Amor bandido? Euller professa amor eterno a Jean, mas não é correspondido; relatórios sobre arapongagem foram informados há mais de 40 dias ao governador
Para muita gente faltou energia ao governador João Azevedo no episódio gravíssimo da arapongagem flagrada nas proximidades do gabinete do secretário Jean Nunes, o que enturva ainda mais a situação, já que o governador teria sido alertado por informações da inteligência do secretário para essa atividade, que teria como alvos principais, Jean e provavelmente o próprio João.
A figura do agente surpreendido em confessada missão secreta seria uma espécie de cereja no bolo, que coroou o trabalho discreto, porém, eficiente da inteligência que abastece o secretário.
A aproximação indesejada do agente, em área considerada de segurança máxima, trouxe a prova material para aquilo que a inteligência do secretário já havia identificado e alertado em relatório confidencial, o que coloca por terra a argumentação melosa do coronel Euller de passar para a opinião pública um entrosamento e uma harmonia que estão longe de existir na cúpula da segurança, onde a desconfiança prospera desde quando Claudio Lima era secretário e o coronel Euler comandante.
Em um ambiente onde um espião é flagrado e existem relatórios oficiais apontando uma atividade sorrateira de violação da privacidade alheia, não pode ter veracidade muito menos sinceridade o alarido lamurioso promovido pelo Comando da PM, enaltecendo a cooperação e o entrosamento entre as corporações.
Querer atribuir a um “agente isolado” toda responsabilidade para a existência de uma rede de arapongagem atuando dentro do Estado seria querer que um velho acreditasse no Papai Noel, e, nem o mais imbecil dos idosos acreditaria a não ser que vista farda e trabalhe para o coronel Euller.
Em nenhum momento de sua lacrimosa participação nos espaços de rádio que ocupou ontem, o coronel desfez os fatos, amplamente consubstanciados pela denúncia do secretário – em princípio considerada fantasiosa pelo açodado tenente-coronel Tibério; e nem o esforço despudorado do comandante para desmerecer a versão de arapongagem conseguirá apagar os relatórios confidenciais da Secretaria já informados ao governador.
O que complica a vida do comandante Euler são os relatórios, detalhados, minuciosos, apontando a movimentação suspeita de supostos militares, operando clandestinamente em setores do Governo, e com sintomas de já ter se estendido para os demais poderes, o que ensejaria a participação do MPF, pelas vinculações, já identificadas, com o grupo criminoso que vem sendo investigado e desbaratado pelo Gaeco.
O que agrava também o episódio é que a denuncia foi formulada pelo Secretário de Segurança Publica que, em nenhum momento, avalizou as declarações de amizade eterna tão enfatizada pelo comandante, o que deu certo com Claudio Lima, mas parece ainda não ter sensibilizado Jean Nunes.
Outro aspecto que chama a atenção para esse lamentável episódio de arapongagem grotesca seria a tolerância do governador em relação aos fatos já que, inteirado dos relatórios e da gravidade do conteúdo dos mesmos pelo secretário há apelo menos 40 dias.
Nessa altura dos acontecimentos, para manter preservada a intimidade do Poder e resguardada sua autoridade de governador, João terá que afastar alguém: ou o secretário por denúncias fantasiosas, beirando ao delírio como frisou o subalterno do coronel; ou o coronel por suspeito de acobertar uma rede de arapongagem, identificada pela inteligência da Segurança Pública e que, em um passado recente culminou com a prisão do filho de Claudio Lima, um fato ainda não esquecido pelo então delegado Jean Nunes e hoje secretário desconfiado de estar sendo vítima das mesmas armações.
Não seria os opositores, muito menos a mídia que flagrou um espião nas proximidades do gabinete do secretário, e não seria apenas o fato da prisão, rapidamente relevada pelos superiores do agente, que causou todo rebuliço: foram informações, encaminhadas para o governador pelo secretário da Segurança revelando movimentação clandestina de escuta e monitoração.
O que vem agravando o fato são os relatórios, repassados para o secretário e entregues ao governador há mais de 40 dias, apontando toda essa atividade clandestina que veio à tona na última quinta-feira e que coloca em xeque sua autoridade e em risco a privacidade de sua gestão onde nem o secretário de Segurança Pública escapa quanto mais o cidadão comum.
Um fato que reporta as lembranças do secretário ao tempo de Claudio Lima seria que, a arapongagem também estaria tendo por alvo sua esposa, aspecto que irritou e indignou profundamente o secretário por ver sua família envolvida em situação tão abjeta
Há precedentes: com a palavra, Cláudio Lima e o filho Felipe.