+
Política

Bolsonarista Gustavo Gayer é alvo de buscas da PF sob suspeita de desvio de cota parlamentar

deputado federal bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO) foi alvo de busca e apreensão nesta sexta (25) em uma operação da Polícia Federal sobre desvio de cota parlamentar na Câmara dos Deputados.

As medidas foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

As buscas foram em um endereço do deputado em Goiânia e no apartamento funcional em Brasília. A PF também fez busca na residência de funcionários do parlamentar —em um dos endereços de um assessor, os policiais encontraram cerca de R$ 72 mil em dinheiro.

Em um vídeo postado em sua conta no Instagram após a busca da PF, Gayer atacou a corporação, o ministro Moraes e disse não se envergonhar de ter sido alvo da operação.

“Não me envergonho de ter recebido a PF na minha casa hoje, mas me envergonho das pessoas, senadores, que poderiam estar lutando para acabar com essa ditadura e optam por não fazer nada”, afirmou.

Deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) durante live nas redes sociais
Deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) durante live nas redes sociais – Reprodução/Instagram/@gusgayer

Segundo a PF, a ação tem como objetivo “desarticular associação criminosa voltada para desvio de recursos públicos (cota parlamentar), além de falsificação de documentos para criação de (Oscip) Organização de Sociedade Civil de Interesse Público.”

O inquérito foi aberto após a PF encontrar mensagens sobre os desvios no celular de José Paulo de Sousa Cavalcante cuja empresa foi contratada pelo gabinete de Gayer. O celular do empresário foi empreendido na investigação sobre financiadores dos ataques aos prédios públicos em 8 de janeiro de 2023.

Durante a apuração, a PF apontou que o grupo tentava comprar uma associação com mais de dez anos para transformá-la em Oscip, que receberia as verbas da Câmara dos Deputados.

Como somente Oscips já atuantes por um determinado tempo podem receber esses valores, e a criada por eles não atendia a esse critério temporal, eles teriam falsificado documentos utilizados pela organização.

A polícia também cita provas de que o parlamentar utilizava verba pública para custear o aluguel de um imóvel em que funcionava uma escola de inglês e onde está registrada uma loja chamada DESFAZUELI, que seria de propriedade de sua família.

Sobre essa irregularidade, a PF encontrou uma conversa entre assessores de Gayer em que eles demonstram preocupação com o uso ilegal dos valores.

“Ou seja, a escola tá sendo paga com recurso público e tá sendo usada pra um fim totalmente que tipo não existe né, num tem como ser assim e aí eles vão levando. ou seja, ainda não entenderam a gravidade”, disse um dos assessores durante a conversa.

No mesmo diálogo, eles citam o fato de o deputado estar pregando como bolsonarista uma forma de agir enquanto praticava os desvios.

Ao autorizar as buscas, Moraes afirma que elas são necessárias para o “aprofundamento da investigação da associação criminosa centrada no deputado federal Gustavo Gayer e composta por seus assessores parlamentares e outros investigados, responsável, em tese, por condutas criminosas que lesaram e continuam a lesar o erário em diversas frentes de atuação”.

A PF afirma em seu pedido que em se tratando de cota parlamentar, a “figura central da organização não podia ser outro senão o membro do Legislativo”.

“No caso concreto, identificou-se com nitidez que Gustavo Gayer era quem dava a última palavra (-autoria intelectual”, diz o pedido de busca da PF.

Dinheiro apreendido pela PF com assessor do deputado Gustavo Gayer (PL-GO)
Foto dos R$ 72 mil apreendidos com assessor do deputado Gustavo Gayer (PL-GO) em operação da PF – Divulgação

As buscas foram cumpridas por cerca de 60 policiais federais. Além do mandado contra Gayer, outras 18 ordens de busca foram expedidas pelo Supremo para cumprimento em Brasília, Cidade Ocidental (GO), Valparaíso de Goiás (GO), Aparecida de Goiânia (GO) e Goiânia.

São investigados os crimes de associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documento particular e peculato-desvio.

A ação da PF foi batizada de “Discalculia”, como é chamado o transtorno de aprendizagem relacionado a números.

A escolha, diz a PF, se deu em alusão a falsificação na Ata de Assembleia da constituição da Oscip, onde foi colocada a data retroativa (ano de 2003). A falsificação, no entanto, ficou exposta uma vez que os integrantes do quadro societário eram crianças de 1 a 9 anos à época.

Sobre Moraes, o parlamentar afirmou que o ministro transformou a PF em “jagunços de um ditador”.

“Alexandre de Moraes, não sei se o senhor já percebeu, mas quando você manda fazer busca na casa de alguém, essa pessoa é como se recebesse naquele momento o carimbo de honesto. Como se naquele momento estivesse recebendo o carimbo de pessoa idônea, honesta que luta pela democracia e para libertar o Brasil”, afirmou.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.