Casos de arboviroses cresceram 65% na Paraíba
A chikungunya e a dengue puxaram a alta nas notificações de arboviroses no ano passado. Os registros da Secretaria de Estado da Saúde (SES) mostraram que o número de arboviroses chegou a 47.378 ao longo de 2022, o que representou uma alta de 65% se comparado com 2021, quando houve 28.674 notificações. A chikungunya teve alta de 75% na análise entre os dois anos, saindo de 10.739 notificações em 2021, para 18.816 no ano passado. A segunda maior alta, 74%, foi de dengue, que em 2021 teve 16.096 registros e no ano passado subiu para 27.939. Já os dados referentes à zika apresentaram queda de 66%, com 1.838 notificações em 2021 e apenas 623 no ano passado. (via A União*)
A enfermeira Carla Jaciara Jaruzo, da área técnica da SES, explicou que no ano passado houve um trabalho maior para se intensificar o número de notificações das arboviroses em todo o Estado, aumentando a busca ativa dos profissionais de saúde e também estimulando a população a procurar as unidades de saúde para que as notificações fossem realizadas, daí o registro maior de casos. “Sem falar que em 2021 estávamos no pico da pandemia, e isso repercutiu no número dos registros”, explicou.
Com relação à redução percebida nas notificações de zika, Carla Jaciara contou que a SES realizou no ano passado uma espécie de “limpeza” nos dados, computando realmente os casos confirmados, excluindo os que estavam sob suspeita. Como, historicamente, a dengue sempre ocorre em maior volume, já que a pessoa pode contrair a doença até quatro vezes, os dados continuaram em alta.
A enfermeira alertou a população, para que não deixe objetos acumulando água em casa. Essa atitude é essencial para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da zika, dengue e chikungunya. “É importante que as pessoas estejam atentas, principalmente no quintal de casa para não deixarem água parada. Não se deve deixar objeto que acumule água espalhado, seja tampinha de garrafa, brinquedo de criança ou outro recipiente. É importante vedar bem as caixas d’água, limpar as calhas das casas, e se for guardar garrafas deve colocá-las de boca para baixo”.
Ela contou que crianças, idosos e grávidas são as pessoas que requerem mais cuidados com relação às arboviroses. Segundo Carla Jaciara, caso alguém saiba da existência de qualquer residência que esteja com água acumulada, depósito sem tampa, que possa ser criadouro do mosquito Aedes aegypti, deve procurar as secretarias de seus municípios para fazer a denúncia.
Confira os números de arboviroses no Estado da Paraíba segundo o Boletim Epidemiológico divulgado pela SES
Arboviroses | Ano 2022 | Ano 2021 | Variação |
Dengue | 16.096 | 27.939 | +74% |
Chikungunya | 10.739 | 18.816 | +75% |
Zika | 1.839 | 623 | -66% |
Total de notificações | 28.674 | 47.378 | +65% |
Fonte: Boletim Epidemiológico divulgado pela SES |
Saiba Mais
Em João Pessoa, foram registrados 13.942 casos de arboviroses no ano passado e 11.913 em 2021, o que resultou em um aumento de 17%. Os casos de dengue passaram de 7.854 em 2021 para 10.870 no ano passado, resultando numa alta de 38%. As notificações relativas à zica saíram de 246 em 2021, para 132 no ano passado, apresentando queda de 46%. E os registros de chikungunya saíram de 3.813 em 2021 para 2.940 em 2022, também registrando redução de quase 23%. Os lugares com maior incidência de arboviroses foram Mangabeira, Roger, Bairro dos Estados e Ipês.
População
Em João Pessoa, basta circular por alguns bairros para registrar lixo jogado aleatoriamente em calçadas e em terrenos desocupados, o que pode resultar em possíveis criadouros do Aedes aegypti. Um exemplo é no bairro de Cruz das Armas, por trás do cemitério São José. A situação no local é preocupante segundo os moradores, pois além de garrafas e sacos plásticos, pneus, restos de móveis e de calçados, há quem jogue até animais mortos e rejeitos de frango. Não é difícil encontrar no trajeto vários urubus que são atraídos pela carniça.
“Moro aqui há mais de 20 anos e sempre vejo um monte de lixo por trás do cemitério. O mau cheiro por lá é forte. Isso é errado demais. Jogam de tudo, até bicho morto. A coleta de lixo é feita três vezes por semana, mas vem gente de longe com o transporte e despeja o que quer na rua. Isso atrai mosquitos e mosca”, declarou o aposentado Severino Oswaldo Gomes.
Outro colega de Severino é o aposentado Marco Coutinho. Ele mora um pouco mais distante do Cemitério São José, próximo à UPA de Cruz das Armas, onde tem um terreno baldio na rua que fica atrás da unidade de saúde. Ele disse que nesse terreno também acumula muito lixo e, apear de a equipe da prefeitura limpar, o pessoal volta a poluir o local. Severino sofre de doença cardíaca e confessou que teme pegar uma arbovirose. “Se eu pegar uma zika ou chikunguya acho que morro, por causa do problema que tenho no coração. Por aqui o que não falta é sujeira nesse terreno e à noite, principalmente, a gente não aguenta as muriçocas”.
Já Francisco de Assis, um dos moradores do local, contou que para poder dormir, precisa ligar o ventilador. “Isso espanta um pouco as muriçocas. Aqui no terreno o que não falta é tampa de garrafa, embalagem descartável e quando chove alaga tudo. Isso pode formar criadouro de mosquito”.
No sentido Centro/Bairro, na rua por trás da distribuidora de alimentos Nordesa, em Cruz das Armas, outro exemplo de acúmulo de detritos é visto na calçada. São embalagens pets, sacolas plásticas e outros objetos espalhados pelo chão. Apesar de ter uma placa avisando que é “proibido jogar lixo”, o que se vê é outra coisa. “Nunca falta lixo aqui. Minha irmã mora nessa rua e há três meses teve dengue. O carro do lixo passa, mas o pessoal não respeita a placa”, disse a dona de casa Djaneide Camelo dos Santos.
Matéria transcrita do jornal A União e assinada por Alexsandra Tavares