Entre os que acreditam e os que não acreditam, o covid-19 vem ceifando vidas e aquecendo debates no mundo, no Brasil e na Paraíba
Tem sido intensa e conflitante a guerra de opiniões sobre a letalidade, contaminação e providências que evolvem a pandemia, que tem assustado e ceifado vidas pelo planeta.
Aqui na Paraíba e, em particular na capital, o debate tem sido intenso, acalorado e politizado com opiniões, as mais divergentes, engrossando o caldo das discussões como se pode atestar pelas declarações que serão reproduzidas neste espaço.
A mais intensa e de maior visibilidade e consequências e ainda mais impactantes foi a que envolveu o ministro da Saúde, Luiz Mandeta, e o presidente Bolsonaro, o que pode provocar a queda do ministro pelas turbulências provocadas, um desprezando a gravidade da situação e o outro alertando.
Ministro e presidente se engalfinharam numa disputa de opiniões, que revela a ferocidade que o tema mergulhou o país e que terminou por adquirir conotação política com fumos de golpe e desestabilização do Governo visto como reacionário e truculento por uma expressiva parcela da população.
Aqui não podia ser diferente e as medidas implementadas pelo governador João Azevedo e pelos prefeitos, notadamente os das duas maiores cidades, Campina e João Pessoa, exacerbaram os ânimos e muita gente correu às redes sociais para tecer críticas e apoio aos decretos promulgados, restringindo e coibindo atividades comerciais e empresariais, como também os meios de locomoção da população.
Um conflito onde pontos de vistas são expostos, não faltando razão às partes em conflito, o que torna mais aceso ainda o debate sobre a pandemia.
Dois exemplos dessa discussão acendrada, que expõe bem as divergências em pauta, são as opiniões alegadas pelo secretário de Saúde do Município, Adalberto Fulgêncio, que, em áudio divulgado nas redes sociais, reconhece a contaminação generalizada da capital paraibana e pede e adverte a população para permanecer em casa como única forma de prevenir o coronavírus.
Fulgêncio é a maior autoridade em saúde pública do município, já que comanda a pasta de Saúde, e o conteúdo do seu áudio é de uma gravidade que estarrece porque revela a intensidade com que a pandemia teria se instalado e se espalhado na cidade apesar de todas as medidas preventivas que foram adotadas com bastante antecedência.
Por outro lado, o defensor particular, José Espínola, contumaz altercador sempre respaldado em conceitos jurídicos, enxerga exagero nas medidas adotadas e identifica equívocos nos decretos promovidos pelo Governo e por Prefeituras Municipais que, no seu ponto de vista fere a Constituição e atropela direitos legais, por confundir os preceitos de quarentena.
Na sua opinião, a quarentena é uma medida extrema tomada pelas autoridades sanitárias para separar doentes de sadios, o que não estaria ocorrendo agora quando todo mundo está sendo atingido pelas restrições, misturando doentes e sadios num bolo só, o que termina por ferir o mais sagrados dos princípios constitucionais, que é o de ir e vir, que garante a liberdade de locomoção do cidadão.
Ele se mostra revoltado principalmente com as medidas restritivas, que estariam impedindo o comercio, empresas e setores de serviço de desempenharem suas atividades, o que pode mergulhar o país numa crise econômica, cujas consequências podem ser tão ou mais graves do que a pandemia.
Nesse cenário de razões e contrarrazões, de certezas e incertezas, ninguém sabe se acontece ou não a expansão da doença, se são ou não exorbitantes as medidas, por isso o melhor é fazer como os espanhóis em relação às bruxas: “não acreditamos nelas, mas que elas existem, existem”.
Expomos áudio e vídeo onde as opiniões contrárias se manifestam esquentando debate sobre a pandemia