Cada um dá o que tem
Cada um dá o que tem. Acho que todos já ouviram essa frase por aí.
Ainda ressoa nos meus ouvidos palavras ditas por gaúchos e outros sulistas sobre nordestinos. Que precisávamos ser vítimas de uma catástrofe para que fôssemos destruídos, que deveríamos morrer, que não servíamos para nada, que não deveríamos morar no Sul ou Sudeste, porque não éramos – e ainda não somos – bem-vindos por aquelas bandas.
Mas o nordestino tem uma aura diferente. Ele se comove com o sofrimento alheio. Na catástrofe, longe de devolvermos o insulto, a região inteira se mobiliza num gesto de extrema solidariedade e se comove com o infortúnio dos agressores.
A Paraíba, em particular, tem dado sobradas mostras de solidariedade e compaixão. Não falo apenas do Governo do Estado, que enviou uma equipe de Bombeiros e equipamentos para buscas e salvamentos, mas também da ação de cada paraibano que envia dinheiro, roupas, agasalhos, água, cobertores. Falo dos empresários que também enviam mantimentos àquelas famílias.
Esse ódio que aquela região exala contra nortistas e nordestinos, além de ter uma raiz histórica, tem também um fator político. Bolsonaro não gosta de nordestinos, e passa isso para seus seguidores, que sequer questionam se isso reflete um comportamento cristão. Antes, era algo até certo ponto suportável, porque poucos queriam mostrar esse lado desumano e odioso. Agora, muitos fazem questão de mostrar seu lado perverso. Parece até que virou moda.
O Nordeste, ao contrário, mostra seu melhor lado: o da compaixão, da afetuosidade, da empatia. E assim devemos continuar a ser e a agir. Ajudando a quem necessita. Sem sentimento mesquinho. Exercendo o melhor de nossa humanidade.
Porque cada um dá o que tem.
Por Gisa Veiga