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Frota de veículos aumenta 33% nos últimos oito anos, em João Pessoa

Nas redes sociais, um assunto que se tornou frequente entre os pessoenses é a mobilidade urbana. É comum viralizarem vídeos que mostram carros em longas filas, seja na estrada em direção ao Litoral Sul ou ao interior do estado, seja em avenidas da capital ou em vias da Região Metropolitana. Esse aumento no fluxo do trânsito é comumente atribuído à alta do turismo, tendência que deve seguir neste ano, e ao crescimento da frota veicular. De acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito da Paraíba (Detran-PB), até novembro de 2024, João Pessoa possuía uma frota de 473.154, dos quais cerca da metade (49,6%) são de automóveis. Já em 2016, primeiro ano da série histórica do Detran-PB, havia 355.132 veículos na capital paraibana. O crescimento, portanto, foi de 33,2%, no intervalo de oito anos.

O burburinho em torno do aumento de veículos que circulam pela cidade levou até a cantora e ex-BBB Juliette a se manifestar nas redes sociais, em dezembro do ano passado. Em um vídeo, ela assumiu ser responsável por aumentar a visibilidade de João Pessoa, atraindo mais turistas, e pediu desculpas aos moradores da capital. Tudo em tom de brincadeira, claro. “Eu estou ‘cansada’ de vocês me culparem pelo trânsito da cidade, pela quantidade de gente e de turistas. Eu errei tentando acertar. E juro que só quis mostrar para todo mundo o quanto nossa cidade é maravilhosa, porque de fato é”, comentou.

Para tornar o trânsito da capital e da Região Metropolitana mais fluido, o Governo do Estado tem executado diversas obras de mobilidade urbana, com investimentos totais de aproximadamente R$ 1,5 bilhão. Uma delas é o Arco Metropolitano de João Pessoa, que vai interligar a BR-230 e a BR-101. Outro empreendimento de destaque é o complexo rodoviário da Ponte do Futuro, entre as cidades de Cabedelo, Santa Rita e Lucena. O projeto consiste na construção de duas pontes e de um viaduto, além do prolongamento da PB-011 e da adequação de PB-025 até o entroncamento da BR-101.

O titular da Secretaria de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag), Gilmar Martins, explica o impacto que as duas obras devem trazer para o tráfego urbano. “Um transporte de cargas só vai entrar em João Pessoa se o destino final não for o Porto de Cabedelo. Se é uma empresa estabelecida aqui na cidade, que está comprando determinado produto para o seu estoque, é natural que o caminhão entre para fazer a entrega. Mas, se eu estou falando de um produto que vem de Pernambuco, do Rio Grande do Norte ou de outros estados, com destino ao Porto de Cabedelo, ou vice-versa, naturalmente esses caminhões vão percorrer o Arco Metropolitano e a Ponte do Futuro, porque vai ser mais rápido e o trânsito é muito mais leve. E, à medida que você diminui o fluxo de veículos pesados [na cidade], sobra mais espaço para veículos de passeio”, aponta o secretário.

Ainda segundo Gilmar, a preocupação dos moradores com a intensificação do tráfego, por causa do turismo, é válida, mas o aumento relacionado à vinda de visitantes é sazonal. “A gente tem que separar os momentos de pressão no serviço de transporte, no período de alta estação, do período que não tem o turismo mais intenso. Isso é natural, independentemente do local no mundo a que você vá. Mas, eu acredito que nós estamos vivenciando essa transformação [da alta do turismo] e temos que entender como um impacto positivo, porque traz dividendos, gera empregos e melhora a renda das pessoas. Por isso, as obras [do governo] têm mais preocupação com o cotidiano da população”, defende o gestor.

COORDENADA – Obras urbanas

A infraestrutura viária na área urbana João Pessoa também é alvo de investimentos estaduais que buscam prepará-la para o aumento da frota veicular. Alguns exemplos listados pelo titular da Seplag são o Viaduto de Água Fria, que deve facilitar o trânsito entre os bairros do Cristo e José Américo e melhorar o fluxo na BR-230; o viaduto entre o Bairro das Indústrias e o Costa e Silva, no cruzamento com a BR-101; e a ponte interligando o Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) e o bairro Altiplano Cabo Branco. Ainda há a Ponte das Três Ruas, entregue no final do ano passado, que desafoga o tráfego nos Bancários, conectando o bairro à Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

A construção da ponte entre os Bancários e a UFPB, aliás, foi acompanhada pelo Parque Linear das Três Ruas, obra conduzida pela Prefeitura de João Pessoa. Também sob responsabilidade do governo municipal, está a requalificação da Avenida Hilton Souto Maior, cuja capacidade viária será ampliada em 50%, além de haver a inclusão de novas ciclovias. Segundo Ayrton Falcão, titular da Secretaria de Planejamento (Seplan) da capital, a gestão ainda deve requalificar a Avenida Juscelino Kubitscheck, no bairro Ernesto Geisel, e trabalha com projetos de implantação de viadutos na Avenida Ministro José Américo de Almeida, conhecida como Beira-Rio, a fim de melhorar o acesso aos bairros Miramar, Altiplano e Cabo Branco.

Outro empreendimento em curso é o Projeto Orla Sul, que busca requalificar e duplicar os acessos para as praias do Sol e Barra de Gramame. “[A obra] está com ritmo avançado e estará brevemente estabelecendo, em definitivo, uma grande melhoria em termos de mobilidade naquela região, com a duplicação de sua carga viária, novas ciclovias e calçadas, iluminação e urbanismo. Esse sistema viário será fundamental para o desenvolvimento turístico e econômico da orla sul de nossa cidade”, comentou Ayrton, em entrevista concedida na última quinta-feira.

COORDENADA – Outras alternativas e os desafios do crescimento populacional

As soluções para a mobilidade urbana de João Pessoa não abarcam apenas o tráfego de veículos de passeio, mas contemplam o transporte público como uma opção para o deslocamento interno. Por isso, os Executivos estadual e municipal, em conjunto com a Agência Francesa de Desenvolvimento, irão executar o projeto de BRS (sigla, em inglês, para Serviço Rápido de Ônibus), que deve contar com ônibus elétricos, com Wi-Fi e de menor impacto ambiental. 

Com um orçamento de R$ 400 milhões, as obras devem incidir sobre 550 mil viagens diárias, por meio da construção de quatro corredores exclusivos de transporte. Eles serão instalados nas avenidas Epitácio Pessoa e Dois de Fevereiro – ambos sob responsabilidade da Prefeitura de João Pessoa – e nas avenidas Pedro II e Cruz das Armas – esses, a cargo do Governo do Estado. Cada trajeto contará com um terminal de integração, e a administração estadual ainda vai construir uma quinta estrutura, o Terminal Metropolitano, localizado no Varadouro. 

Os impactos do BRS sobre o trânsito tendem a ser positivos, já que podem tornar o transporte público uma alternativa mais atraente aos moradores do que o embarque em carros de aplicativo ou mesmo o uso de veículos próprios. É o que explica Gilmar Martins. “Com o investimento em transportes de massa, a gente tem a expectativa de que as pessoas pensem: ‘eu tenho um sistema de transporte na região urbana de João Pessoa, que me permite deslocar rapidamente, por vias exclusivas, de um bairro para outro’. Assim, o pessoal vai fazer as contas e concluir que é melhor pegar esse ônibus, que vai ofertar um serviço de qualidade, do que buscar um carro de aplicativo, e a gente reduz o trânsito de veículos nas ruas de João Pessoa e na Região Metropolitana”, antevê.

De acordo com o gestor da Seplan, as iniciativas voltadas à mobilidade urbana são elaboradas a partir das projeções de crescimento populacional constantes no Plano Diretor. Outro desafio enfrentado é tornar as vias mais acessíveis e estimular outras formas de transporte na cidade. “Buscamos criar soluções que incentivem a mobilidade ativa, como o uso de bicicletas e o deslocamento a pé. Além disso, é fundamental melhorar a acessibilidade em todas as regiões da cidade, com atenção especial aos bairros em expansão. O programa Minha Rua Calçada, que deverá pavimentar 100% das ruas até o final da gestão e é capitaneado pela Seinfra [Secretaria de Infraestrutura], tem sido fundamental para melhorar essa acessibilidade, pois entrega à população ruas pavimentadas, com iluminação e calçadas acessíveis”, afirma Ayrton.

 

Texto de João Pedro Ramalho para o Jornal A União deste domingo, 12/1

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