Crimes cibernéticos miram políticos paraibanos
As formas de aplicar golpes tem sofrido as mais diversas variações e ficado cada vez mais sofisticadas. No Brasil, o principal meio para aplicá-los, tem sido a internet. (via jornal A União, edição deste domingo, 19/3).
Os chamados cibercrimes fazem vítimas que vão desde o vice-governador Lucas Ribeiro (PP) até o Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB). Durante a mesma semana, o político teve sua imagem utilizada por golpistas nas redes sociais, e o órgão precisou divulgar um alerta para os credores de precatórios ficarem atentos a esse tipo de crime.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), tem se tornado cada vez mais fácil cair em algum golpe devido a criatividade e sofisticação com que eles têm sido desenvolvidos. No entanto, aqueles que têm dificuldade em utilizar plataformas e ferramentas digitais ficam ainda mais vulneráveis nas mãos dos golpistas.
Na última quarta-feira (17), o vice-governador da Paraíba, Lucas Ribeiro, publicou nas suas redes sociais que teve sua imagem utilizada no WhatsApp por golpistas que tentaram extorquir dinheiro da população em seu nome. Ele alertou que todo contato feito pelo seu gabinete é feito pelos meios oficiais e o número utilizado é falso.
Essa não é a primeira vez que pessoas e até mesmo órgãos públicos têm sua imagem utilizada dessa forma. Durante a mesma semana que Lucas Ribeiro divulgou o caso, o Tribunal de Justiça da Paraíba precisou alertar a população para golpes contra credores de precatórios. Segundo a Gerência de Precatórios, as quadrilhas digitais atuaram por meio do WhatsApp, usando o argumento de que a vítima precisa pagar uma guia ou fazer um pagamento via pix, em nome de terceiros, para que o credor e vítima tenham seu precatório liberado.
Conforme o professor do Centro de Informática da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Carlos Eduardo Batista, esse é o tipo de golpe mais comum no Brasil. “Entre os golpes mais populares está o ‘phishing’, que consiste em golpistas enviando mensagens falsas para obter informações pessoais ou financeiras. No Brasil, temos o golpe que ocorre a partir de aplicativos de mensagem, como o WhatsApp, no qual os golpistas se aproveitam de informações obtidas em vazamentos de dados para se passar por outra pessoa e solicitar pagamentos”, explicou.
Segundo o especialista, é importante ficar atento para algumas funções dos próprios aplicativos que podem contribuir para fortalecer a segurança. “O WhatsApp possui um mecanismo que notifica os contatos quando um usuário muda de número, então é importante sempre desconfiar de contatos de números estranhos que se apresentam como pessoas conhecidas”, disse.
Outras formas de evitar cair em golpes cibernéticos sugeridas pelo professor é adotar medidas de segurança, como verificar a autenticidade dos sites ou mensagens; não compartilhar informações pessoais ou financeiras via aplicativos de mensagem e manter o software de segurança dos dispositivos atualizado.
Em relação ao WhatsApp, rede social mais utilizada pelos golpistas, Carlos Eduardo recomenda as seguintes medidas: ativar a confirmação de duas etapas do WhatsApp; ter um e-mail para redefinir as senhas e códigos, não compartilhar códigos de autenticação da conta com outras pessoas; ter uma senha para seu aparelho ser desbloqueado apenas por você; ocultar as fotos de perfil do WhatsApp, deixando-a visível apenas para contatos.
“Também é necessário instalar um antivírus capaz de identificar ameaças enviadas ao seu celular, desconfiar de mensagens diferentes das que você está acostumado a trocar com seus contatos e não clicar em links suspeitos. Caso a foto de perfil do contato esteja vinculada a um número que você não tem na sua agenda, é recomendável entrar em contato com a pessoa pelo número anterior antes de realizar qualquer ação”, alertou.
No que diz respeito às demais redes sociais, é possível reforçar a segurança adotando medidas de privacidade. “Como limitar o acesso das pessoas a informações pessoais e sensíveis (a rotina, o endereço, telefone, e-mail e dados financeiros). É importante adotar senhas fortes e diferentes para cada uma das contas das redes sociais, e também verificar regularmente as suas configurações de privacidade”, reforçou o especialista.
Além da atenção redobrada nas mensagens recebidas, nas informações repassadas e no que é divulgado a seu respeito, observar onde clica também é essencial. Segundo Carlos Eduardo, vírus e malwares (software malicioso) são muito utilizados para golpes em celulares e outros dispositivos digitais.
“Eles se apresentam na forma de Trojan, Ransomware, Adware e Phishing. O Trojan se disfarça como um aplicativo legítimo para coletar informações pessoais ou financeiras sem o conhecimento do usuário (recentemente o vírus Hook afetou milhares de celulares no mundo). O Ransomware sequestra dados do dispositivo e exige um resgate para a liberação dos dados. Adwares exibem anúncios indesejados, podendo causar lentidão e prejudicar a experiência do usuário. Já os malwares e vírus que usam Phishing empregam engenharia social (interfaces maliciosas) para obter informações pessoais ou financeiras do usuário”, comentou.
Para evitar a infecção do aparelho, o professor enfatizou que é importante evitar clicar em links suspeitos ou baixar aplicativos de fontes desconhecidas, além de manter seus softwares e sistemas operacionais sempre atualizados.
O que o consumidor pode fazer?
É possível que políticas públicas sejam aplicadas para melhorar a experiência do consumidor e proteger a população de crimes cibernéticos? De acordo com o vereador Odon Bezerra (PSB), que também é professor de direito do consumidor, é necessário realizar mudanças na legislação federal para resolver ou amenizar o problema.
No entanto, apesar de fugir da competência da Câmara de Vereadores, o parlamentar ressaltou que é necessário educar e informar a população que existe esse tipo de golpe. Segundo ele, é necessário que a vítima nunca se intimide e sempre denuncie. “É preciso que ela busque a delegacia mais próxima da sua casa e registre um boletim de ocorrência e peça a investigação do caso”.
O parlamentar alertou, para um caso recente que precisou lidar, onde a imagem de uma pessoa foi utilizada em um site pornográfico, e foi usado de extorsão para retirar do ar. “Essa pessoa conseguiu imediatamente, através da delegaci,a a retirada do site, do nome dela e das fotos, que se apresentava como uma pessoa profissional do sexo, imagine o constrangimento. O bandido passou a exigir dessas pessoas quantias. Então o recomendado, a única e exclusiva alternativa, é procurar imediatamente a polícia para que ela tome as providências necessárias e possa colocar esse bandido na cadeia”, disse.
Na Assembleia Legislativa da Paraíba, o deputado estadual Jutay Meneses (Republicanos), atuante na defesa dos direitos dos consumidores, comentou, em entrevista ao jornal A União, sobre os principais cuidados que a população deve tomar. “Que as pessoas busquem verificar as informações nos canais oficiais dos bancos, operadoras de cartão, telefonia, e qualquer suposta empresa que venha oferecer algum tipo de produto ou serviço que pareça uma atividade suspeita”.
Ele também se mostrou preocupado com os idosos, que são os que mais costumam ser vítimas desse tipo de ação criminosa, e reforçou que familiares devem ajudar a garantir a proteção dos dados bancários e outras informações sigilosas dos aposentados e pensionistas. “Idosos precisam ser orientados a não compartilhar qualquer informação com desconhecidos”.
Matéria assinada por Iluska Cavalcante