Fufuca diz que PP segue independente, um dia após ser empossado ministro de Lula
Ele assumiu a pasta nesta quarta-feira (13), após Lula fazer mudanças na Esplanada –e demitir a ex-atleta Ana Moser do comando do Esporte– para abrir espaço para o centrão no primeiro escalão do governo.
“O PP continua independente, até porque PP tem membros que não votam com o governo, são membros de oposição. Mas, da nossa parte e da ampla maioria da Câmara Federal, nós estaremos ajudando o governo naquilo que for melhor para o país e iremos continuar ajudando, como já vínhamos fazendo”, afirmou o novo ministro em entrevista à Folha.
Fufuca declarou que a decisão de manter o PP independente foi do presidente da sigla, Ciro Nogueira, que foi ministro da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro (PL).
“A questão da institucionalidade do posicionamento partidário não é minha, é do presente do partido”, justificou Fufuca.
Apesar disso, a maioria da bancada do PP, segundo ele, vai votar a favor dos projetos de interesse de Lula.
Fufuca assumiu o cargo em cerimônia no Ministério do Esporte nesta quarta em evento sem a presença de Ana Moser. “Ela deve ter tido alguma questão pessoal que a inviabilizou de vir. Mas eu continuo admirando ela.”
A ex-atleta virou alvo do centrão quando deixou as emendas parlamentares travadas. O Ministério do Esporte ficou com mais de R$ 200 milhões em recursos herdados das antigas emendas de relator —bilhões de reais que Bolsonaro deixou nas mãos do Congresso para ampliar sua base parlamentar.
No entanto a cota da pasta do Esporte só começou a ser liberada quando Fufuca já caminhava para assumir o comando da área. O Maranhão, estado do novo ministro, foi o mais beneficiado no primeiro lote de repasses para obras e projetos apadrinhados por deputados e senadores.
A partir de agora, Fufuca prometeu celeridade nesses recursos.
“Aqui no dia de hoje [quinta] a gente pediu total prioridade nas demandas parlamentares. Emendas parlamentares, demandas de municípios e de estados, isso não dá para ficar simplesmente arquivado em uma gaveta ou esperando a boa vontade de quem quer que seja”, afirmou.
Segundo ele, há cerca de R$ 400 milhões a serem priorizados, pois isso inclui verba de emendas de anos anteriores cujos recursos ainda não chegaram aos municípios.
No início das negociações da reforma ministerial, integrantes do PP defendiam que o partido ganhasse o Ministério do Desenvolvimento Social, que cuida do Bolsa Família, e tem um orçamento maior que o da Saúde e da Educação.
Fufuca minimizou a demora nas tratativas e o fato de ter ficado com a pasta do Esporte.
Ele afirmou que o governo chamou o PP para fazer parte da Esplanada. “E o espaço que foi externado para a gente foi o espaço do Esporte”, completou.
Aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Fufuca era líder do PP na Câmara antes de se tornar ministro de Lula. Ele nega que tenha negociado o cargo sem apoio e aprovação dos representantes do PP na Casa. “De nenhuma forma foi uma decisão pessoal, foi uma decisão coletiva.”
Enquanto negociam ministérios no governo Lula, as cúpulas de PP e Republicanos buscam manter pontes com o bolsonarismo. A estratégia é deixar portas abertas com os dois campos políticos à espera de qual será o melhor rumo a ser tomado de olho nas eleições e na correlação de forças no Congresso.
PP e Republicanos integraram formalmente a base de apoio do governo Bolsonaro. Ambas as siglas, porém, têm alas que se alinharam a Lula desde a campanha presidencial do ano passado.
Em público, Ciro Nogueira e o deputado Marcos Pereira (SP), que preside o Republicanos, classificam os partidos como de direita, rechaçam a participação no governo e afirmam que as siglas continuarão independentes.
Ambos, porém, avalizaram a costura dos acordos para Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) e André Fufuca assumirem as pastas.
Transcrito da Folha de S. Paulo
Foto: Ricardo Stuckert/PR