Espaço verde da Bica preserva biodiversidade em área central da cidade de João Pessoa
O Dia Internacional da Biodiversidade, celebrado neste domingo (22), foi criado em 1992 pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de chamar a atenção da população e gerar conscientização a respeito da importância de preservar a biodiversidade. A data foi escolhida devido à aprovação do texto final da Convenção da Diversidade Biológica, ocorrida no Rio de Janeiro, do mesmo ano.
Em João Pessoa, um dos valorosos espaços de conservação da biodiversidade pode ser encontrado bem no centro da cidade. Trata-se do Parque Zoobotânico Arruda Câmara, uma reserva com área de 26,8 hectares, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep) desde 26 de agosto de 1980. Popularmente chamado de Bica, em virtude de uma fonte natural de água potável, esse santuário ecológico possui em sua área vários aspectos que favorecem a biodiversidade, como suas fontes de águas correntes, sua flora diversificada, com árvores seculares de espécies nativas e medicinais, onde abriga inúmeras espécies de animais, entre aves, répteis, peixes, mamíferos e primatas. Por essa razão, em 1999, o primeiro Parque Urbano Municipal de João Pessoa recebeu do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), o título de Parque Zoobotânico.
Já em novembro de 2021, o espaço, administrado pela Prefeitura de João Pessoa, também conquistou o importante título de Posto Avançado da Reserva Biosfera da Mata Atlântica (PARBMA). Com o título, o Parque adquire o reconhecimento que possui um conjunto de porções de ecossistemas terrestres remanescentes de Mata Atlântica e que contribui para a conservação da biodiversidade, pesquisa, educação ambiental e promoção do desenvolvimento sustentável.
“Aqui existe todo um cuidado de conservação da natureza do local, preservando ao máximo, sem prejudicar o ecossistema existente no lugar. Não à toa, o Parque conquistou recentemente o título de Posto Avançado da Reserva da Biosfera, o que o torna uma referência para estudantes e pesquisadores da área ambiental. Esse título é um reconhecimento do trabalho de conservação e recuperação com foco na fauna e flora do lugar”, ressalta Rodrigo Fagundes, diretor da Bica.
Neide Marthins, bióloga e chefe do setor de botânica do Parque, destaca que a preservação das áreas verdes urbanas vem ganhando importância para a proteção da biodiversidade. “A arborização e os bosques existentes no parque são o habitat de algumas espécies nativas e podem servir como área de passagem e descanso para espécies migratórias. Muitas delas se beneficiam dessa área, como aves, insetos, pequenos mamíferos e muitas espécies de plantas, algumas em risco de extinção”, afirma.
Artur Carreiro, médico veterinário de animais silvestres, professor e pesquisador na área de biodiversidade de animais de vida livre, que sempre leva seus alunos para aula de campo no Parque, ressalta a importância do local, que considera uma arca para conservação de material genético de diversas espécies nativas.
“Atualmente, fora dos muros dos zoológicos, temos perdidos diversos fragmentos, não só de Mata Atlântica, mas também de Floresta Amazônica e da Caatinga. Isso tem afetado muito nossos ecossistemas, na manutenção da vida da fauna e da flora. E, a partir do momento que vamos invadindo esses biomas, começamos a nos inserir em ciclos de zoonoses e de doenças que até então ainda eram controladas nesses fragmentos. Então, hoje em dia, preservar é uma questão de saúde pública, não só de conservação, mas de saúde pública”, ressalta Artur Carreiro.