CMJP discute conscientização sobre a doença de Parkinson
A sessão de autoria do vereador Odon Bezerra (PSB) contou com a presença de profissionais da saúde e portadores da doença para a difusão do movimento “Tulipa Vermelha”
A Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) discutiu, na manhã desta sexta-feira (2), a conscientização sobre a doença de Parkinson durante sessão especial. De autoria de Odon Bezerra (PSB), a sessão contou com profissionais da área de saúde e portadores da doença para a difusão do movimento “Tulipa Vermelha”, voltado para o mês de sensibilização da doença de Parkinson, que é abril.
Odon Bezerra destacou que no Brasil existem mais de 200 mil pessoas com Parkinson, uma patologia degenerativa, progressiva e incurável que atinge o sistema nervoso central. Ele explicou que teve contato mais aprofundado com o tema quando foi procurado por um jovem portador da doença que lhe solicitou que fizesse uma ação de conscientização na cidade.
“Precisamos de solidariedade, atenção, respeito e medicação. A população de João Pessoa pode ter a plena certeza de ter em mim um advogado para trabalhar esse tema e divulgá-lo massivamente. É preciso que João Pessoa acorde para um tema tão vivo para as pessoas portadoras da doença”, declarou o parlamentar, que teve sancionado pelo Executivo Municipal de projeto de sua autoria que institui abril como o mês da conscientização sobre a doença de Parkinson, denominado “Tulipa Vermelha”, a Lei 14.771/2023.
O neurocirurgião Emerson Magno de Andrade destacou a relevância da conscientização do tema: “Muitas vezes o diagnóstico é dificultado pelo estigma de achar que é uma preocupação exclusiva de pacientes idosos. Quando existe um diagnóstico precoce, perde-se o medo e passa-se a enfrentar o preconceito que existe. Isso é importante porque pode mudar completamente a vida daquela pessoa”.
Segundo Odon, muitos desses pacientes na Paraíba residem no interior, não têm acesso a serviços de referência e acabam sendo tratados incorretamente.
O Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) e o Hospital Metropolitano foram citados como centros em que existe ambulatório especializado em distúrbios do movimento, onde há também o acompanhamento desses pacientes. “O mais importante é fazer com que esse paciente tenha uma vida plena e efetiva”, pontuou.
O neurologista Alex Meira destacou que na Paraíba cerca de cinco mil pessoas convivem com a doença. Ele ressaltou ainda a importância da criação de um centro de tratamento com equipe multidisciplinar. “Falta na Paraíba um centro especializado. Temos muitas pesquisas sendo realizadas no estado com pacientes que convivem com a doença e um centro de tratamento auxiliaria ainda mais o desenvolvimento dessas pesquisas”, declarou.
Ressaltando a atuação de equipes multidisciplinares no tratamento da doença, a fonoaudióloga Danielle Melo relatou: “Estou aqui representando a Policlínica Municipal de Mangabeira, onde temos uma equipe multiprofissional, com geriatras, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, e a gente faz com muito prazer os momentos de ‘sala de espera’, informando sobre patologias, como tratar, como a gente consegue ajudar esses pacientes. Então, aqueles pacientes que têm essa necessidade, podem ser encaminhados pelo PSF, e, através do PSF, são agendados para as policlínicas”. Ela ainda contou que pretendem, nos próximos anos, fazer um ‘Dia da Tulipa Vermelha’.
“O [movimento] Tulipa Vermelha pode conscientizar a população sobre essa doença que pode ser desenvolvida por qualquer um de nós, inclusive pessoas jovens”, afirmou o representante da Academia Paraibana de Medicina, o médico ginecologista e obstetra Geraldez Tomaz. Ele identificou ainda que o estrogênio melhora o tratamento da doença em mulheres na fase do climatério. “Estrogênio, como o estradiol, dá resultados espetaculares. Sabemos que há medicamentos que melhoram sensivelmente os acometidos de Parkinson”, relatou o médico, salientando ainda a importância da atividade física no tratamento: “É transcendental”.
Parkinsonianos expõem experiências com a doença
Segundo relatou o vereador Odon, Fabrício, que é colaborador do ‘Projeto Vibrar Parkinson’, entidade que faz discussões em nível nacional para que se implante o projeto da Tulipa Vermelha, foi a pessoa que o subsidiou quanto ao tema, apresentando modelos e justificativas de lei. Fabrício foi diagnosticado com Parkinson precocemente, quando tinha 34 anos. Hoje, aos 48, é alguém que batalha pela conscientização: “É bom ver que estamos nos movimentando para mudar a visão a respeito do Parkinson. A inexistência de campanhas efetivas do Ministério da Saúde para conscientizar a população faz a sociedade associar a doença aos idosos e ao tremor. Ao contrário do que se imagina, o Parkinson pode causar uma série de sintomas e também pode acometer pessoas jovens, com idade inferior a 45 anos”.
A professora de educação física de 51 anos, Micheline, relatou como foi se descobrir acometida pela doença. “O Parkinson chegou na minha vida há dois anos. Passei por quatro neurologistas, não acreditei”, afirmou, contando que chegou a passar dois meses sem andar. “Sou forte, corajosa, ousada e confio no senhor nosso Deus. Vamos à luta!”, declarou, acrescentando que quer melhorar para ajudar outras pessoas.