Comitiva brasileira vai discutir ataques à democracia e embate com Musk no Congresso dos EUA
Uma comitiva de congressistas brasileiros liderada pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPI do 8 de janeiro, vai a Washington na próxima semana discutir com parlamentares americanos envolvidos na investigação da invasão ao Capitólio os ataques à democracia nos dois países.
O embate recente entre o bilionário Elon Musk, dono do X (ex-Twitter), e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes também deve ser abordado nas conversas. Na semana passada, uma comissão do Congresso dos EUA divulgou um relatório que expôs decisões do magistrado que tinham sido obtidas por meio de intimação à rede social.
Integram a delegação o senador Humberto Costa (PT-PE) e os deputados Jandira Feghali (PC do B-RJ), Henrique Vieira (PSOL-RJ), Rafael Brito (MDB-AL) e Rogério Correia (PT-MG). A visita ocorre entre a próxima segunda (29) e 2 de maio.
O grupo vai se encontrar com o deputado democrata Jamie Raskin, integrante do comitê da Câmara que investigou a invasão de 6 de janeiro de 2021 e que foi líder da acusação no segundo processo de impeachment contra o ex-presidente Donald Trump. A ideia é que outros políticos americanos também participem da reunião, mas os nomes ainda não foram confirmados.
Essa não é a primeira vez que deputados envolvidos nas investigações do 8 e do 6 de janeiro conversam —uma reunião virtual ocorreu em maio passado com Raskin e, em agosto, uma delegação americana liderada pela deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez esteve em Brasília, onde as respostas aos ataques também foram discutidas.
Eliziane afirma que a proposta é tratar dos desdobramentos das duas comissões, considerando a conclusão do relatório elaborado por ela no final do ano passado. “A ideia agora é fazer um debate aprofundado, que pode levar a bons resultados em relação ao fortalecimento da democracia e o combate às fake news”, diz.
Além da reunião com os congressistas americanos, a comitiva vai se encontrar com a secretaria-executiva da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, participar de um evento com a sociedade civil e se reunir com a embaixada brasileira.
Outras agendas estão sendo organizadas, mas ainda não confirmadas, com o senador Bernie Sanders e os deputados Ocasio-Cortez, Susan Wild, Jim McGovern, Sydney Kamlager-Dove, Joaquin Castro, Cori Bush e Chuy Garcia.
Também apoia a iniciativa o Washington Brazil Office (WBO), centro de pesquisas que funciona como ponte entre organizações brasileiras e a capital americana.
A viagem acontece pouco mais de um mês após a passagem por Washington de uma outra delegação, liderada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que também se propunha a discutir supostos ataques à democracia –mas pelo governo Lula (PT) e o STF. O filho do ex-presidente incluiu no tour um jantar com Trump na Flórida.
Na ocasião, o grupo participaria de uma audiência intitulada “Brasil: Uma crise da democracia, da liberdade e do Estado de Direito?” na Comissão de Direitos Humanos do Legislativo americano. O evento, no entanto, foi barrado por McGovern, copresidente democrata do órgão, que desde então se tornou alvo de bolsonaristas.
O filho do ex-presidente coordena uma ofensiva internacional para angariar apoio a alegações de perseguição e censura no Brasil. Além de visitas frequentes a Washington —houve ao menos outras duas, em novembro e fevereiro—, ele esteve no início do mês em Bruxelas (Bélgica), em missão ao Parlamento Europeu. O embate entre o Musk e Moraes foi um dos temas centrais das conversas.
Folha/UOL
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
“Demorô, A esquerda brasileira está dormindo em berço esplêndido” !
Tem que haver um levante a nível mundial contra essa extrema direita asquerosa!