumo de drogas.
Boulos também provocou o vice na chapa do prefeito, o coronel Ricardo Mello Araújo (PL), por causa de uma frase dita pelo policial em 2017 na qual defendia diferentes tratamentos para moradores de bairros ricos e pobres.
Datena e Tabata tampouco pouparam críticas a Nunes. O prefeito afirmou que os adversários “nunca fizeram nada, só têm crítica, como gostam de falar mal da nossa cidade”.
O episódio da cadeirada foi lembrado logo no início do programa. “Nenhuma cadeira está parafusada, nenhuma banqueta está presa, porque nós não temos nenhuma preocupação, nossa preocupação é fazer um debate legal”, disse Tramontina.
O candidato do PRTB ainda defendeu Bolsonaro, que oficialmente apoia Nunes, ao responder sobre vacinação obrigatória.
“A pandemia foi tratada com muita politização, tanto é que a pergunta já foi direcionada para o Bolsonaro e ele não está aqui para responder. Mas eu imagino que ele fez todas as coisas que ele fez tentando acertar”, disse.
O ex-presidente minimizou os impactos da pandemia, propagou discurso negacionista e usou palavras “histeria” e “fantasia” para classificar a reação da população e da imprensa ao vírus.
Na última semana, numa tentativa de mirar o eleitorado da direita bolsonarista, Nunes flexibilizou sua opinião sobre a vacinação. Afirmou que se arrepende do passaporte da vacina –no debate, porém, em que as perguntas foram sorteadas, ele não respondeu sobre o tema.
Fonte: Folha de S. Paulo
Matéria completa AQUI.